Nova conquista de Sérgio Machado

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O dono da Record, o editor Sérgio Machado, comemorou esta semana a aquisição da editora Best Seller, que pertencia ao grupo do empresário Richard Civita, o Nova Cultural, casa das novelas açucaradas das séries “Sabrina”, “Julia” e “Bianca”, vendidas em bancas de jornal. A Best Seller, criada em 1986 para edição de obras direcionadas a livrarias, tem 247 títulos em catálogo, com destaque para os livros de culinária de Ana Maria Braga, que já atingiram a marca de 300 mil exemplares, e os estrangeiros de Nora Roberts, Deepak Choppra e Michael Connelly. No bolo editorial de Sérgio Machado, a editora recém-comprada fica com a fatia de 5% do faturamento. Inicialmente. Animado e com muitos projetos, Machado quer aumentar a parcela, assim como o tamanho de seu grupo. Este mais recente negócio, diz ele, é uma maneira de queimar etapas — já que constituir catálogo não é coisa que se faça rapidamente — e ganhar vantagem no que ele mesmo chama de “guerra” do mercado editorial. Editoras que têm surgido com força, como a W11 e a Girafa, e estrangeiras como a espanhola Planeta, que chegam capitalizadas ao país, têm criado novos desafios ao setor.  
 
O tradicional editor carioca, já faz alguns anos, optou por crescer diversificando selos e diferentes editoras sob um mesmo guarda-chuva, inspirado em grupos internacionais como Random House e Hachette. Numa reestruturação que fará em breve, a Distribuidora Record de Serviços de Imprensa será a holding e dona do parque gráfico, sob a qual vão se abrigar, além da Best Seller, a própria Record (hoje com 75% do total); a Bertrand Brasil (com 13%) e a José Olympio (com 7%). Machado também planeja migrar títulos de uma casa para outra.  
 
Na Best Seller, que competirá com editoras como a Sextante, os livros devem sofrer uma plástica visual. A ênfase será na linha life style , com obras de auto-ajuda sobre temas como dietas, despesas pessoais, crescimento individual. O muito bem-sucedido “Quem mexeu no meu queijo?”, de Spencer Johnson, hoje editado pela Record, provavelmente passará para a nova casa. Até o fim deste ano, o livro lançado em 2001 deve alcançar a marca de um milhão de exemplares vendidos no Brasil. A história do queijo, por sinal, não sai da cabeça de Sérgio Machado.  
 
— “Quem mexeu no meu queijo?” faz pensar sobre esta questão do mercado editorial hoje. Quem acha que é o dono do pedaço, dança. O livro ensina a perceber os sinais de mudança. Vivemos em mundo de grandes mutações. “Nada dura para sempre”, para citar outro livro, este de Sidney Sheldon — afirma.  
 
Recentemente, a Planeta teria pagado R$ 50 mil em adiantamento de direitos autorais a Ronaldo Costa Couto pela biografia do Conde Matarazzo. O valor surpreendeu o mercado. A gigante espanhola quer ser líder no país e já contratou Zuenir Ventura (que assinou contrato para escrever três livros), Fernando Morais (que fará dois livros), Carlos Heitor Cony (com dois romances inéditos). Alguns dos títulos vão ser editados também nos países de língua espanhola.  
 
— A Planeta está fazendo o que já faz em outros países. O mercado brasileiro estava muito fechado, dividido entre poucas grandes editoras. Sempre houve pouca movimentação. Crescer é bom para o mercado, para o leitor e para o autor, que pode perceber outras possibilidades além do Brasil. Vejo a competição de maneira muito positiva — diz Pascoal Soto, editor da Planeta Brasil.  
 
Espaço para crescer não falta, tanto que o editor Pedro Paulo de Sena Madureira, que fundou a Girafa em setembro de 2003, já conta com cerca de 50 títulos em catálogo, alguns deles best-sellers. O editor planeja estar entre as grandes do mercado dentro de uns dois anos. No mundo dos negócios, Sérgio Machado diz que nada se descarta, nem a venda ou a compra de outras empresas.  
 
— Estamos ganhando escala, nos fortalecendo contra os estrangeiros. É verdade que não existe bem invendável e eu sou um comerciante. Falavam que eu iria vender a Record, mas estou fortalecendo o meu lado. Minha meta é continuar a construir um grande grupo — afirma Machado.  

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