MEC muda o sistema de classificação de livros

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Material didático não recebe mais cotações e professores fazem escolhas a partir de mera descrição  
 
Pela primeira vez desde o início do programa governamental de distribuição de livros didáticos, em 1985, o Ministério da Educação (MEC) está abandonando este ano o sistema de classificação das obras. Até então, o governo fazia recomendações sobre a qualidade dos títulos a serem escolhidos pelos professores de cada escola do País. O critério ia de uma a três estrelas. No ano passado, o governo passou a usar os conceitos “pouco recomendado“, “recomendado“ e “muito recomendado“. Agora, os professores fazem suas escolhas apenas com a ajuda de uma descrição – sem julgamento – de cada livro. A descrição é preparada pelo MEC.  
 
Até 25 de junho, os professores podem escolher as obras que desejam usar com os alunos de 5.ª a 8.ª séries no ano que vem.  
 
Por incrível que pareça, o fim das recomendações do governo se deu porque os professores vinham optando principalmente por livros de um estrela ou os pouco recomendados. Ou seja, os piores entre os pré-avaliados pelo ministério.  
 
Por quê? “Não há nenhum estudo que mostre porque isso acontecia, mas eu suponho que seja porque eles preferissem livros com conteúdos mais fáceis“, diz o presidente do Fundo Nacional Desenvolvimento da Educação (FNDE), José Henrique Paim Fernandes. Assim, diz ele, os professores não correriam o risco de não entender ou não saber como lidar com livros supostamente mais sofisticados.  
 
“A classificação não fazia mais sentido“, diz o diretor de ações e assistência educacional do FNDE, Daniel Balaban. Segundo ele, a idéia do programa sempre foi a de que os professores de cada região escolhessem livros mais apropriados para sua realidade local. Mas a partir do momento que o governo dizia qual eram os melhores títulos, “tirava a capacidade dos professores de escolher“.  
 
O presidente do Sindicato dos Profissionais do Ensino do Estado de São Paulo (Apeoesp), Carlos Ramiro, porém, lamenta a mudança. “A escolha é do professor, mas ele precisa de uma crítica para auxiliá-lo na análise“, diz.  
 
Segundo ele, os professores muitas vezes “não têm tempo“ para ler descrições das obras e uma avaliação do MEC facilita.  
 
Ramiro também nega que os educadores preferissem os livros piores avaliados por serem os mais fáceis. “Às vezes eles escolhem os livros que já conhecem ou que imaginam ser mais próximos de sua realidade.“ Mesmo assim, diz que a suposta “ignorância“ dos professores seria de responsabilidade do próprio ministério e das secretarias de Educação, que não oferecem cursos de aperfeiçoamento.

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