Pesquisa do sindicato de estabelecimentos de ensino mostra que mais da metade tem até 100 alunos
Se abrir uma escola particular em São Paulo já foi um bom negócio, hoje é uma aposta de risco. Por quê? Por causa da concorrência desenfreada. Dados divulgados ontem pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp) mostram que de 1996 a 2003 o número de particulares quase triplicou. Enquanto o de alunos ficou praticamente estável. Não é à toa que 52,8% das escolas do Estado têm somente até cem alunos. Na capital, esse índice é de 56,5%. Muitas têm dificuldade de se manter.
“Quem está tirando alunos da particular é a própria particular e não a pública, como às vezes se imagina“, diz o diretor do sindicato, Roberto Prado.
Somente na capital, de 2002 a 2003, surgiram 118 escolas. Entre as regiões campeãs em expansão estão Freguesia do Ó e Penha (com 20 novas instituições cada uma).
“A concorrência é muito grande. Você nunca tem a escola cheia. Muitas escolas conseguem cobrar abaixo da média porque não têm pessoal especializado, não estão regulamentadas nem têm método pedagógico“, diz Karen Giovana Queiróz Cardoso, diretora-administrativa da Escola de Educação Infantil Dengoso, na Freguesia, que tem 70 alunos e capacidade para 120.
Outra questão – Mas a concorrência não é o único problema. A diminuição das taxas de natalidade – principalmente entre as famílias de mais alta renda – e o achatamento da renda da classe média também atrapalham a vida dos mantenedores.
“Não vale mais a pena abrir escola“, diz Prado. “Quem já tem a sua deve pensar duas vezes antes de oferecer outro nível de ensino. Ou, então, se segmentar e voltar a oferecer um só nível, o médio, por exemplo.“ O sindicato deu início ontem, em Campinas, a uma série de reuniões com mantenedores para apresentar os dados. O levantamento se baseia em informações do Censo Escolar de 2003, do IBGE e da Secretaria de Estado da Educação.