Mapa das crianças, jovens e adultos fora da escola revela desafios para o acesso à educação no Brasil

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A Campanha Nacional pelo Direito à Educação e o Instituto Paulo Montenegro (ação do Ibope pela educação) lançam os resultados do Mapa das Crianças, Jovens e Adultos fora da Escola. Trata-se de uma atividade de pesquisa com finalidade educativa que foi aplicada em abril por organizações não-governamentais, sindicatos, grupos comunitários e escolas de todo o Brasil.  
 
O objetivo do Mapa foi o de identificar as razões que levaram crianças, jovens e adultos que nunca freqüentaram ou não completaram a educação básica a estarem fora da escola. A educação básica compreende as etapas da educação infantil, ensino fundamental e ensino médio e as modalidades educação especial, educação de jovens e adultos, educação indígena e educação profissional. 
 
Mais de 70 mil questionários e dez mil manuais de orientações foram distribuídos nacionalmente e aplicados por centenas de grupos, escolas e organizações. A atividade fez parte da mobilização “Semana de Ação Global”, promovida no Brasil pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação e que teve como focos a exigência do cumprimento da legislação educacional e a necessidade urgente de mais investimentos na educação pública. Em escala internacional, a Semana foi protagonizada pela Campanha Global pela Educação e mobilizou mais 2 milhões de pessoas.  
 
“Neste momento em que o governo federal discute a proposta de Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação), e que a Campanha e muitas organizações e redes da sociedade civil cobram dos governos que o novo Fundo nasça com recursos suficientes para cumprir as metas do Plano Nacional de Educação, o Mapa vem mostrar claramente alguns dos grandes desafios concretos e cotidianos que levam a educação de qualidade a ser um direito humano violado para a gigantesca maioria dos brasileiros”, afirma Denise Carreira, coordenadora da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.  
 
 
Uma atividade educativa 
 
O Mapa não se constitui em pesquisa científica e não possui controle de amostra, já que foram estudantes, educadores, lideranças comunitárias e ativistas que aderiram à mobilização, que aplicaram o questionário em suas localidades. “Mesmo não sendo uma pesquisa científica, os resultados apontam questões urgentes com relação ao acesso ao direito à educação no Brasil que devem ser reconhecidas e enfrentadas pela autoridades públicas e pelo conjunto da sociedade brasileira. Inclusive, esses dados revelam a necessidade de pesquisas científicas que aprofundem o conhecimento das problemáticas abordadas pela mobilização”, enfatiza Patrícia Kalil, do Instituto Paulo Montenegro.  
 
Os resultados do Mapa foram obtidos por meio da tabulação no sistema online do Ibope e análise de 12.604 questionários. A tabulação foi feita por comitês e organizações vinculadas à Campanha e aos pólos do NEPSO (Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião), projeto vinculado ao IPM.  
 
“Mais do que os resultados numéricos, a mobilização foi uma grande oportunidade para que milhares de crianças, jovens e adultos pesquisassem e descobrissem os problemas da educação, de suas comunidades e possíveis caminhos coletivos de transformação da realidade”, lembra Marilse Araújo, coordenadora do NEPSO, cuja sede é na organização não-governamental Ação Educativa, e que utiliza a metodologia da pesquisa para fins educativos.  
 
 
Alguns dados 
 
* A grande maioria (87%) dos entrevistados já passaram pelos bancos da escola, e acabaram saindo antes de concluir o ensino básico. 
 
* Para 39%, o abandono se deu no ciclo básico entre 1ª e 4ª série (39%) e outra parcela significativa saiu da escola entre a 5ª e a 8ª série (29%). Apenas 8% saiu da escola no ensino médio entre 1º e 3º ano e 5% na alfabetização de jovens adultos.  
 
* O número dos que abandonaram a escola entre a 1ª e a 4ª série é maior nos que recebem até 1 salário mínimo (43%) e menor nos que recebem mais do que 4 salários (28%). Quanto mais baixa a renda, maior é a dificuldade para a permanência na escola, levando crianças, jovens e adultos a enfrentarem um verdadeiro “funil”. 
 
* A maior parte está há mais de seis anos (58%) fora da escola e uma pequena porcentagem (8%) está fora somente há um ano. 
 
* Quanto à cor das pessoas fora da escola entrevistadas, a porcentagem dos afro-descendentes (pardos + pretos) é de 54%; dos brancos, 38%; indígenas 3% e amarelos 2%. Quanto menor a renda dos entrevistados, maior é a presença de pardos e negros e menor a de brancos.  
 
* Quanto ao motivo que levou estas pessoas a largarem a escola, 38% alegaram necessidade de trabalhar, 11% alegou que não gosta da escola e falta de interesse, 8% a distância entre a escola e a casa, 7% por problemas familiares e por dificuldades financeiras e 4% por problemas de saúde e por dificuldade de aprender. 
 
* Das pessoas que pararam de estudar (48%) gostariam de voltar e (36%) não gostariam. Questionados sobre o que faria com que voltassem a estudar, 10% alegou a existência de vaga em escola próxima de casa, algum tipo de apoio financeiro (bolsa escola, bolsa trabalho), e conseguir trabalhar e estudar em horários compatíveis, 8% gostariam de ter maior oportunidade profissional com o estudo, 6% gostaria de encontrar escola de ensino supletivo, 3% gostaria de ter o apoio da família e 2% gostariam de se sentir mais acolhidos na escola e ter professores mais qualificados e motivados. 
 
 
Mais detalhes 
Ibope/ RLC Comunicação e Idéias 
Eunice Dornelles (11) 3673–4452  
 
Campanha Nacional pelo Direito à Educação
Thaís Chita (11) 3151–2333 (r 133) / 8224-8202 

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