Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro 2002

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A Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros divulgaram no último dia 17, na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, os resultados da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro 2002.  
 
Segundo o estudo, o mercado editorial brasileiro em 2002 caracterizou-se pela cautela e pela instabilidade de alguns indicadores – tendência verificada tanto nos negócios como no consumo -, sobretudo devido à desaceleração da economia, às incertezas políticas de um ano eleitoral e à forte desvalorização do Real.  
 
O número de títulos editados (39.800) apresentou uma ligeira queda, de 3%, na comparação com o ano de 2001 (40.900). Entretanto, houve um aumento de 7% na quantidade de exemplares vendidos, totalizando 320,6 milhões de livros comercializados em 2002 contra 299,4 milhões exemplares vendidos em 2001.  
 
A retração dos níveis de renda no Brasil não chegou a impedir o crescimento do consumo em certas áreas, mas impôs limites à expansão do mercado. Houve uma queda de 4% no faturamento do setor editorial (R$ 2,18 bilhões em 2002 contra R$ 2,27 bilhões em 2001), levando-se em conta os preços correntes e as compras pelos programas governamentais (PNLD, PNBE e Leia Mais). Sem considerar as compras governamentais, o faturamento permaneceu estável a preços correntes (-1%).  
 
A pesquisa analisou quatro subsetores: Didáticos; Obras Gerais; Religiosos e Científicos, Técnicos e Profissionais (conhecido como CTP). Desses, o que apresentou melhor performance foi o de Obras Gerais. O faturamento cresceu 4% em comparação a 2001, pois algumas editoras obtiveram resultados positivos, em função principalmente de lançamentos de êxito (obras de autores consagrados; livros associados a filmes de sucesso; livros para presente, em especial os de formato pequeno; e livros institucionais ou promocionais, feitos para empresas).  
 
Apesar dos indicadores de vendas desse subsetor revelarem uma queda na média total dos exemplares vendidos ao mercado (-18%), houve ainda uma compensação pelas vendas ao governo. Em relação aos Didáticos, observou-se um decréscimo de 9% nas vendas de livros para os alunos das escolas privadas.  
 
O subsetor Religiosos repetiu o mesmo comportamento de 2001: queda do número de exemplares vendidos (-17%) e crescimento do faturamento (6%). O aumento do faturamento explica-se pela elevação do preço do produto e a predominância da venda de obras mais caras (principalmente bíblias). As editoras deste subsetor continuam investindo na edição de livros de formato pequeno e de poucas páginas, visando atingir o público de menor nível de renda. 
 
Quanto ao CTP, as vendas caíram 6%, contrariando a tendência dos últimos dois anos, quando detectou-se um aumento de vendas relacionado ao crescimento das universidades e à expansão do mercado para livros voltados à qualificação, aperfeiçoamento e atualização profissional. As dificuldades econômicas do ano de 2002, as greves nas universidades federais e a prática usual de cópias ilegais de livros nos campi contribuíram para um decréscimo dos indicadores no subsetor.  
 
Pelo menos 95% do número de exemplares produzidos no Brasil em 2002 foram de autores nacionais. Somente 5% dos exemplares feitos no país eram obras traduzidas. A participação do número de títulos de escritores brasileiros no mercado voltou a apresentar um ligeiro aumento (90% em 2002 contra 89% em 2001). A maior inserção dos autores nacionais se deu principalmente no subsetor Didáticos, onde o número de títulos de escritores brasileiros cresceu 31%.  
 
 
Metodologia 
 
 
As informações para o desenvolvimento da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro foram recolhidas junto às editoras. Os dados dizem respeito ao que as editoras produzem e sua venda para o “primeiro cliente”. Esse primeiro cliente pode ser uma livraria, um distribuidor, o governo ou mesmo o consumidor final. Vale ressaltar que o faturamento declarado pela editora é o resultado da soma total dessas operações, que são feitas com diferentes descontos sobre o chamado preço de capa. 
 
Duas observações em função desse método: 1) o faturamento não traduz o resultado econômico do setor ou a saúde financeira das empresas, posto que não considera os custos gerais das empresas; 2) o faturamento dividido pelo número de exemplares não permite a obtenção de um preço médio dos livros comercializados, pois a quantidade de exemplares vendidos para cada um desse tipo de cliente pode alterar substancialmente o faturamento sem que haja, necessariamente, variação no preço de capa. 
 
Foi utilizada uma amostra de 106 empresas selecionadas a partir de um universo de 510 editoras economicamente ativas (que durante o ano tenha produzido ao menos cinco títulos ou uma tiragem superior a 10 mil exemplares), que respondem por aproximadamente 95% do total da produção e vendas do setor editorial brasileiro. O universo foi reclassificado segundo intervalos de faturamento anuais específicos de forma a permitir que empresas de porte econômico diferente pudessem se identificar em cada subsetor. 
 
 
 

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