MEC promete divulgar nova lista de respostas certas às 10h de segunda-feira.Abalado após o vazamento da prova que seria aplicada em outubro, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) realizado no fim de semana registrou uma abstenção recorde.
Dos 4,1 milhões de candidatos que se inscreveram, pelo menos 39,5% faltaram. O índice foi o maior de todas as edições do exame, aplicado desde 1998. Mas o grande problema não foi a abstenção, mas a divulgação de um gabarito com pelo menos seis respostas erradas.
O Ministério da Educação anulou o primeiro gabarito e promete divulgar outro hoje, até as 10h. Além deste erro, uma das 45 questões de linguagem foi anulada. A prova que seria realizada em 3 e 4 de outubro foi adiada após a descoberta de vazamento. Com isso, diversas universidades desistiram de considerar a nota nos seus vestibulares. Em Florianópolis, estudantes ficaram revoltados por não conseguir chegar a tempo. Por causa das obras na SC-401, no Norte da Ilha, mais de 100 alunos e perderam o horário. Até fiscais da prova não teriam conseguido chegar a tempo no Complexo de Ensino Superior de SC (Cesusc), em Santo Antônio de Lisboa.
A prova de sábado começava às 13 horas. Vlamir Parlis Ferreira, morador do Sul da Ilha, não conseguiu levar a filha, Gabriela Silva Ferreira, de 16, a tempo no Cesusc. O carro ficou praticamente parado na fila da SC-401, pois havia obras na pista. –Vimos gente largando os carros e correndo na tentativa de chegar. Foi uma vergonha. Tinha estudante chorando – lamentou Vlamir, informando que na manhã de hoje dezenas de pais vão ao Ministério Público. Francisco Gelinski Neto só conseguiu deixar o filho a tempo no Cesusc porque percebeu a fila na rodovia e resolveu fazer o caminho pelo bairro Cacupé. Ele avisou a Polícia Militar Rodoviária sobre o Enem e pediu que as máquinas fossem para o acostamento, mas sem sucesso.
O presidente do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Romualdo França, disse que o órgão não tinha sido comunicado que as provas seriam feitas no Cesusc. – Se alguma instituição tivesse nos procurado para solicitar a interrupção da obra por conta da prova, teríamos atendido – disse. Em nota, o Cesusc informou que o campus de Santo Antônio de Lisboa foi locado pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe) para a prova do Enem e que não tinha responsabilidade sobre o exame e a situação dos candidatos atrasados.
No Instituto Estadual de Educação, no Centro da Capital, também houve ausência de estudantes. A estudante Ana Odorizzi, 19 anos, notou a ausência de pelo menos oito alunos que não compareceram em sua sala. – Achei a prova interessante, com questões de ética nacional e corrupção, assuntos bem atuais, mas foi cansativo – avaliou Ana que pretende cursar letras na UFSC.
A nota do Enem vai compor 20% do resultado final do vestibular da UFSC. A prova será a única maneira de ingressar na Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), que tem uma das sedes em Chapecó, no Oeste do Estado. O resultado oficial do Enem sairá em 5 de fevereiro.
Prova do Enem foi mais difícil que a cancelada
Folha de São Paulo – Fabiana Rewald, Fábio Takahashi e Chico Felitti
Para candidatos e professores de cursinhos, 1º dia do exame exigiu mais conhecimento de matérias e menos raciocínio. Gabarito deve ser divulgado domingo; enunciados longos fizeram com que as quatro horas e meia de prova fossem consideradas insuficientes
Longos enunciados e maior cobrança das matérias do ensino médio foram as principais dificuldades encontradas pelos candidatos ontem, na primeira prova do Enem. Na opinião de alunos e cursinhos, o exame foi mais difícil que a versão que vazou em outubro e foi cancelada pelo Ministério da Educação. A prova de ontem teve ciências humanas (geografia e história, por exemplo) e da natureza (química, física e biologia).
Reformulado no início deste ano, o exame deveria manter o nível de dificuldade para que diferentes edições possam ser comparáveis entre si. Sobre a mudança do padrão em relação à versão cancelada, o Inep (órgão responsável pelo Enem) disse apenas que as questões vieram do mesmo banco de perguntas da primeira versão e que a “calibragem” do nível de dificuldade foi feita pelos mesmos técnicos.
