Participantes sugerem medidas de incentivo à leitura

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Participantes do I Seminário de Incentivo à Leitura no Brasil reconheceram que não é só a falta de recursos que impede o crescimento do número de leitores no País. A quase ausência do hábito de ler livros no Brasil é um dado histórico e remonta aos tempos do Brasil Colônia. Segundo o jornalista Laurentino Gomes, autor do livro 1808, foi só com a vinda da Corte portuguesa para o Brasil, há 200 anos, que o País passou a ter livros e imprensa, ainda assim com censura.

Se a maior parte da população naquela época era analfabeta, hoje a situação não é muito diferente. O País ainda tem 16 milhões de analfabetos absolutos e 30 milhões de analfabetos funcionais (pessoas que não compreendem o que lêem). Para incentivar a leitura, Laurentino Gomes, assim como o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), sugeriram a edição de livros em vários formatos, em várias linguagens, para atender os diferentes interesses de crianças, jovens e adultos. No mesmo sentido, o professor da Universidade Federal Fluminense Aníbal Bragança sugeriu que se ouçam os leitores, para que se possa atender melhor às suas necessidades. Outras sugestões dizem respeito a incentivos a livrarias.

Já o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), cobrou investimento em bibliotecas, para que elas não se tornem simples depósitos de livros. A modernização de bibliotecas, aliás, é uma das metas do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL). Segundo o secretário-executivo do plano, José Castilho, busca-se modernizar, até 2010, 4,5 mil bibliotecas em todo o País. Ainda segundo ele, apenas 361 municípios brasileiros não possuem biblioteca. No início do governo Lula, esse número era de 1,3 mil.

Eixos
De forma geral, o PNLL trabalha em quatro eixos: a democratização do acesso ao livro, a valorização da leitura, a formação de mediadores de leitura e o apoio ao desenvolvimento econômico do livro. O que os participantes do seminário reconheceram é que este é um trabalho de todos: do governo, da sociedade e dos editores de livro. Mais que uma ação de governo, é um trabalho que começa em casa, conforme afirmou o ministro da Cultura, Juca Ferreira. “A influência da família é fundamental. Em famílias de pais leitores, os filhos se tornam leitores.“

Também participaram do seminário na manhã desta quarta-feira o secretário de Educação Continuada do Ministério da Educação, André Lázaro; a presidente da Câmara Brasileira do Livro, Rosely Boschini; e o presidente do Instituto Pró-Livro, Jorge Yunes.

Fundo Pró-Leitura poderá ser criado por meio de decreto
Agência Câmara – Noéli Nobre

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, afirmou nesta quarta-feira que o Fundo Pró-Leitura – forma de financiamento das ações previstas no Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) – poderá ser criado por decreto presidencial. Caso a proposta de criação do fundo precise passar pelo Congresso, o ministro acredita que terá apoio de deputados e senadores para sua aprovação. Juca ferreira foi um dos participantes do I Seminário de Incentivo à Leitura no Brasil, promovido na Câmara pela Frente Parlamentar Mista da Leitura. 
 
No evento, o coordenador da frente, deputado Marcelo Almeida (PMDB-PR), reafirmou que fará uma mobilização, nos próximos 30 dias para convencer lideranças partidárias da importância do Fundo Pró-Leitura. Para o deputado, não importa o meio pelo qual o fundo será criado – se por decreto ou projeto de lei – mas que seja criado. “Dificilmente há oposição quando o assunto é leitura“, disse. 
 
O Fundo Pró-Leitura é a contrapartida do setor livreiro – com 1% de seu faturamento anual – à desoneração de PIS e Cofins sobre o livro. Se aprovado, o fundo gerará cerca de R$ 46 milhões por ano. Sua criação, no entanto, é polêmica, pois é conflitante com a proposta de reforma tributária. Mas, segundo o ministro Juca Ferreira, as negociações estão avançadas e o governo já superou a interpretação de que o fundo seria constituído a partir de imposto. “Não é imposto, mas contribuição voluntária“, explicou. 
 
