Unesco pede a ricos e pobres mais dinheiro para educação

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

BRASÍLIA – O encontro do Grupo de Alto Nível de Educação para Todos, promovido pela Unesco, terminou no dia 10 de novembro com uma advertência a todos os países, pobres e ricos: falta dinheiro para que as metas de Educação para Todos sejam atingidas, mas também falta comprometimento com melhor gerenciamento e transparência. Depois de concluírem que os países ricos estão doando menos do que deveriam, os ministros presentes ao encontro admitem que falta, também, investimento próprio das nações mais pobres.  
 
“Há espaço para um incremento nos investimentos das nações mais pobres e uma maior responsabilidade nas ações“, disse a ministra da Cooperação da Suécia, Carin Jamtin, no fim do encontro. A avaliação da Unesco é de que o investimento ideal por país deve equivaler a 6% do Produto Interno Bruto (PIB). Boa parte dos países que precisam melhorar seus indicadores não chegam a isso.  
 
O Brasil é um exemplo. O investimento hoje é de 4,2% do PIB. De acordo com o Relatório de Monitoramento Global da Educação para Todos, boa parte desse investimento não é usada na educação primária. Esse nível de ensino receberia o equivalente a apenas 1,2% do PIB. Na América Latina e Caribe, dentre 28 países que forneceram dados ao relatório, 20 estão abaixo dos 6% do PIB em investimento na área.  
 
O relatório final do encontro cobra, ainda, que se encontrem formas novas de financiamento à educação, sob o risco das metas propostas pela Cúpula de Dacar, em 2000, não serem cumpridas. Entre as alternativas a serem discutidas está a possibilidade de alívio das dívidas internacionais e a troca do pagamento de juros por investimento em educação. “Mas cada país tem as suas necessidades e essas alternativas devem ser analisadas para verificarmos o que é melhor em cada caso“, disse Carin.  
 
O ministro da Educação, Tarso Genro, concorda que os países em desenvolvimento precisam aumentar seu investimento em educação. Especialmente no caso brasileiro, Tarso afirmou que não há necessidade de doações. “Doações são para países realmente pobres. O Brasil não é um país pobre. O que precisamos é de um orçamento vinculado e de financiamento para projetos de vanguarda, que possam ser desenvolvidos aqui e repassados para o resto do mundo“, disse.  
 
O investimento na formação e contratação de professores foi outro ponto reforçado pelos ministros. “Ficou claro que, para cumprirmos as metas de Educação Para Todos precisamos de bons professores em número suficiente“, disse o diretor geral da Unesco, Koichiro Matsuura.  
 
Cálculos da organização mundial Internacional da Educação apontam que o déficit de professores qualificados no mundo pode chegar a 12 milhões. Só no Brasil, nas áreas de ciências, esse déficit pode chegar a 250 mil.  
 
ENCONTRO  
 
O próximo encontro de Alto Nível será em 2005 na China. Depois disso, em setembro, a Assembléia Geral das Nações Unidas reúne-se em Nova York para avaliar o cumprimento das metas do milênio – um conjunto de objetivos, também para 2015, que inclui algumas das metas de educação, mas vai além disso. No passo atual, o que o mundo vai mostrar no ano que vem é ruim. As metas de educação não devem ser cumpridas e comprometem o atingimento de outras, como mortalidade infantil.  

Menu de acessibilidade