Um projeto de lei no Congresso que propõe levar internet em alta velocidade às escolas públicas brasileiras reacendeu a discussão sobre o uso da tecnologia em sala de aula.
Para especialistas, a ideia de instalar banda larga é boa, mas não é garantia de que os conteúdos escolares serão transmitidos com mais qualidade. “Isso é o primeiro passo. Para ensinar a nadar, é preciso ter piscina. Mas só ela não significa nada”, explica o professor José Armando Valente, coordenador-associado do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied) da Universidade de Campinas (Unicamp).
Segundo ele, quando se fala em tecnologia na escola as ideias ainda estão muito ligadas a questões de infraestrutura, como acesso a equipamentos, laboratórios e conexão, e inclusão digital, que objetiva ensinar a mexer em computadores, usar softwares e hardwares. Já para ensinar conteúdos, a tecnologia deve ser um meio, não um fim.
É preciso ensinar como lidar com a tecnologia para o processo de ensino e aprendizagem. E isso tudo passa por uma figura central na escola: o professor.
Capacitar os docentes para fazer uso desses recursos é tão importante quanto dar a infraestrutura necessária. “Esse é o grande problema. E não é só no Brasil.
É em todo o mundo”, diz Valente. Ele ainda explica que as tecnologias são bastante recentes e mesmo países desenvolvidos, como Inglaterra e Finlândia, ainda têm modelos muito tradicionais de ensino. “É uma questão que depende de tempo para se alterar”, diz.
Para a professora Glaucia da Silva Brito, coordenadora pedagógica da área de Educação a Distância da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisadora do uso de tecnologias na educação, as próprias licenciaturas devem mudar para atender às necessidades da sociedade atual. “Hoje temos de ter consciência que a sociedade é tecnológica, e a escola tem que fazer parte disso. Mas ela está atrasada.
A própria formação dos professores tem que mudar. Está na hora de se pensar de forma diferente”.