Produção industrial recua em novembro e acumula 8,3%

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O resultado dos 11 meses já é o melhor no ano desde o Plano Cruzado. A produção industrial registrou queda de 0,4% em novembro de 2004, na comparação com outubro, na série livre de influências sazonais divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a indústria cresceu pela 15 vez consecutiva, de acordo com o IBGE, que apurou expansão de 8,1%. Também houve aumento de 8,3% no acumulado de janeiro a novembro do ano passado.  
 
De acordo com o diretor executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Gomes de Almeida, o resultado da produção industrial em dezembro de 2004 deve vir melhor que o de novembro. “A produção industrial terá um crescimento excepcional em 2004, em torno de 8%, patamar nunca visto desde o Plano Cruzado (10,93%)“, diz Almeida.  
 
A queda observada na comparação mensal é a terceira consecutiva e reflete o comportamento adverso de 16 dos 23 ramos pesquisados que têm séries ajustadas sazonalmente. Para Almeida a retração observada ainda não significa reversão do crescimento industrial. Entretanto, a parada preocupa, pois é um indicativo de que o resultado de 2004 possa não se repetir em 2005. “A produção industrial tem potencial para crescer 6,5% este ano, o que é compatível com um crescimento do PIB de 5%“, diz Almeida.  
 
A atividade industrial, segundo Almeida precisa ser estimulada via câmbio e juros para impedir uma possível estagnação resultante da própria dinâmica industrial. “Vale lembrar que as exportações tiveram grande participação no ótimo resultado de 2004. Por isso seria recomendável uma política econômica mais voltada para o setor produtivo“, diz Almeida.  
 
Os piores desempenhos foram apurados nos segmentos da indústria farmacêutica (–7,5%), metalurgia básica (–3,1%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–4,5%) e produtos de metal (–3,0%). Já os segmentos que mais contribuíram para que a retração não fosse maior foram material eletrônico e equipamentos de comunicações (11,1%) e alimentos (2,8%), de acordo com o IBGE.  
 
O sócio-gestor da Quest Investimento, Jorge Xavier, acredita que o fato de os setores em destaque até outubro, como bens de capital e bens de consumo duráveis, terem estacionado em um nível alto, enquanto os bens de consumo não duráveis crescem acentuadamente desde junho são sinais de uma mudança na produção industrial: “Os bens mais sensíveis a juros (bens de capital e de consumo duráveis) já respondem aos aumentos na taxa de juros realizados pelo Copom no ano passado. Os mais sensíveis a renda (bens de consumo não duráveis) estão em crescimento acelerado“, afirma Xavier. Para ele, os números de novembro são um indicativo da retomada do mercado doméstico, que este ano deve ser tão relevante para a indústria quanto foram as exportações no ano passado.  
 
Ainda na comparação com outubro de 2004, somente os bens intermediários apresentaram queda (–1,1%). Já os bens de consumo semi e não duráveis cresceram 0,5%, registrando o maior ritmo entre as categorias de uso. Em seguida vieram os bens de capital e bens de consumo duráveis, ambos com crescimento de 0,2%.  
 
A produção de bens intermediários, segmento de maior peso na estrutura industrial, apresentou a terceira queda consecutiva, acumulando entre agosto e novembro de 2004 uma perda de 1,7%. Após os índices negativos de outubro, os segmentos de bens de consumo duráveis (0,2%) e de bens de consumo não duráveis (0,5%) voltam a apontar taxas positivas.  
 
Os números desagregados da pesquisa industrial mensal já revelavam outros sinais de moderação no ritmo de crescimento da atividade desde setembro. Em primeiro lugar, entre setembro e outubro, todos os índices de produção por categorias de uso caíram, na série com ajuste sazonal. “Há três meses todos os setores demonstravam nenhum dinamismo. Não se trata de um comportamento específico da indústria de bens intermediários.“  
 
Em relação a novembro de 2003, o crescimento da atividade fabril é reflexo da aceleração em 23 dos 27 ramos industriais pesquisados. na comparação anual, a produção da indústria registra taxas positivas desde setembro de 2003, ou seja, cresce há 15 meses consecutivos, o que não ocorre desde junho de 2001, mês em que o setor interrompeu uma seqüência de 22 taxas positivas, segundo o IBGE .  
 
A indústria de veículos automotores (27,3%) se mantém como a de maior impacto positivo na formação da taxa global, seguida por alimentos (11,2%), outros produtos químicos (9,8%) e máquinas e equipamentos (11,1%). Nestas quatro indústrias, os itens que mais pressionaram foram, respectivamente: automóveis e caminhões; açúcar cristal e sorvetes; herbicidas e inseticidas e aparelhos elevadores/transporte de ação contínua e compressores e motocompressores. Entre as atividades que mostram queda, as que mais influenciaram a média industrial foram: farmacêutica (–8,3%) e edição e impressão (–3,4%), cujos respectivos destaques foram medicamentos e livros e impressos didáticos.  
 
Ainda na comparação com novembro de 2003, no corte por categorias de uso, os destaques ficam por conta de bens intermediários, que cresce 8,3%, e de bens de consumo duráveis (19,9%), que assinala ritmo acima da média global (8,1%). A produção de bens de consumo semi e não duráveis apresenta aumento de 6,6%, enquanto que o setor de bens de capital alcança seu crescimento mais moderado (4,4%) desde setembro de 2003. O comportamento do setor de bens intermediários é reflexo do desempenho positivo de quase todos os seus subsetores, com destaque para insumos industriais elaborados (6,2%) e para a produção de autopeças (33,6%).  
 

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