Mania de ler e escrever

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Veja o filme, ouça o CD, jogue o game, leia o livro. Depois, leia mais livros e, quem sabe, comece a escrever. Típica do século XXI, a chamada ´convergência de mídias´ está levando crianças e adolescentes a descobrir o prazer das palavras. Além de ler mais, estão tomando gosto pela escrita graças a uma modalidade nascida na internet: a fanfiction, em que se criam continuações e versões para as aventuras dos personagens preferidos.  
 
Cai por terra o mito de que a TV, o videogame e o computador são inimigos dos livros. O mercado comemora. Só em 2003, foram vendidos 13 milhões de livros no setor infantil e 7,8 milhões no juvenil. ´Temos livros que viram filmes, games que viram livros, peças de teatro e assim por diante. Numa sociedade de comunicação como a que estamos vivendo, quando um elo é estimulado, toda a cadeia cresce´, analisa Marino Lobello, vice-presidente da Câmara Brasileira do Livro.  
 
Na era digital, nem sempre o livro existe fisicamente. Fernando Gomes, de 12 anos, lê pela internet todos os dias. ´Já li o primeiro volume de Dungeons & Dragons, que tem 300 páginas grandes e com as letras bem pequenas´, conta. A escritora Tatiana Belinky, autora de mais de 120 livros infanto-juvenis, pratica a tal ´convergência de mídias´ muito antes de essa expressão existir. Nos anos 40, adaptava contos para a TV e foi responsável pela primeira versão do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Sua experiência mostra que os frutos dessa interação são positivos. ´Até hoje existe gente que vem me contar que começou a ler por causa de um de meus teleteatros ou do Sítio´, comenta.  
 
Na casa dos Barcellos, ler é um dos passatempos preferidos dos irmãos Fabricio, de 12 anos, e Giorgio, de 8. Fabricio começou a se interessar por temas medievais depois de ver o primeiro filme da série O Senhor dos Anéis. De lá para cá, leu a saga de J.R.R. Tolkien cinco vezes. ´Gosto de ler sobre a história das civilizações, principalmente as antigas´, diz. Giorgio descobriu a leitura com as aventuras do bruxinho Harry Potter. Junto com três amigos, escreve seu primeiro livro, com o título provisório de Uma Aventura Enganada. Gosta tanto que não pára nem durante a aula. ´Uma vez, a leitura estava tão boa que nem prestei atenção no que a professora estava falando. Acabei tirando C na prova´, conta.  
 
Também insaciável, Melina França, de 14 anos, já levou livro para uma festa de tão ansiosa que estava para descobrir o final. ´Minhas amigas se irritam comigo. Dizem que sou viciada´, brinca. Adepta da fanfiction, escreve diariamente. Atualmente, vem fazendo contos para a série de Harry Potter. ´Publicar na internet é bom porque várias pessoas lêem e fazem críticas´, diz.  
 
Além de fornecer novos estímulos, as escolas têm sua parcela de contribuição. ´Ler deixou de ser uma obrigação. As escolas não tratam mais a leitura como uma disciplina em que o aluno vai ser avaliado pelo que leu ou deixou de ler. Hoje, o mais comum e proveitoso é apresentar os livros como um objeto cultural para informação, pesquisa e prazer´, explica a educadora Maria Cristina Nogueira, que trabalha na formação de professores.  
 
Livrarias interativas que oferecem atividades paralelas, como contadores de histórias, e edições mais caprichadas também têm seu papel. ´Em uma sociedade visual como a nossa, só se desperta o gosto da criança pela leitura através de livros bem ilustrados´, opina a educadora Ana Mae Barbosa. Ir a livrarias é o passeio preferido de Victoria Piscopo, de 5 anos. Apesar da pouca idade, a menina já tem a própria biblioteca – uma enorme gaveta cheia de livrinhos. ´Só não leio letra cursiva´, orgulha-se. 

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