Unicef: desigualdade vem do berço no Brasil

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As chances de uma criança no Brasil sobreviver, crescer em uma casa com água potável e estudar em vez de trabalhar dependem de onde ela nasce, de quanto ganha sua família, da cor da sua pele e, principalmente, dos anos de estudo da sua mãe. O relatório “Situação da infância e adolescência brasileiras“, divulgado ontem pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mostra que a desigualdade atinge as chances de uma criança antes mesmo de ela nascer. “O Brasil não é um país pobre, mas um país injusto“, diz o relatório. Cruzando dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Unicef descobriu que crianças cujas mães têm pouco estudo correm sete vezes mais riscos de serem pobres quando comparadas aos filhos de mulheres com boa escolaridade. A educação dessas crianças é duramente afetada: elas têm 23 vezes mais possibilidade de não serem alfabetizadas e 11 vezes mais de não freqüentarem a escola. O risco de trabalharem é ainda quatro vezes maior.  
 
E preciso assegurar que todas as mulheres tenham acesso à educação. Está provado que quanto maior for o grau de escolaridade das meninas, menor será o índice de mortalidade infantil e melhor será a vida de seus filhos disse a representante do Unicef no Brasil, Reiko Niimi. Pelo relatório, cada quatro anos de estudo da mãe correspondem à redução de 20 pontos na pobreza das crianças e dos adolescentes, sendo que os primeiros quatro anos são os que causam o maior impacto. “O investimento em políticas dirigidas às mulheres, pelos resultados que apresenta, merece o entendimento de que se trata de algo fundamental“, diz o relatório. Risco maior para crianças negras. Se a criança for negra, os riscos sociais que corre são ainda maiores quando comparados com os problemas que enfrentam crianças brancas. Segundo o relatório, crianças negras têm duas vezes mais chances de morar em casa sem abastecimento de água, duas vezes mais chances de serem pobres e de não freqüentarem a escola e três vezes mais chances de não serem alfabetizadas.  
 
As disparidades entre as regiões Norte e Nordeste em relação às regiões Sul e Sudeste também ficam ainda mais evidentes. Apenas pelo fato de nascer no Nordeste, uma criança tem quatro vezes mais chances de morrer antes de completar 1 ano, 16 vezes mais de ficar analfabeto e 55 vezes mais de morar em uma casa sem esgoto. No Maranhão, 75% das crianças e adolescentes são pobres, enquanto em São Paulo, esse índice é de 22%. Uma criança maranhense corre um risco mais de três vezes maior do que uma paulista de ser pobre. Reiko Niimi destacou que o Brasil tem experiências de sucesso em diversas áreas, mas que precisa espalhar essas práticas pelo país: Não se pode esperar mais. O Brasil tem metas para garantir a igualdade para crianças e adolescentes. O Brasil, assim como outros 193 países, comprometeu-se com a ONU a cumprir oito pontos de uma agenda de desenvolvimento, chamada de Metas do Milênio, até 2015. Entre elas estão a erradicação da pobreza e da fome, a universalização do ensino básico, a igualdade entre homens e mulheres, a redução da mortalidade infantil e a melhoria da saúde materna. Para alcançá-las, o Brasil precisa superar as iniqüidades que ainda fazem diferentes as oportunidades para crianças e adolescentes disse Reiko.  
 

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