Falta de recursos 
 
Juca Ferreira e Marcelo Almeida reconheceram que há idéias importantes em andamento no País para o incentivo à leitura, mas que qualquer ação esbarra na falta de recursos. O ministro da Cultura lembrou que a falta de orçamento é um dado histórico no ministério. Por esse motivo, ele se reuniu hoje com o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, para pedir apoio dos senadores à aprovação de uma emenda de R$ 500 milhões ao orçamento da pasta no próximo ano. A emenda foi apresentada à Comissão de Educação do Senado e o dinheiro seria usado para investimentos na cultura em geral e também para programas de incentivo à leitura.  
 
Outro pedido de emenda, no valor de R$ 400 milhões, foi apresentado à Comissão de Educação e Cultura da Câmara, para investimentos em projetos em cidades com até 100 mil habitantes. “As cidades do interior precisam de apoio para que suas manifestações populares não desapareçam“, disse o ministro. 
 
O orçamento do Ministério da Cultura em 2008 foi de R$ 1,155 bilhão. Para o próximo ano, R$ 1,180 bilhão estão previstos no projeto de lei orçamentária. 
 
 
 
Pesquisa mostra que 77 milhões de brasileiros não lêem livros 
Agência Câmara – Oscar Telles  
 
O País tem 77 milhões de pessoas que não lêem livros, segundo dados da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil 2007“ divulgados nesta quarta-feira, na Câmara, por Galeno Amorim, diretor do Observatório do Livro e da Leitura. De acordo com ele, esse problema não ocorre apenas entre as pessoas com baixa escolaridade, já que 8% dos entrevistados com nível superior de ensino também não são leitores. Galeno foi um dos participantes do 1º Seminário de Incentivo à Leitura no Brasil, promovido pela Frente Parlamentar Mista da Leitura.  
 
Segundo ele, 95 milhões de brasileiros leram pelo menos um livro nos três meses anteriores à pesquisa, feita no final de 2007 pelo Instituto Pró-Livro. O levantamento, no qual foram ouvidas 5 mil pessoas em 311 cidades de todo o País, mostra que as mulheres lêem mais do que os homens, e que a Bíblia é tida como a obra mais importante para os adultos.  
 
As crianças, por sua vez, preferem publicações como o “Sítio do Pica-pau Amarelo“, de Monteiro Lobato; a fábula “Chapeuzinho Vermelho“ e a série “Harry Potter“, da escritora britânica J.K. Rowling. De acordo com Galeno Amorim, a adolescência e a infância são apontadas como as fases em que as pessoas mais lêem: a pesquisa mostrou que sete crianças, em cada grupo de dez, são leitoras.  
 
Bíblia
De acordo com a pesquisa, 66% dos livros estão nas mãos de 20% da população; 8% dos brasileiros não têm nenhum livro em casa; e 4% têm apenas um. A maioria dos leitores (55%) costuma ler apenas trechos ou capítulos; 11% pulam páginas e 38% lêem o texto inteiro.  
 
Dos 43 milhões que vêem apenas trechos das obras, 10% são leitores da Bíblia, que é lida por grande parte dos adultos, mesmo por aqueles que se declaram agnósticos ou ateus. Ela é mais lida por protestantes (9,8%) e evangélicos em geral (12,26%) do que pelos católicos (2,82%) e kardecistas (2,54%). “Dos 48 milhões de leitores que não estavam estudando, 6,9 milhões liam a Bíblia“, informou Galeno.  
 
Obrigação
De acordo com a pesquisa, 21,4 milhões dos leitores têm contato com os livros apenas por obrigação, mas 71,7 milhões dizem sentir prazer nessa atividade.  
 
Ainda segundo o levantamento, as mães são as pessoas que mais influenciam a leitura. E os escritores mais admirados no Brasil são Monteiro Lobato, Paulo Coelho, Jorge Amado e Machado de Assis.  
 
Também participaram do debate, entre outros, o secretário-executivo do Ministério da Cultura, Alfredo Manevi, o vice-presidente da Câmara Brasileira do Livro, Bernardo Gurbanov, e o deputado Magela (PT-DF). O seminário desta quarta-feira foi realizado pela frente parlamentar com o objetivo de debater a criação do Fundo Pró-leitura, que financiaria as ações do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL). 
 
 

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