Viva(mos) a leitura!

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Há no Brasil, de acordo com o Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional (Inaf), 16 milhões de analfabetos absolutos, com 15 anos ou mais (9% da população). Os estudos apontam, ainda, que só um terço dos brasileiros domina os princípios básicos de leitura e da escrita. Os outros 66% lêem, mas não entendem sequer textos simples. Dados revelam a necessidade de se investir na melhoria da qualidade do ensino para recuperar o tempo perdido e colocar o País no circuito das idéias contemporâneas, entre as quais se destaca a luta pela universalização da cidadania. Urge a formação de uma sociedade leitora.  
 
A leitura é um dos meios que o indivíduo tem de se comunicar com o mundo, de ter contato com novas idéias, pontos de vista e experiências que talvez sua vida prática jamais lhe proporcionasse. Não ler traz prejuízos que vão desde o desenvolvimento pessoal e profissional até a ampliação das desigualdades sociais. O Brasil é um país que lê pouco, mas que tem grande potencial para se tornar uma nação de leitores. Segundo o Inaf, 67% dos brasileiros se dizem interessados pela leitura.  
 
Conforme o Ministério da Cultura, o Brasil tem a maior indústria editorial da América Latina com excelente nível de produção editorial, parque gráfico atualizado e grande produção de papel. Se é assim, por que não lê? Não lê pela dificuldade de acesso ao livro e pela falta de bibliotecas e de livrarias. Calcula-se que 73% dos livros no País estejam concentrados nas mãos de 16% da população. Em cerca de 1 mil municípios, nos quais vivem 14 milhões de pessoas, não existem bibliotecas públicas; em 89% deles, não há livrarias.  
 
Para reverter esse quadro, o Ministério da Cultura, com a participação do Ministério da Educação, tem impulsionado o Programa Fome de Livro, apoiado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil. Uma das novidades é a desoneração da comercialização e importação de livros, o que resultará em uma redução estimada de 10% nos preços. O Fome de Livro enfatiza ainda a importância das bibliotecas públicas e o desenvolvimento de parcerias e programas voltados à promoção da leitura.  
 
O programa é um importante passo rumo à democratização da leitura no Brasil, mas tem pontos que merecem atenção: o primeiro é a necessidade de capacitar professores para que apresentem a leitura aos alunos como uma atividade prazerosa; deve-se ainda garantir que as bibliotecas escolares tenham livros não apenas em quantidade adequada, mas também diversificados, que permitam ao aluno escolher a leitura com a qual se identifica. E os livros eletrônicos, também chamados e-livros, e disponíveis em CD-Rom ou na internet, também mereceriam ter sido contemplados pelo programa já que as novas tecnologias são potenciais meios de democratizar o acesso à informação.  
 
Este ano foi escolhido pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) como o Ano Ibero-Americano para a Leitura. Países de todo o continente dedicarão esforços para cumprir um amplo calendário de eventos e metas, com o objetivo de aumentar a média de livros lidos anualmente por habitante. No Brasil, o Ministério da Cultura, em parceria com a Unesco e a Caixa Econômica Federal, lançou o “Viva Leitura“, para coordenar a realização dessa agenda. Esforcemo-nos para saciar uma fome que, idealmente, deve ser insaciável. Que os livros migrem das estantes para as mãos de muitos leitores. Afinal, uma política de educação para todos requer também livros para todos. 
 
Jorge Werthein – Representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil 

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