Um inquérito aberto na Divisão de Investigações Gerais (DIG) apura o comércio de cópias de livros em universidades de São Paulo. Ele foi aberto em dezembro com base em uma representação da Associação Brasileira de Direitos Reprográficos. A entidade apresentou aos policiais uma lista de locais usados pelos estudantes para fazer cópias dos livros. “Nosso homens apreenderam grande quantidade de cópias e livros“, disse o delegado Edson Soares, diretor da DIG, do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic).
Segundo o delegado, os investigadores apreenderam cópias perto de todas as mais tradicionais instituições de ensino na cidade, como a Universidade de São Paulo (USP), a Pontifícia Universidade Católica (PUC) e a Universidade Mackenzie. O inquérito ainda não foi concluído pois a polícia está terminando a identificação dos envolvidos. “Os locais eram próximos. Não encontramos nenhum dentro das universidades.“
A reprodução de trechos de livros é crime contra a propriedade intelectual, cuja pena varia de 2 a 4 anos de reclusão. O combate a essa prática é uma das medidas aprovadas pelo Conselho de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual, do Ministério da Justiça. Divulgado anteontem, o plano do governo federal prevê a execução dessas ações nos próximos dois anos.
“Se eu não pudesse tirar xerox certamente não poderia estudar. No início do ano os professores passam a bibliografia e a gente vê que não dá para comprar tudo e muito coisa não tem na biblioteca“, lamenta a pós-graduanda de língua portuguesa da Universidade de São Paulo (USP), D.C.P, de 30 anos. Ela havia acabado de tirar cópias de um livro europeu que custa cerca de R$ 300,00. A cópia saiu por R$ 28,00. “Outro dia eles não quiseram tirar a cópia, disseram que era proibido, mas assim ninguém estuda. Consegui o original com uma amiga que viajou para fora, mas não posso ficar com o exemplar dela.“
A colega de classe de D. Verena Kewitz, de 30 anos, sofre com o mesmo problema. “Muitos títulos já saíram de catálogo e aí não tem jeito, temos que fazer cópia.“ A estudante de inglês da USP Sabrina Brito de Correia Santos, de 21 anos, gasta de R$ 20,00 a R$ 30,00 por semana em xerox. “No semestre passado os professores adotaram somente dois livros, o restante são capítulos de vários títulos diferentes.“
CAMELÔS
No centro da cidade é inevitável não esbarrar com ambulantes oferecendo de camisetas a programas de computador falsificados. No dia 2 de março, na Avenida Senador Queiroz cinco ambulantes vendiam mercadoria falsificada na calçada, em sua maioria CDs e DVDs. Estacionada ao lado estava um carro do Deic. “Os policias estacionaram o veículo naquele local por que foram entregar uma intimação em um shopping popular da região“, explicou o diretor da DIG.
“São três CDs por R$ 10,00. Antes era mais caro, mas agora que a concorrência aumentou o preço teve que baixar“, contou o ambulante A.D., que trabalha no local há dois anos.
Segundo a Polícia Civil, só na região da 25 de Março foram apreendidos em 2004 mais de 2,5 milhões de CDs e 339 mil pares de tênis falsos.