MEC trava batalha milionária com editoras

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O Ministério da Educação (MEC) trava uma batalha com 13 editoras para fechar a compra de 95 milhões de livros didáticos. Cada centavo a menos no preço unitário significa a economia de milhões de reais. Até a última sexta-feira, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão do MEC responsável pela operação, havia fechado acordo com apenas duas das 13 empresas.  
 
A negociação já permitiu uma economia de R$ 2 milhões, menos de 1% do que o FNDE gostaria de reduzir no valor cobrado inicialmente pelas editoras. Somadas, as propostas dos empresários totalizaram R$ 640 milhões na primeira rodada de negociação. O FNDE pretendia gastar apenas R$ 400 milhões. Foi em torno dessa diferença de R$ 240 milhões que começou em agosto uma sucessão de reuniões em Brasília.  
 
As atas publicadas na página do FNDE na internet mostram que o acordo só foi possível com as editoras Base e Nova Geração.  
 
— Está uma negociação dura — resume o diretor-presidente da Associação Brasileira de Editores de Livros (Abrelivros), João Arinos.  
 
Além de dirigir a entidade, Arinos é diretor-superintendente da Ática, a maior editora do ramo no país, e da Scipione. Juntas as duas empresas deverão vender 32,3 milhões de livros de ensino fundamental ao governo. Pela proposta inicial que apresentaram, essa montanha de exemplares custaria R$ 221 milhões. O FNDE ofereceu R$ 134 milhões, ou seja, R$ 87 milhões a menos.  
 
Como em todo negócio, a primeira proposta tem exageros dos dois lados: tanto as editoras jogam o preço para cima quanto o governo fixa um piso mais baixo.  
 
A negociação se dá pelo valor dos chamados cadernos tipográficos, conjuntos de 16 páginas que compõem os livros. Portanto, quanto mais páginas, mais caro o exemplar.  
 
Contratos precisam ser fechados até 15 de setembro  
 
A Ática cobrou inicialmente 66% a mais do que o FNDE queria pagar por cadernos tipográficos, uma diferença de 16 centavos. No caso da Editora Brasil, a variação chegou a 73%.  
 
Cada rodada de negociação é feita com lupa. No caso da Ática, por exemplo, um único centavo a mais ou a menos no preço do caderno tipográfico significará uma economia de R$ 3,6 milhões no conjunto de 22 milhões de livros de ensino fundamental que a editora espera vender ao governo.  
 
Na última sexta-feira, as editoras enviaram nova proposta de preços ao FNDE. A iniciativa teria sido uma resposta a novos valores apresentados pelo governo. O FNDE não se pronunciou sobre o assunto. Informou apenas que prefere manter o silêncio enquanto a negociação estiver em andamento.  
 
— Nossa expectativa é que ocorra mais uma rodada ou quantas forem necessárias para chegarmos a um acordo. É um processo individual. Não há negociação em bloco — disse Arinos.  
 
Segundo ele, os contratos precisam ser fechados até 15 de setembro para garantir que os livros cheguem às escolas antes do início das aulas, no ano que vem. Pela primeira vez, o FNDE enviará também livros didáticos para os alunos do ensino médio, mas apenas para as escolas do Norte e do Nordeste.  

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