No ensino fundamental brasileiro, 23 em cada 100 estudantes estão atrasados

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No ensino fundamental brasileiro, 23 a cada 100 estudantes estão atrasados nos estudos. No ensino médio, etapa final da educação básica, o cenário é ainda pior: 34 a cada 100 estudantes sofreram defasagem ao longo da vida escolar.

 

Os dados foram fornecidos pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) ao movimento Todos Pela Educação, e se referem ao ano de 2009.

 

A distorção idade-série pode ocorrer quando a criança entra atrasada no sistema de ensino ou ainda quando abandona os estudos e retoma. Mas, segundo o professor da FE-USP (Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo) Ocimar Munhoz Alavarse, o atraso escolar pode ser explicado em boa medida pela reprovação.

 

“O único percentual aceitável para a distorção idade-série é 0%. O ideal seria que ninguém reprovasse. Todas as crianças deveriam estar oito ou nove anos no Ensino Fundamental”, afirma. “As altas taxas de reprovação e de repetência não estão produzindo os efeitos de aprendizagem esperados.”

 

Para a professora Inês de Almeida, da Faculdade de Educação da UnB (Universidade de Brasília), o processo ensino-aprendizagem é complexo e não pode se resumir apenas à reprovação por notas.

 

“Ao longo do tempo que esse aluno está na escola, o professor tem oportunidade de conhecê-lo em sua dimensão de sujeito humano e, portanto, pode acompanhá-lo, sabendo de suas fragilidades pessoais, familiares, cognitivas e de domínio de conteúdos. O professor precisa estar atento para que dê a essa criança condições de chegar ao resultado final, mas para que o processo não seja determinado apenas por provinhas”, diz.

 

Desigualdades regionais 

 

No Pará, o atraso escolar atinge 38 a cada 100 estudantes do ensino fundamental. Nos estados das regiões Norte e Nordeste o atraso escolar tem, em geral, se mostrado maior do que nas demais regiões.

 

A cada 100 escolas, 25 são organizadas por ciclos

 

Segundo dados do Censo Escolar 2009, tabulados pelo movimento Todos Pela Educação. Pelo país, há uma concentração do ensino por ciclos no Sudeste, principalmente por causa de São Paulo, em que 99% das instituições de ensino adotam esse sistema.

 

“Hoje, o modelo dominante é o da seriação. Mesmo em escolas que dizem ter ciclos, às vezes, predomina o modo de agir das séries”, aponta o professor da FE-USP (Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo) Ocimar Munhoz Alavarse.

 

Segundo o professor, o modelo de ensino por ciclos, sem a reprovação dos alunos que não obtêm o desempenho esperado, implica um esforço da comunidade escolar em repensar o que vai ser ensinado (o currículo), em organizar o tempo para esse ensino e em acompanhar o percurso dos estudantes de perto, para evitar que dificuldades com o conteúdo se estendam ao longo do percurso acadêmico.

 

 

 

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