Novo ensino médio é alvo de críticas de alunos e especialistas em educação

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

O governo federal reconhece que o novo ensino médio precisa de correções. Abriu, na semana passada, uma consulta pública por 90 dias para avaliar e reestruturar o modelo. O Ministério da Educação está discutindo com a sociedade o chamado “novo ensino médio”, que começou a ser implementado no ano passado, em todo o Brasil. Mas sem investimentos, o novo sistema, que dá ao estudante o direto de escolher quais disciplinar cursar, é criticado por alunos e pesquisadores do assunto.

Bruna Felix, presidente do grêmio estudantil de uma escola da rede estadual de São Paulo, e Camila Cavalcante, líder de turma, afirmam que têm a sensação de que a escola não está nem preparando para o mercado de trabalho nem para a universidade. Para elas, faltam espaços para as aulas práticas e muitos professores não estão qualificados.

“A gente tem aula de artes na minha turma e essa aula tem um foco muito fora do que a minha professora foi formada”, exemplifica Bruna.

Pela lei, aprovada em 2017, as escolas devem oferecer diferentes itinerários formativos para os estudantes, dentro de quatro grandes áreas: ciências humanas e sociais, linguagens, ciências da natureza e matemática. A ideia é atualizar e aproximar o conteúdo escolar da realidade dos estudantes de hoje, mas a prática vem mostrando que esse modelo impõe muitos desafios às redes públicas de ensino.

A flexibilização aumentou a carga horária de 800 horas por ano para 1.000. Tem mais aulas de matérias específicas e práticas e menos de formação básica, que inclui língua portuguesa e matemática.

“Retiraram matérias básicas da nossa base curricular. Eu acho que nós não deveríamos priorizar os itinerários, e sim essas matérias, porque essas matérias vão estar no vestibular”, defende Camila.

O governo federal reconhece que o novo ensino médio precisa de correções. Abriu, na semana passada, uma consulta pública por 90 dias para avaliar e reestruturar o modelo.

• Novo Ensino Médio: ajustar ou revogar? Entenda em 7 pontos o debate que envolve alunos e MEC

• Novo Ensino Médio: ‘Não podemos permitir que exista uma escola para jovens ricos e outra para os pobres’, defende pedagoga

Pesquisadores que estudam educação ouvidos pelo Jornal Hoje concordam que, da forma que está, não dá para continuar. Para Fernando Cássio, professor de políticas educacionais da Universidade Federal do ABC, a lei deveria ser revogada.

“Nós estamos vendo falta de professor e essa falta de professores, claro, atinge mais fortemente àquelas escolas mais vulneráveis. A reforma do ensino médio prejudica mais os estudantes mais pobres, aqueles que mais precisam de uma escola pública”, destaca ele.

A diretora de articulação do Movimento pela Base, Alice Ribeiro, acredita que o novo ensino médio pode dar certo, se houver o investimento adequado.

“É importante que se acompanhe isso de perto por muito tempo, com dados e evidências muito concretos. Isso é uma política muito estruturante, que leva tempo para funcionar e, para isso, ele precisa de apoio técnico e financeiro. E ele precisa das revisões que forem necessárias e de todo o monitoramento que é necessário para que funcione para os estudantes”, diz.

Publicado por Jornal Hoje – G1  em 16/03/2023.

Menu de acessibilidade