Roriz veta livro acusado de preconceito racial

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BRASÍLIA – O livro Banzo, Tronco e Senzala está proibido na rede pública do Distrito Federal por ordem do governador Joaquim Roriz, que acatou pedido do senador Paulo Paim (PT-RS). “Esse livro trata a comunidade negra como macacos ou mortos-vivos“, protestou Paim, ao mostrar a Roriz um exemplar da obra escrita por Elzi Nascimento e Elzita Melo Quinta, publicado pela editora Harbra e com ilustrações de Negreiros.  
 
O senador recebeu de um pai denúncia contra o livro. O garoto, negro, de 10 anos, avisou em casa que não voltaria à escola porque o livro estudado na aula mostrava que seus antepassados eram traidores e macacos. “Qual é a auto-estima de uma criança negra quando recebe um livro que diz que, se seu povo um dia foi escravo, os culpados foram os negros e não os europeus da época, mercadores de escravos?“, questiona Paim.  
 
O governador mandou recolher os exemplares e recomendou também às escolas particulares que não o adotem. A obra não consta da lista de didáticos indicados pelo MEC nem pela Secretaria de Educação do DF.  
 
O ministro da Educação, Cristovam Buarque, ficou chocado com o livro: “O texto não é grande coisa, mas não incomoda. O que chama a atenção são as gravuras, que põem os negros como macacos.“  
 
O senador apresentará projeto de lei exigindo que os livros didáticos passem por um exame de qualidade, uma espécie de “Inmetro da educação“. “Se a carne tem selo de qualidade e até hotéis têm estrelas, como é que o livro, o coração da nossa formação, ou da deformação, não tem nenhum controle?“

O ilustrador Roberto Negreiros Faria Júnior, de 48 anos – e 30 de profissão -, rebateu as acusações de que os desenhos mostram os negros com traços de macaco. “Nunca fui acusado de ser mau desenhista“, disse. “Sei desenhar negros e sei desenhar macacos e se o senador quiser eu mostro a ele. Jamais faria um trabalho que pudesse ofender negros, judeus… Estão procurando pêlo em ovo.“

“Não sei se esse produto está servindo de instrumento para (impulsionar) um projeto do senador de criar uma equipe que diria o que poderia ou não ser publicado“, comentou Maria Pia. (Colaborou Marcos de Moura e Souza)
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