Ribeirão das Letras inaugura 40 bibliotecas

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Para incentivar e aumentar a leitura dos brasileiros não basta fazer campanhas. É preciso agir e criar meios para que os cidadãos comuns descubram esse prazer. Em breve, isso poderá ocorrer, caso o projeto da Lei do Livro, aprovado pela Comissão de Educação do Senado, de autoria do presidente da casa, José Sarney, também passe na Câmara dos Deputados. O projeto estabelece normas e incentivos para ampliar o acesso à leitura no País, obrigando a União, os Estados e os municípios a destinarem, anualmente, créditos em seus orçamentos para construir, manter e modernizar bibliotecas e criar outros programas, criando a Política Nacional do Livro. Em Ribeirão Preto, no entanto, isso não será novidade, já que desde 2001, na época em que o atual ministro da Fazenda, Antônio Palocci, era prefeito, existe a Lei do Livro, que já inaugurou 40 bibliotecas públicas em dois anos. Até o fim de 2004 serão inauguradas outras 40 – totalizando 80, sendo abertas 20 por ano.  
 
A Lei do Livro, que teve a assinatura da escritora Lygia Fagundes Telles como testemunha, durante a 1.ª Feira Nacional do Livro, originou, em Ribeirão Preto, o programa Ribeirão das Letras, que abrange uma série de medidas para incentivar a leitura e o acesso gratuito ao livro e às bibliotecas públicas. A partir disso, as secretarias de Cultura, Educação e Cidadania do município destinam verbas para compras de livros e construções de bibliotecas, sendo muitas delas instaladas em associações de bairros, museus, centros culturais, escolas, igrejas, sindicatos e até na penitenciária estadual. A medida faz com que as crianças descubram esses espaços.  
 
Neste ano, durante a 3.ª Feira Nacional do Livro, que começa hoje, dez novas bibliotecas serão inauguradas (uma por dia), sendo uma na unidade da Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem) e outra, que levará o nome do poeta Waly Salomão (que conheceu o projeto pouco antes de morrer), no bairro Campos Elísios. Cada uma tem, em média, 4 mil títulos. Outras deram origem às Bases de Apoio à Comunidade (BACs), construídas com tecnologia pré-moldada em apenas 30 dias e que reúnem cerca de dez computadores cada, conectados à internet.  
 
“O número de usuários das bibliotecas cresceu, assim como o de empréstimos de livros, sem contar a freqüência regular das pessoas“, afirma o secretário de Cultura, Galeno Amorim, o idealizador do projeto. Segundo ele, cerca de 20 mil leitores da cidade estão cadastrados e, em 2004, a meta é informatizar todas as bibliotecas num sistema único. Amorim cita, ainda, que, até 2000, Ribeirão Preto tinha uma única biblioteca municipal, com 15 mil livros. Até esta semana, o número do acervo da rede de bibliotecas do Ribeirão das Letras já saltou para 175 mil.  
 
Além das compras próprias, o programa recebe doações da comunidade, de patrocinadores e da iniciativa privada, como Santander Banespa, Petrobrás, COC, Telefônica, Votorantim, Odebrecht, entre outras instituições, inclusive o Ministério da Cultura, Sebrae e Universidade de São Paulo. A Ultragaz, por exemplo, iniciou nesta semana, uma campanha no município com a intenção de arrecadar cerca de 60 mil livros que serão destinados ao Ribeirão das Letras. Até o final deste ano, Amorim acredita que o investimento no programa chegue aos R$ 5,5 milhões, sendo mais de 80% aplicados pela comunidade, por patrocinadores e empresas privadas.  
 
Média – Em Ribeirão Preto, a média de leitura já é de três livros por pessoa, anualmente, 50% acima da média nacional (de apenas dois), mas a intenção é triplicá-lo (chegar a seis) até o final de 2004. Segundo Amorim, a cidade terá uma biblioteca para cada 6 mil habitantes, talvez o maior índice mundial entre cidades grandes e médias. “O papel da leitura e do livro mudaram tanto a mentalidade das pessoas que hoje é comum a população e as sociedades organizadas reivindicarem bibliotecas públicas, sendo que antes só pediam escola e postos de saúde e policial“, comenta.  
 
A idéia do Programa Ribeirão das Letras é ter na cidade “bibliotecas vivas“, com a presença de escritores nas escolas, exibição de filmes, contadores de histórias, cafés filosóficos (bate-papos com autores), a própria Feira Nacional do Livro, salão de idéias, oficinas de textos e o prêmio de literatura, além de exposições de trabalhos.  
 
Tudo se complementa com o ônibus-biblioteca, com 3 mil livros, que circula nos bairros e parques da cidade. Durante a 3.ª Feira do Livro, o projeto Caminhos da Leitura levará o público a conhecer várias das bibliotecas em funcionamento. “Tudo isso é fruto da Lei do Livro“, explica Amorim. Outro passo importante foi a criação do Instituto do Livro, uma estratégia para tornar o projeto permanente e evitar que ocorra interrupção em caso de mudança de prefeito. O Instituto do Livro é uma fundação de direito privado, com participações do poder público e da comunidade.  
 
O programa visa formar cidadãos leitores, é modelo na América Latina e foi selecionado pelas fundações Ford e Getúlio Vargas (FGV) como um dos melhores projetos públicos em execução no País. Por isso, ele será apresentado, em outubro, no Congresso Mundial de Leitura, em Havana, Cuba, como uma das melhores experiência da América Latina para estimular a leitura em países do terceiro mundo e em desenvolvimento.  
 
Para obter mais informações, os contatos do Instituto do Livro são o telefone (0-16) 3931-6004 e o e-mail instituto.livro@ribeiraopreto.sp.gov.br.  

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