Mudança no vestibular gera estresse no aluno, diz educador

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A mudança imediata do vestibular tradicional pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para a entrada na universidade está gerando estresse em alunos que, durante sua vida escolar, foram preparados para a seleção nos moldes atuais. A avaliação foi feita pelo idealizador e coordenador do Guia Enem, Carlos Piatto, durante o 16º Congresso Internacional de Educação, no Expo Center Norte, em São Paulo. Segundo ele, o uso do Enem como prova de seleção para o ensino superior é uma tendência, já que isso consta dos documentos do projeto, mas ainda há necessidade de alterações devido ao que chamou de ingerência das universidades, que acabam por moldar o currículo de acordo com as exigências do vestibular. “A necessidade de um exame diferente que trabalha com leitura, com a resolução de problemas, já existe. Seria um alívio para o aluno trabalhar de forma diferente daquela que trabalha. Essa insegurança é gerada em função do próprio tempo que o aluno tem para entender como isso vai acontecer“, disse.

Para Piatto, o Enem, como está planejado, não é suficiente para selecionar o aluno que entrará ou não na universidade, por isso a proposta de mudança e o aumento do número de questões são importantes. “Você não consegue comparar a nota de um Enem com os anos anteriores, então não dá para ver se o aluno que fez duas provas diferentes teve nota melhor ou pior porque as provas foram diferentes. A maneira como o Enem está estruturado não me parece suficiente para uma seletividade como é necessária em alguns cursos“, disse.

Piatto acredita que muitas das instituições utilizarão o Enem como primeira fase de seu processo seletivo para depois, na segunda etapa, realizar de fato a seletividade necessária em alguns cursos. “Em alguns lugares, já se notou que o aluno que entra na universidade por meio do vestibular seria o mesmo que entraria pelo Enem. Mas tem que se levar em conta que há diversas possibilidades, com vestibulares que contam com uma série de particularidades“. Nesse caso, ele cita instituições que têm candidatos extremamente capacitados, para os quais a prova do Enem não seria suficiente em sua seleção. “Dificilmente um vestibular concorrido, como é o caso do ITA, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica, poderia usar o Enem como única ferramenta de seleção“. Na avaliação de Piatto, quem está preparado para o vestibular também está preparado para o Enem, mas o grande problema é que o aluno é condicionado a pensar de uma determinada maneira, porque pensa nas matérias de forma separada e procura resolver primeiro os exercícios das disciplinas de que mais gosta ou que sabe melhor. “Dentro da concepção do Enem, não existe essa classificação. E eu acredito que o aluno está muito mais preparado do que o Enem exige, às vezes. Só que de uma maneira diferente“.

O educador afirmou que o índice de analfabetismo de 9,9% em 2007, verificado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), e a queda de 0,4% ao ano dessa taxa aparecem no Enem, já que muitos alunos deixam de conseguir nota melhor porque a principal competência do exame é a leitura e a interpretação. “Esse aluno tem sérias dificuldades na sua formação, que o afetam. É um problema a ser trabalhado constantemente. O desenvolvimento dessa competência leitora é função de todos os professores, não só dos de língua portuguesa“.

Federal do Espírito Santo vai usar novo Enem na primeira fase do vestibular 2010

A Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) decidiu na manhã desta sexta-feira (15) que vai utilizar as notas da prova objetiva do novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) na primeira fase do vestibular 2010. A decisão foi tomada pelo Conselo de Ensino, Pesquisa e Extensão da universidade.

A segunda etapa, que será realizada entre os dias 13 e 15 de dezembro, permanecerá no mesmo formato, e será composta de duas provas discursivas específicas por área, e uma prova de redação para todos os candidatos.

A nota do Enem 2009 servirá apenas para classificar os candidatos para a segunda etapa, e esta pontuação não será computada na nota final.

O reitor Rubens Rasseli ponderou que a Ufes não quis promover mudanças radicais para não prejudicar a programação das escolas e dos candidatos que se preparam para o vestibular.

Segundo Rasseli, a Ufes já utiliza o Enem na primeira etapa, em até 25% da pontuação, e agora vai utilizar 100% da nota. “Não podíamos ficar indiferentes às mudanças anunciadas pelo MEC para todo o país“, disse.

Mudança nas cotas – Na mesma reunião, o conselho também aprovou alterações no sistema de reserva de vagas a partir do vestibular 2010.

A reserva, que antes era destinada para alunos da rede pública de ensino e com renda familiar de até sete salários mínimos, mudou. A universidade decidiu utilizar como critério a renda familiar mensal per capita de meio salário mínimo ou renda familiar mensal de até três salários mínimos.

Além disso, o sistema de inclusão social terá como meta atingir o percentual de reserva de 50% das vagas em cada um dos cursos de graduação, se, houver expansão de, no mínimo, 50% de novas vagas sobre o total das vagas do respectivo curso existentes no ano de 2007.

Poderão concorrer às vagas reservadas os candidatos que não tiverem diploma de curso superior; tenham cursado, no mínimo, quatro séries do ensino fundamental e todo o ensino médio ou curso equivalente, exclusivamente, em escola pública no Brasil; possuam renda familiar mensal per capita de meio salário mínimo ou renda familiar mensal de até três salários mínimos; estiverem inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.  
 
 
 
 
 
 
 

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