Pesquisa aponta que 6 em cada 10 alunos não aprovam aulas online

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Fernanda Oliveira mora na Brasilândia, zona norte de São Paulo, e como boa parte dos estudantes dessa região sofre com a instabilidade na conexão de internet. A jovem, que seguiu para o último semestre do curso de Estética e Cosmética na Unip, diz “odiar” as aulas remotas.

Ela faz parte do universo de jovens ouvidos pela pesquisa Expectativas do Ensino no Brasil, da Minds & Hearts, empresa da holding HSR Specialist Researchers, e mostra que 60% dos estudantes não aprovam a experiência do ensino remoto.

O estudo teve como objetivo entender como os alunos veem o ensino nos próximos anos e o que eles mudariam se fossem responsáveis por melhorar a educação do Brasil. Também avaliou como estão percebendo as mudanças na educação neste período de pandemia de covid-19. O estudo foi realizado com 1.099 alunos da rede pública e privada de todo o país, com idade entre 15 e 44 anos.

Outro ponto que desagradou Fernanda neste período foram as aulas práticas. “Todas as atividades foram realizadas online, perdemos a experiência presencial de sala de aula”, diz. A estudante de estética pretende fazer cursos livres após a pandemia para recuperar o aprendizado dessas aulas.

Ariadne Mangassarian cursava Bioquímica na UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei) no início do ano. Com as aulas remotas, a jovem decidiu voltar para casa e, também, mudar de curso.

“Eu me matriculei em um cursinho online, mas foi uma decepção”, conta. “As aulas presenciais são dinâmicas e didáticas, mas pelo vídeo, são paradas, monótonas e eu perdia o foco.”

Ariadne decidiu estudar por conta própria e deve prestar vestibulares para os cursos de Artes Visuais e Audiovisual. “Para quem não tem uma boa base, fazer as aulas online não funciona.”

A pesquisa mostra que 66% dos estudantes estão odiando a experiência das aulas remotas.

Somente 8% das pessoas entrevistadas já estudavam remotamente, enquanto 90% conheciam apenas cursos presenciais. Agora, 47% dos estudantes passaram a ter cursos online, 17% por vídeo-aula, 16% fazem ambas as formas e 3% afirmaram ter aulas tanto online, com professor, quanto presencial. No total, 13% disseram que estão com as atividades educacionais interrompidas.

“De uma hora para outra os estudantes e os professores tiveram de se adaptar a uma nova realidade,” avalia Naira Maneo, responsável pela pesquisa. “Mas observamos que muitos têm interesse no ensino hídrido, apesar dos problemas e críticas, a tecnologia se mostrou como um caminho positivo.”

O estudo também perguntou quais seriam as partes positivas da educação online. Para 29% dos entrevistados o destaque positivo fica por conta dos recursos de tecnologia utilizados. Além disso, didática/metodologia foram apontadas por 16% dos estudantes. Já 14% afirmaram que conseguem se concentrar mais, mesmo percentual dos que destacaram o preparo.

Em contrapartida, quando questionada a parte ruim, ficou evidente que as aulas online deixam a desejar. Para 45% dos pesquisados, esse modelo faz com que aprendam menos. Na opinião de 42%, o problema é a falta de concentração. Ademais, 40% reclamam do excesso de tarefas e 37% sentem falta das aulas práticas, incluindo laboratórios e educação física, entre outros aspectos. Nos casos de 36% dos estudantes, a dificuldade é não conseguir tirar dúvidas.

Na avaliação do aprendizado, 67% revelaram estar aprendendo menos do que antes da pandemia. De acordo com 20% está igual e 9% acreditam que aprenderam mais nesse período. Adicionalmente, o levantamento questionou sobre o modelo ideal de ensino depois da pandemia. Entre os entrevistados, 47% gostariam que não existissem aulas online/EAD e 46% esperam um modelo híbrido, com aulas online e presenciais.

Expectativas

Uma das principais expectativas apontadas pela pesquisa, para 60% dos entrevistados, é o desenvolvimento de novos métodos de avaliação que não sejam apenas provas convencionais. Mais da metade dos estudantes (60%) também afirma que seria importante se os professores fossem mais valorizados, principalmente pelo pagamento de melhores salários.

“Os jovens perceberam o protagonismo do professor nesse processo de educação online e percebem a necessidade de transformação no setor”, observa Naira.

Para 56%, o caminho está em romper com o modelo mais convencional de aulas, mais interativas, com maior troca de ideias entre alunos e professores. Já para 52%, o ensino deveria contribuir com a conscientização social, promovendo mais ações para combater o racismo de qualquer espécie e esse mesmo percentual respondeu que melhoraria a capacitação dos professores e que integraria o ensino médio às experiências corporativas, aumentando a vivência para escolha de uma profissão.

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