Sucesso editorial independe do tamanho

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Das 510 editoras ativas no Brasil (que lançaram 5 títulos no último ano ou tiveram tiragens de mais de 10 mil exemplares), 420 são micro ou pequenas, com faturamento anual de até R$ 1 milhão, segundo um levantamento feito pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Apenas 13 editoras no País faturam mais de R$ 50 milhões. “É uma tendência mundial, porque este trabalho exige muito mais talento do que grandes estruturas“, diz Marino Lobello, vice-presidente de comunicação e marketing da CBL. “O editor precisa conhecer o ramo, ter contatos para saber o que vem por aí e sensibilidade para apostar no que vai dar certo.“  
 
Essa sensibilidade (e também um pouco de sorte) auxiliou na consolidação da W11 Editores. Em 2002, ao buscar autores polêmicos para compor um selo, o publisher Wagner Carelli encontrou um livro que ficou proibido por algum tempo nos EUA por criticar George W. Bush na época do 11 de setembro: Stupid White Man, de um tal Michael Moore. “Estava procurando os direitos de outro autor, mas ao me deparar com esse, achei que tinha o ar polêmico que eu buscava“, lembra Carelli. “Fiz uma oferta, e para minha surpresa, nenhuma outra editora no Brasil havia se interessado. Logo que o livro saiu, em 2003, Moore ganhou o Oscar, passou a aparecer na mídia todo o tempo e o livro entrou para a lista dos mais vendidos.“ Hoje, a editora tem uma linha especializada em livros anti-Bush e acabou de conseguir os direitos para publicar obras da ganhadora do prêmio Nobel, a austríaca Elfriede Jelinek. “Nossa empresa tem dois anos e vai publicar um prêmio Nobel“, comemora Carelli.  
 
Ter uma obra na lista dos mais vendidos não é mesmo exclusividade das grandes editoras. “A Sextante cresceu muito após o Código da Vinci“, comenta Lobello, da CBL. A editora Códex também está comemorando seu primeiro best-seller, o livro érrimo, de Glória Kalil. O editor Alberto Quartim de Moraes, que já havia trabalhado na editora Senac, conseguiu trazer alguns autores para a nova empresa, como Nuno Cobra e Saul Galvão (que assina as críticas gastronômicas do Estado).  
 
“Um livro não concorre com outro. Talvez os dicionários“, diz Quartim. Ele diz que, tendo um bom título e divulgação, uma empresa pequena vende tanto como uma grande. “A grande disputa está na hora de conseguir os autores ou direitos autorais. “Uma editora grande normalmente tem mais ´poder de fogo` para fazer ofertas.“  
 
PIS E COFINS  
 
Quartim diz que a lei aprovada em dezembro, garantindo que as editoras não precisam mais pagar o PIS e a Cofins, foi uma ajuda para o mercado de livros. “É uma medida pontual, mas vai influir de 3% a 5% em nossas despesas.“ Para Lobello, da CBL, a medida ajuda as editoras, o consumidor e a própria legislação nacional. “O governo Lula fez a lei ser cumprida. Segundo a constituição, livros são isentos de impostos. Porém, os governos inventaram contribuições que incidiam sobre eles.“  
 
Algumas editoras, porém, serão menos beneficiadas pela lei. A Bei Editora, por exemplo, comemorou a medida, mas não a aproveitará tanto por trabalhar com edições patrocinadas. “Claro que um crescimento no mercado é bom. Porém, nos beneficiamos mais das leis de incentivo à cultura e patrocinadores“, diz Rodrigo Arruda, diretor-comercial da empresa.  
 
A Bei lançou recentemente um guia do Brasil patrocinado pelo Unibanco. “Muitas editoras trabalham assim, montando projeto e oferecendo a empresas que tenham um perfil relacionado.“ Desse modo, diz Arruda, pode não lançar muitos títulos, mas garante uma edição caprichada. “Não medimos esforços para usar bom papel, uma bela capa e atingir qualidade internacional.“ 

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