Pesquisa inédita comprova alto índice de atenção das editoras brasileiras com agenda de diversidade e inclusão

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De forma inédita, o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) mapeou editoras em questões relacionadas à agenda DE&I: Diversidade, Equidade e Inclusão. Realizada pela empresa Wiabiliza com 45 editoras, a primeira Pesquisa de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) do mercado editorial aponta que a grande maioria das editoras brasileiras entrevistadas têm preocupações consistentes com a questão, com alta representatividade do gênero feminino entre as lideranças, bem como alta presença de pessoas negras em seus quadros de funcionários.

O estudo teve dois objetivos iniciais: mapear os critérios e percepções dos fatores Diversidade, Equidade e Inclusão no segmento editorial e balizar o SNEL para a realização de futuros estudos semelhantes. “Em posse dessas primeiras informações, tanto as participantes quanto o mercado em geral poderão realizar uma autorreflexão sobre pontos a aprimorar e como agir para nos tornarmos cada vez mais justos, ponderados e igualitários”, diz o relatório de apresentação. Esse primeiro levantamento teve a participação de 45 editoras de oito estados.

Há ampla percepção de que as empresas têm preocupações instrumentais com a implantação de agendas de diversidade e inclusão, embora a maioria das respondentes aponte a ausência de planos de governança bem definidos – o que pode ser esperado, dada a diferença no tamanho entre as empresas respondentes. 47% delas responderam “não” à pergunta “A empresa tem instituída a Governança Corporativa, visando assegurar em sua estratégia regras e responsabilidades na implementação de políticas e metas nos mais diversos temas e áreas, incluindo nesta a agenda DE&I?”.

O estudo mostra que mulheres estão em cargos de liderança (líderes de grupos e times, gerentes e até diretoras) em 87% das editoras que responderam ao questionário. Em 58%, uma pessoa LGBTQIA+ ocupa um cargo de liderança, o mesmo percentual de pessoas negras. Além disso, em 11% dessas organizações, pessoas indígenas estão em cargos de liderança, mesmo porcentagem de onde há lideranças PCD.

“Não é meramente uma questão de justiça social, mas também uma oportunidade de negócio”, explicou o presidente do SNEL, Dante Cid, na apresentação da pesquisa nesta quinta-feira (27). “As empresas que não entendem a importância dessas iniciativas perdem vantagens competitivas”, comentou. “Nesse estudo inicial, percebemos que a diversidade é uma realidade em grande parte das editoras. Além de refletir a diversidade do mundo em que vivemos, essas organizações entendem que a pluralidade é sinal de saúde na organização, que tende a se refletir, ao fim, em melhores resultados econômicos”.

Três em cada quatro representantes das empresas disseram ainda que há compromisso com a não discriminação e com a promoção da diversidade, equidade e inclusão. Quase a totalidade (98%) disse não haver restrição quanto a gênero ou etarismo nas editoras em que trabalham. Os representantes das empresas mencionaram diversos aspectos considerados relevantes para o monitoramento e gestão em DE&I. Entre os mais citados estão a imagem da empresa, a busca por resultados positivos no negócio e a melhora nos índices de Clima Organizacional.

Os grupos “mulheres” e “pessoas pretas” aparecem em 62% das empresas como público específico do compromisso com a agenda DE&I, seguidos por “pessoas LGBTQIAPN+” (51%) e pessoas com deficiência (36%). Outros grupos, como indígenas (2%) e geracional (2%) aparecem com porcentagens pequenas. O grupo “indígenas”, porém, é representado em 22% das empresas respondentes por algum funcionário.

A pesquisa aponta ainda que é baixa a priorização da representatividade quando o assunto são os terceirizados, com 80% dos entrevistados afirmando que a representatividade (pessoas negras, LGBTQIAPN+, PCD etc.) é nada ou pouco decisivo na hora de sua contratação.

Em mais da metade dos participantes da pesquisa (60%), o compromisso da empresa com a agenda DE&I é comunicado a todas as partes interessadas. A imensa maioria (87%) acredita que a implementação de políticas, ações inclusivas, treinamentos e uma transformação cultural em sua empresa proporcionam maiores e melhores resultados, sejam eles financeiros, como marca empregadora, ou mesmo diretamente no processo editorial.

71% dos respondentes foram pessoas que estão no nível estratégico de decisão das empresas (gerentes, diretores, sócios). Esse primeiro levantamento teve a participação de 45 editoras de oito estados. A maioria (53%) de São Paulo, com o Rio de Janeiro em segundo lugar (27%) e Minas Gerais em terceiro (7%). Mais da metade (51%) das editoras afirmaram que atuam principalmente com Obras Gerais. Um pouco mais de um terço (36%) afirma que o faturamento chega até R$ 1 milhão, 13% disseram que faturam entre R$ 46 e 149,9 milhões, e 2% afirmaram que o faturamento passa de R$ 1 bilhão. Quarenta por cento têm até nove funcionários, mas há empresas com mais 800 funcionários (2%) e entre 400 e 799 funcionários (2%), mostrando a amplitude do estudo.

“Foi uma dificuldade adicional de uma pesquisa pioneira perceber que havia uma certa sensibilidade à questão: para poder comentar seu quadro atual, é necessário que cada empresa tenha um registro disso. Manter um registro desses aspectos às vezes ainda é mal visto por uma parte dos colaboradores. Enfrentamos essa dicotomia que é de difícil resolução.

Esperamos que essa versão inicial possa esclarecer para a comunidade editorial que é necessário se falar do assunto e divulgar os dados”, comentou o presidente do SNEL, Dante Cid.
“É uma pesquisa exploratória”, explicou o consultor de relacionamento da Wiabiliza e coordenador da Pesquisa, Gilson Nogueira. “Criamos os fatores, trouxemos questões que entendemos como relevantes, submetemos às empresas o questionário e tabulamos, agora estamos apresentando na expectativa de comunicar ao mercado a importância dessas iniciativas”.

A intenção inicial do SNEL é realizar a Pesquisa de dois em dois anos, mas o período pode ser reavaliado de acordo com as demandas das editoras.
Números da Pesquisa:
• 78% responderam sim à pergunta: “Sua empresa defende o compromisso com a não discriminação e com a promoção da diversidade, equidade e inclusão?”
• 98% afirmaram que nunca presenciaram restrições de gênero ou situações de etarismo na empresa
• 87% apontaram que têm mulheres em cargos de liderança
• 49% consideram que tem sido um desafio para a empresa contratar e manter colaboradores
• 67% disseram que a empresa tem caminhos claros de progressão de carreira, como plano de cargos e salários, avaliação de desempenho, etc

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