Incluída pela primeira vez no calendário oficial de eventos da cidade de São Paulo, a Primavera dos Livros, organizada pela LIBRE, será aberta oficialmente, com a presença confirmada do Secretário Municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil. Além de autoridades convidadas das secretarias de Cultura e Educação do Estado e do Município, como Alexandre Schneider, Maria Lúcia Vasconcelos e João Batista de Andrade, Francis Parny, o vice-presidente para a Cultura da Região da Île-de-France, acompanhará Calil na abertura e, no sábado, participará de uma mesa com ele sobre “Políticas públicas para o livro: a diversidade em questão“.
Durante a mesa, serão anunciados vários pontos do convênio assinado pela Prefeitura de São Paulo com a Região da Île de France, visando a colaboração das duas na implementação de políticas de co-edição, estágios nos dois países e outras ações que visam a bibliodiversidade. Aproveitando a vinda para a Primavera dos Livros, Francis Parny e Anne Albertini participarão também do lançamento do primeiro volume da “Coleção Palco sur Scène“, Apenas o fim do mundo de Jean Luc-Lagarce, edição bilíngüe feita a partir da parceria da Região Île-de-France, Secretaria Municipal de Cultura, Consulado da França e IMESP. O lançamento será realizado dia 18/08 às 12h30 na Sala de Atualidades da Biblioteca Mário de Andrade (Rua da Consolação, 94 São Paulo SP, ao lado da estação Anhagabaú do Metrô tel. 3256-5270). A cerimônia oficial de abertura da Primavera dos Livros paulista acontece amanhã, dia 18 de agosto, às 19h no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000- Paraíso).
Feira grande para editoras modestas
O Estado de S. Paulo – Ubiratan Brasil
Em 2004, a feira não aconteceu por falta de recursos e, no ano passado, apesar do local agradável (o prédio da Oca, no Ibirapuera), financeiramente não foi satisfatória. Assim, a abertura hoje da 4ª Primavera dos Livros, no Centro Cultural São Paulo, tem o efeito de consolidação. “Fizemos um trabalho efetivo para mostrar como o evento é o sopro de renovação no cenário editorial brasileiro“, afirma Mary Lou Paris, editora da Terceiro Nome, uma das organizadoras da feira.
De fato, a Primavera dos Livros nasceu justamente com a finalidade de apresentar ao público editoras cujos catálogos se distanciam de certas facilidades mercadológicas. Neste ano, por exemplo, 90 expositores representando as chamadas médias e grandes vão apresentar seu catálogo diferenciado e com descontos que variam entre 20% e 40%. “São opções nem sempre encontráveis nas grandes livrarias“, diz Mary Lou. “Não promovemos lançamentos, pois nossos títulos sempre estão à disposição.“
Até domingo, o público esperado de 15 mil pessoas poderá conhecer gratuitamente uma programação que envolve debates, palestras e oficinas. E, ao contrário de outros anos, um escritor internacional de prestígio participa da festa: o poeta japonês Gozo Yoshimasu, que vai fazer uma apresentação performática de seus livros no domingo.
A Primavera, que tem como patrono neste ano Aziz Ab Sáber, é uma ação da Liga Brasileira de Editores (Libre), entidade formada por representantes de médias e pequenas editoras e disposta a oferecer seu produto de forma diferenciada das tradicionais bienais do livro. “Na Primavera, todos os estandes têm o mesmo tamanho, que são escolhidos por sorteio“, conta Mary Lou, lembrando ainda que a verba, enxuta (100 mil reais), exige planejamento para ser bem aplicada.
A feira dedica atenção especial aos profissionais de ensino. Assim, hoje, o evento está voltado exclusivamente aos profissionais do ensino. De amanhã a domingo, a Primavera estará aberta ao público em geral, que terá à disposição tanto conversas sobre folclore e cultura popular, com a oficina O Mundo Encantado do Saci, como sobre futebol, com o jornalista Juca Kfouri, que recentemente lançou seu primeiro livro infantil, O Passe e o Gol (Editora Papagaio), sem se esquecer das disciplinas escolares, como é o tema do Show de Física, em que uma apresentação preparada por cientistas do Instituto de Física da USP traz experimentos interativos que desvendam as riquezas do mundo da ciência.
Para os adultos, uma boa opção é a conversa com o cartunista Jaguar, no domingo, às 17 horas, que vai contar a história do jornal Pasquim e sua importância. O semanário, importante meio de resistência durante a ditadura militar, vem sendo recuperado pela editora Desiderata, que já publicou o primeiro volume a respeito de sua trajetória. Uma exposição com reprodução de capas do Pasquim da primeira fase também vai estar à disposição do público.
Além disso, estão previstas apresentações teatrais, como a leitura dramática de O Pai, escrita e interpretada por Cristina Mutarelli, no sábado, e Justine, do Marques de Sade, que será apresentada pelo grupo dos Satyros no domingo.
Paralelamente, o Centro Cultural São Paulo preparou a Mostra Cinema e Literatura, em que apresenta diariamente filmes inspirados em obras literárias. Neste fim de semana, por exemplo, serão apresentados filmes para gostos diversos, como O Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Geraldo Sarno, e Morte em Veneza, de Luchino Visconti.
Pela primeira vez, a Primavera dos Livros é incluída no calendário oficial de eventos de São Paulo. Ainda que tardio, um reconhecimento já feito pela prefeitura do Rio de Janeiro, cidade que recebe a feira logo em seguida. “Não podemos esperar muito, pois todo o transporte é feito por caminhões“, conta Mary Lou, festejando ainda um acordo a ser firmado pelo secretário municipal da Cultura, Carlos Augusto Calil, com o governo francês, que vai permitir uma série de intercâmbios. “Será algo que vai incentivar a diversidade da cultura.“
