Pesquisa mapeia o comportamento do leitor digital em idade escolar

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A Árvore, plataforma de leitura digital voltada para alunos das redes públicas e privadas do Brasil, realizou um estudo com o objetivo de traçar um perfil do comportamento da leitura digital no Brasil. A coleta de dados foi realizada diretamente no streaming da plataforma que é usada por 600 mil alunos de escolas particulares e 178 mil estudantes da rede pública. Na opinião de Danielle Brants, cofundadora da Árvore, essa metodologia permite entender os hábitos dos usuários na prática. “A pesquisa permite aos leitores e profissionais do mercado o acesso a um conjunto de conhecimentos antes não explorado. Com ela mostramos possibilidades além do acesso à leitura, que proporcionam maior entendimento e profundidade sobre os hábitos e perfis dos leitores”, defende.
A primeira constatação da Leitores Digitais, como é chamada a pesquisa, é que o impacto da leitura, quando há a mediação de um professor, é muito maior e gera mais engajamento dos estudantes. A Leitores Digitais mostra que os alunos leem 30% mais quando recebem indicação dos mestres. Ao analisar esse índice e contrapor com o percentual de leitura, o número pode ficar ainda mais interessante. Por exemplo, entre os alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental que leram mais de 50% dos livros, 77,31% tiveram indicação da leitura. Alunos do 3º ao 5º nessas mesmas condições alcançaram 59,7%. Em resumo: recebendo indicação dos professores, os alunos leem mais livros e leem mais de cada um dos livros.

Os dados mostram ainda que os estudantes mais jovens leem mais e completam a leitura de maneira mais rápida. Em média, os estudantes da Educação Infantil gastaram 4,5 horas lendo ao longo do ano e leram 15,6 livros. Já os alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental (3º ao 5º ano) ficaram 6,3 horas na plataforma e leram 11,4 livros, em média. Nos anos finais do Ensino fundamental há uma mudança de chave: os alunos passam a gastar mais tempo na plataforma (7,1 horas anuais em média), mas cai significativamente o número de livros lidos (4,3). No ensino médio, mantém-se o número de horas gastas na plataforma, mas o número de livros lidos cai um pouco mais, para 3,4 livros lidos.

Para Letícia Reina, gestora educacional da Árvore, esse comportamento dialoga com a tendência previamente levantada, de que a competição pela atenção dos adolescentes é maior e, assim, há menor tendência de leitura por parte desse público. “De um modo geral, os livros voltados aos leitores adolescentes são mais longos e complexos. Por isso, é natural que as leituras sejam feitas por capítulos, de acordo com que é pedido pelo professor, por exemplo”, explica a gestora.

O estudo aponta que, na pandemia, alunos e professores buscaram a plataforma para se informar. A Árvore Atualidades, braço que disponibiliza conteúdo jornalístico adaptado ao público infantojuvenil, o tema mais lido pelos estudantes esteve relacionado ao covid-19. “Vemos um cenário em que as matérias jornalísticas em meio digital estão sendo usadas para formar leitores mais críticos. E quando estamos falando de leitura, esse conceito se refere ao amplo movimento de ler o mundo, de ler diferentes textos, escritos ou audiovisuais. Essa leitura amplia o repertório do aluno, informa e forma para as habilidades das diferentes linguagens. E esse acesso veio por meio das tecnologias digitais”, analisa Letícia.

A pandemia influenciou também nos assuntos mais procurados pelos estudantes. Os termos “pandemia”, “coronavírus” e “medicina” aparecem entre os mais procurados, junto com “tecnologia”, “comportamento” e “sustentabilidade”.

Quando o assunto é literatura, os alunos de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental procuram mais por fábulas, contos de fadas, guias e tutoriais. Livros como Vovó viaja e não sair de casa? (Rovelle), de Sylvia Orthof e Bebel Callage, e Coisa de menina (Companhia das Letrinhas), de Pri Ferrari se destacam nessa faixa etária. Já os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental procuram mais por títulos de aventura e aí O diário de Anne Frank em quadrinhos (Nemo), adaptado por Mirella Spinelli, e 20 mil léguas submarinas (Nemo), de Jules Verne, ganham destaque. Os alunos do Ensino Médio procuram pelos romances. O auto da barca do inferno (Primavera Editorial), de Gil Vicente; A revolução dos bichos (Companhia das Letras), de George Orwell, e Orgulho e preconceito, de Jane Austen aparecem no top 5 da faixa etária.

A pesquisa quis saber também como os alunos leem. A maioria (48,7%) usa a versão web da plataforma. Aqueles que usam apenas o app são 31,3%. E 20% transitam entre as duas versões da plataforma. O percentual de acessos se mantém estável, no patamar de 17% entre segunda e quinta-feira, caindo na sexta para 15%. No fim de semana, esse índice fica na casa dos 7%. Boa parte dos acessos acontece nos períodos da tarde (40,5%) e da noite (36,3%).

Os resultados da pesquisa são acompanhados de artigos assinados por especialistas que analisam as informações apresentadas pela pesquisa. Entre eles estão Zoara Failla, gerente de projetos do Instituto Pró-Livro e responsável pela pesquisa Retratos da Leitura; a editora Livia Vianna, do Grupo Editorial Record; Fernanda Saboya, diretora geral da Melhoramentos, e Carlo Carrenho, fundador do PublishNews.

Clique aqui para baixar o estudo.

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