O Jegue-livro

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Era uma vez numa terra distante um jegue. Um jegue comum, como estes tantos que existem Brasil afora. Um jegue que durante a semana é ainda, nestes tempos tão modernos, um instrumento de trabalho de pequenos lavradores. Um jegue que trabalha de sol a sol, no calor do sertão maranhense, para auxiliar o seu Narciso na roça. Mas este bicho tem uma missão um pouco diferente daquela destinada aos outros de sua espécie. Uma vez por mês, ele se transforma numa estrela, seguido pelas ruas como um astro de futebol em tempos de Copa do Mundo.  
 
Neste dia, ele se enfeita, veste cestos carregados de livros e incorpora seu personagem herói: o Jegue-livro. Devidamente paramentado, o simpático jumento está pronto para sair pelas ruas da pequena comunidade de Auzilândia, no interior do Maranhão, atraindo uma pequena multidão de crianças e adultos que sabem: é hora de ler. O jegue, na verdade são alguns jegues – seguem seu caminho, chamando a atenção da comunidade, puxados por adolescentes da região que fazem parte do projeto Jovens Leitores. Tudo começou há um ano e dois meses, quando ele se envolveu com o projeto Jovens Leitores.  
 
A Fundação Vale do Rio Doce, braço social da Companhia Vale do Rio Doce, promove na região o programa “Escola que Vale“, que tem por objetivo a capacitação de professores. O projeto foi tão bem-sucedido que surgiu a idéia de expandir esse plano de incentivo à leitura para fora dos muros da escola. A proposta era formar uma biblioteca ambulante e foi então que surgiu a inesperada idéia: por que não usar o jegue? A empatia foi imediata, e o sucesso tamanho que até cartas o Jegue-livro já recebeu. 
 
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Pelas águas claras da lagoa  
Gazeta Mercantil – Alexandre Staut  
 
No fim dos anos 80, o Brasil conheceu o ônibus-biblioteca como uma alternativa para incentivo ao hábito da leitura entre comunidades carentes e sem serviço de biblioteca. A iniciativa criada na França no início do século XX para atender a aldeias e áreas rurais de baixa densidade populacional acabou se tornando um sucesso no Brasil. Já que a criação de bibliotecas públicas nos quatro cantos do Brasil é uma idéia remota – o bairro do Morumbi, um dos mais ricos de São Paulo, para citar um exemplo, tem apenas uma, instalada por iniciativa pessoal de Claudemir Cabral há dez anos -, hoje, bibliotecas itinerantes multiplicaram-se, organizando-se como podem, e utilizando-se dos mais inusitados meios de transporte.  
 
Projetos curiosos têm despertado o interesse pela leitura Brasil afora. Um deles, chamado de “Barca dos Livros“, em fase de implantação, em Florianópolis, Santa Catarina, quer estimular o hábito ao redor da Lagoa da Conceição, onde vivem 24 mil pessoas em comunidades ribeirinhas espalhadas em pequenos núcleos. 
 
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No rastro do rio  
Gazeta Mercantil – Alexandre Staut  
 
O vaga-lume, inseto gracioso que deixa rastros de luz por onde passa, foi a metáfora utilizada para um projeto de distribuição de livros formulado por três jovens mulheres, que decidiram percorrer a maior bacia de água doce do planeta em busca da Amazônia humana, “já que toda vez que se fala da região invoca-se somente a fauna e a flora“, como diz Maria Teresa Meinberg, uma das fundadoras do programa VagaLume, que implantou bibliotecas no norte do Brasil.  
 
Maria Teresa, Laís Fleury Cunha e Sylvia Albernaz Guimarães revelam que tudo começou com uma viagem de aventuras pela Amazônia brasileira. No meio do caminho, resolveram contribuir com o local, pois lhes pareceu inconcebível que uma região tão rica recebesse tão poucos investimentos em seus habitantes. O programa teve início em 2001 com a realização de um projeto-piloto em dois municípios do Pará. Em 2002, foi executada a primeira etapa do trabalho, envolvendo 20 municípios.  
 
“Desde 2004, a Expedição VagaLume realiza intervenções nos municípios envolvidos, buscando a consolidação das bibliotecas comunitárias“, diz Maria Teresa. Hoje, o VagaLume é um projeto reverenciado em todo o País e acumula diversos prêmios como por exemplo a “Medalha de Honra ao Mérito do Livro“, da Fundação Biblioteca Nacional (2006); “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2005“, categoria destaque no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento do Brasil; e Prêmio Jabuti, categoria Amigo do Livro – Câmara Brasileira do Livro (2003), entre outros.  
 
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Lapidador de intelectos  
Gazeta Mercantil – Alexandre Staut  
 
O presidente Lula já chegou a sugerir que livros sejam incorporados à cesta básica brasileira. O pedreiro Evando dos Santos rebate que a idéia é sua. “E já foi até registrada em cartório“, afirma. Santos montou uma das mais conhecidas bibliotecas comunitárias brasileiras, que leva o nome do escritor Tobias Barreto de Menezes, localizada na Penha, no Rio de Janeiro. Atualmente, Santos está desempregado. Sua atividade diária é organizar os 42 mil volumes espalhados pelos cômodos de sua casa – ele guarda livros até na casinha de cachorro. “Se me perguntarem como faço para viver sem dinheiro posso afirmar que vivo atualmente uma aventura livresca“, diz bem-humorado.  
 
Santos conta que grandes sonhos sempre povoaram sua mente. Em todos eles, os livros estão presentes. “Sempre quis viver no meio de muitos livros até que consegui“. Um outro desejo era de que tais volumes fossem abrigados em uma biblioteca projetada por Oscar Niemeyer. Um dia, ao ver o arquiteto num programa de TV, o pedreiro não teve dúvidas. Pegou no telefone e pediu à produção para falar, ao vivo, com Niemeyer, que deu forma ao seu sonho. O projeto foi apresentado ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que arcou com os R$ 651 mil necessários para a construção do prédio. A biblioteca será inaugurada em novembro e ainda abrigará, por sugestão do pedreiro, uma faculdade comunitária de Letras, com ensino da língua bunda (de origem angolana), do tupi-guarani, do latim, do português, espanhol e do alemão.  
 
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