Há mais estudantes do sexo feminino do que masculino nos ensinos médio e universitário brasileiros. Mas quando se trata de emprego, salários e posições gerenciais, as mulheres ainda não conseguiram transformar a superioridade acadêmica em igualdade com o sexo masculino. Esta conclusão está no Relatório de Acompanhamento Global da Educação para Todos 2003/2004, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no dia 6, em Brasília.
O levantamento mostra as disparidades e desigualdades de gênero na educação nos países da América Latina e Caribe e os progressos alcançados pelos governos no ensino, na década de 90. O documento atribui as diferenças de oportunidades à escolha, pelas mulheres, de áreas consideradas femininas, como educação, ciências sociais, humanidades, saúde e cursos relacionados a serviços. Essas opções, segundo o relatório, não aumentam significativamente as chances das mulheres se igualarem aos homens nas oportunidades de trabalho.
O Brasil está numa posição privilegiada. A Unesco destaca que o País atingiu a paridade antes de 2000, sendo um exemplo a ser seguido. De 1990 a 2000, a expectativa de permanência de mulheres brasileiras na escola passou de 9 anos para 13,6. No mesmo período, os homens passaram de 9,5 anos para 13,1 anos. A taxa de alfabetização de jovens mulheres, entre 15 e 24 anos, passou de 93,1%, em 1990, para 96,7% em 2000. Segundo projeções, 98,9% das mulheres nesta faixa etária devem estar alfabetizadas em 2015, contra 96,2% dos homens.
Para eliminar totalmente as disparidades entre gêneros até 2005 – conforme compromisso assumido no Fórum Mundial de Educação de Dacar – o Brasil precisa melhorar sua performance na educação fundamental de meninas, único índice escolar que apresenta um número inferior de estudantes do sexo feminino em relação ao masculino. O relatório sugere ação contra a pobreza, a redução de custos diretos e indiretos da escola para as famílias e o combate ao trabalho infantil.
A Unesco ressalta que a maioria dos países da região entendeu a importância da educação e transformou-a em prioridade. A taxa de matrícula aumentou de forma constante na última década. A educação infantil passou de 42%, em 1990, para 63%, em 2000. A paridade na educação pré-primária já foi atingida por quase 80% dos países com dados disponíveis.
O relatório propõe investimento maior na educação e mais eficiência na aplicação dos recursos. “Metade dos países com dados disponíveis estava gastando menos que 4,5% do PIB em educação em 2000”. A instituição observa que este índice é superior à média dos países em desenvolvimento, porém inferior aos 5,3% do mundo desenvolvido.