A Formação do leitor para a consolidação do processo de alfabetização

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Em palestra realizada em 16 de agosto na 22a Bienal do Livro de São Paulo no estande da Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros), Maria do Pilar Lacerda, diretora da Fundação SM, falou sobre a formação do leitor para a consolidação do processo de alfabetização.

A Profª.  Maria do Pilar Lacerda abriu sua palestra mostrando a evolução do IDEB nos anos iniciais do Ensino Fundamental e como é importante a formação dos professores para lecionarem nesta etapa do EF. Abordou o debate curricular, através de uma citação do Professor Antônio Nóvoa, sobre  o que deve ser ensinado nas escolas: “vale a pena ser ensinado tudo o que une e tudo o que liberta. Tudo o que une, isto é, tudo o que integra cada indivíduo num espaço de cultura e de sentidos. Tudo o que liberta, isto é, tudo o que promove a aquisição de conhecimentos, o despertar do espírito científico. […] e tudo o que torna a vida mais decente” Ou seja, direito à educação significa direito à aprendizagem e isto deve ser o ponto de partida de qualquer professor: não culpar o aluno pela não aprendizagem e organizar formas pedagógicas, coletivamente, para garantir que todos aprendam. Por isto, a importância de se ouvir o relato das duas professoras premiadas. E para garantir que todos aprendam, é preciso: não deixar alunos para trás em seu desenvolvimento escolar;  não aumentar as diferenças induzidas por outras estruturas existentes em nossa sociedade; não atribuir o baixo rendimento às características socioeconômicas dos alunos; considerar que as políticas e práticas de cada escola podem fazer muita diferença no aprendizado de seus alunos.


Para demonstrar a importância de professores dedicados nesse processo, a Fundação SM convidou duas professoras com projetos premiados na 5ª edição do Prêmio Professores do Brasil (2011) para contarem suas experiências e resultados: a professora Adriana Maria de Sousa Espinhara Santa Cruz, da EMEIEF Brisa Nunes Braz, da cidade de Monteiro, na Paraíba, com o projeto “Vivendo a imaginação” e a professora Isabel Cristina Casimiro Verzenhassi, da escola EMEIEF Pastor Ismael Pereira Lago, da cidade de Limeira, em São Paulo, com o projeto “Pequenos contadores de história” ambos vivenciados com turmas dos primeiros anos do ensino fundamental.


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O Projeto “Vivendo a imaginação”, apresentado pela professora Adriana, nasceu da vontade de melhorar a participação de sua turma em sala de aula, pois eram todos muito tímidos e passivos.  A ideia era trabalhar com poesias desenvolvendo a oralidade, a criatividade e o incentivo a leitura espontânea e o hábito de ouvir com atenção para ler com a entonação necessária.  As crianças foram apresentadas às poesias em forma de texto, ilustrações, conheceram a biografia dos autores, fizeram passeios para conhecer a história de autores da região. No final do processo, a turma antes quietinha, tornou-se mais participativa, interessada e o processo de alfabetização foi beneficiado.  E a professora comentou: “Este ano, a nova professora que herdou essa turma comentou que ela não pode falar de um autor, uma poesia, que eles dão aula para ela sobre o assunto”.


Mudei a minha forma de pensar e principalmente de agir, onde antes acreditava apenas que não dependia de mim, o desenvolvimento do meu aluno, sem que o mesmo não queira. Hoje percebo que cabe a mim no papel de educador, tentar penetrar e vivenciar esta magia do mundo infantil, a transparência da criança, na sua inocência, para que dessa forma cumpra a importante e significante tarefa de estimular e preservar o espírito da curiosidade e do prazer proporcionado pela descoberta, durante a fase especial e transitória que é a infância, quando isso ocorre, o educador não está simplesmente ensinando, mas trabalhando o desconhecido que mora dentro de cada um e criando condições para que a criança realmente aprenda.” (Professora Adriana Espinhara).


O projeto “Pequenos contadores de história”, apresentado pela professora Isabel, foi elaborado com as crianças de sua turma do terceiro ano, na faixa etária de 7 a 8 anos, durante uma roda da conversa para levantamento do que gostariam de aprender durante o ano letivo. Um dos itens levantado foi ouvir e contar histórias de maneiras diferentes. Neste projeto, os alunos com a ajuda da professora tiveram a oportunidade de trabalhar com diferentes tipos de textos, imagens e outras fontes de pesquisa, para a obtenção de informações sobre como contar histórias e sobre recursos que poderiam utilizar melhorando a comunicação, atenção, iniciativa e, principalmente, a segurança. Dele surgiu um blog (www.pequenoscontadoresdehistoria.blogspot.com), as crianças apresentaram suas histórias para outras turmas, tinham responsabilidades de buscar material na biblioteca para montagem do caderno/pasta coletiva, fizeram produções de texto de cartas, convites, propaganda, escolha de imagens, decisões sobre o visual do blog, fizeram passeios como o da visita à Casa Encantada, onde puderam conhecer Pif e Paf, contadores de histórias e contar uma história para eles.


“Esse projeto possibilitou o desenvolvimento a imaginação, auxiliou as crianças a organizarem o discurso, através da coerência e da normalidade, além da segurança, passaram a se interessar mais pela leitura, nos seus diversos estilos. Enfim, conseguiram desenvolver-se pessoalmente apresentando maior independência, iniciativa, grande respeito pelos colegas com espírito de solidariedade e cooperação, autoconfiança, olhar critico, além do grande enriquecimento do vocabulário, interesse por ler e compreender dentro e fora da escola e produzir não só para eles como para divulgar e registrar o que já sabem.  Concluo que o meu principal objetivo foi alcançado, pois pude perceber a evolução dos alunos; isso acontece quando não nos preocupamos em alfabetizar pura e simplesmente, mas preocupamo-nos em alfabetizar letrando. Percebi o envolvimento dos meus alunos através de seus olhos e expressões sempre querendo mais; percebi como posso e faço a diferença com meu trabalho. Pude sentir como as crianças foram tendo oportunidade de pensar, perguntar quando surgiam dúvidas na leitura, na pesquisa, contação de história e na escrita espontânea. Percebi meus alunos descobrindo o novo, independente de qualquer seqüência planejada.” (professora Isabel Verzenhassi)


 

 

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