Na zona rural, 23% da população com mais de 15 anos é analfabeta

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Em tempos de adaptação de uma nova reforma ortográfica no país, o desafio de 23,3% da população da zona rural ainda está alguns passos atrás: se familiarizar com as letras, em qualquer que seja sua gramática.  
 
Esse é o contingente de pessoas do campo que têm mais de 15 anos de idade e são analfabetas, segundo os critérios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): não sabem ler nem escrever. Dados da Pnad 2007 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada nesta quarta-feira (24), mostram que a educação continua atolada nas estradas rurais.  
 
Apesar de o número de desletrados ter reduzido expressivamente ao longo do tempo, um dado está estagnado há pelo menos dez anos: a taxa de analfabetismo no campo é três vezes maior que na cidade. Se um em cada dez brasileiros com mais de 15 anos de idade ainda não sabe ler nem escrever, é na zona rural que residem quase 65% desse público.  
 
Atualmente, o índice de analfabetismo urbano é de 7,6%, enquanto 23,3% das pessoas da zona rural não têm instrução. Em 1997, a taxa era de 10,7% na cidade e de 32% no campo.  
 
Os recorrentes problemas de falta de professores, de transporte e de material didático adequado, além da infra-estrutura precária, limitam o acesso dos jovens do campo à educação e ajudam a aumentar o índice dos analfabetos funcionais, aqueles que têm menos de quatro anos de estudos. São cerca de 30 milhões de pessoas no país, o que representa 21,7% da população.  
 
A taxa para o setor rural, 42,9%, é mais do que o dobro da mesma apurada para o setor urbano, 17,8%. O Nordeste se sobressai com o maior índice, 33,5% (53,2% no meio rural), resultado ainda hoje maior do que as taxas das regiões Sul e Sudeste, em 1997, com cerca de 24%. Para balizar a qualidade de aprendizagem dos alunos em todo o sistema educacional brasileiro, o MEC (Ministério da Educação) aposta no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), indicador criado para orientar o direcionamento de verbas da área. No entanto, a avaliação deixa de fora turmas de 4ª e 8ª séries de 88 mil escolas rurais (45% do total).  
 
Em entrevista à revista Nova Escola, na edição de agosto, a diretora de Estatísticas da Educação Básica do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Maria Inês Pestana, admitiu que essa exclusão do cálculo pode gerar uma distorção nos municípios que possuem mais matrículas e escolas na zona rural que na urbana.  
 
“O Ideb não é um indicador completo. Ele tem uma boa cobertura média, mas pode ter distorções nas áreas com grande concentração rural, sobretudo para as séries iniciais do fundamental“, disse à revista.  
 
Segundo dados do Panorama da Educação do Campo, mais de 70% dos alunos do campo estão nas séries iniciais do fundamental. Apesar de admitir o problema, de afirmar que ele precisa ser corrigido e que já há soluções em estudo, o MEC não tem data definida para incluir as escolas rurais na Prova Brasil.  
 

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