Para os cursinhos Anglo, Henfil, Objetivo e da Poli, houve mudança no nível. “Fizeram a prova mais difícil do que a que vazou para mostrar serviço”, diz a aluna Nara Mantoni, 18. O Cursinho da Poli acha que uma questão sobre escravidão no Brasil não tem resposta e critica a profundidade de um teste sobre genética. O Anglo questiona as alternativas de uma questão sobre carbono.
Reformulação – O Enem foi reformulado neste ano para que pudesse ser usado como vestibular unificado de universidades federais. Para isso, o MEC anunciou que iria aumentar a cobrança das disciplinas do ensino médio, mas sem deixar de lado o caráter interpretativo do exame.
Outra mudança foi o aumento nas questões, que passaram de 63 para 180 (em dois dias). A prova maior e com longos enunciados, porém, fez com que as quatro horas e meia não fossem suficientes, dizem alunos e professores. “Nenhum conteúdo era desconhecido, mas a prova foi trabalhosa”, diz Miguel Castro, do COC. Segundo Mateus Prado, presidente do Instituto Henfil, se o nível de exigência se mantiver hoje na prova de matemática e linguagens, será difícil completar o exame no tempo dado e fazer a redação.
Enem termina com quase 40% de abstenções
Correio Braziliense
Dos mais de 4 milhões de estudantes que se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), apenas cerca de 2,5 milhões compareceram ao exame. As provas foram aplicadas neste fim de semana (5 e 6/12) e, de acordo com o Inep, o processo ocorreu com tranqüilidade nas mais de 9 mil salas participantes em todo o país.
Para o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, o balanço desta edição do Enem é positivo. “A reestruturação do Enem é um avanço, uma oportunidade concreta de sinalizarmos com mudanças no ensino médio, ao mesmo tempo em que se racionaliza os processos seletivos das instituições de ensino superior.
“Apesar de tudo o que enfrentamos, o Enem se consolida como a grande avaliação do ensino médio brasileiro”, diz.
A média nacional de faltosos ficou em 37,7% no sábado. Em São Paulo, foi registrado índice de 46,9%. O estado concentra mais de 1 milhão de estudantes e, com a mudança da data de aplicação da prova, instituições importantes como USP, Unicamp, Fundação Getúlio Vargas e PUC ficaram impossibilitadas de utilizar a nota do Enem, por força de seu calendário, o que diminuiu o estímulo dos alunos para fazer a prova. No domingo, dados preliminares apontam que 2,9% dos inscritos que realizaram a prova no sábado desistiram de fazê-la hoje.
Estudantes de Brasília dizem que prova do Enem foi muito longa e cansativa
Agência Brasil
Para os estudantes brasilienses que participaram hoje (6) do segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a prova não estava difícil, mas os longos textos de algumas das 90 questões de linguagem e lógica, além do enunciado da redação, tornaram a prova cansativa.
Ao fim de cinco horas e meia de prova – uma hora a mais do que ontem (5) -, algumas pessoas admitiram à Agência Brasil ter “chutado” parte das respostas por simples cansaço. Foi o caso do funcionário público Sebastião Pereira Aguiar, que deixou a sala antes do prazo final para a conclusão da prova. “A prova não estava difícil, mas é muito grande, tem muitos textos e acaba se tornando cansativa. Como é preciso ler muito, chega uma hora que você cansa e a parte final era justamente a de raciocínio lógico.
É humanamente impossível responder tudo e como a parte final era justamente a de raciocínio lógico, para mim ficaram faltando algumas questões de matemática”, disse Aguiar. O estudante Wesley Viana dos Santos também considerou a prova cansativa. Para ele, as questões de lógica deveriam ter sido aplicadas junto com as de ciências da natureza, que esse ano trataram de temas atuais, como aquecimento global e efeito estufa. “Esse segundo dia estava bem complicado e eu já estava estressado. Em algumas questões era difícil entender o que o enunciado queria, mas, no todo, a prova foi normal”, disse Viana, acrescentando ter associado o recente escândalo de corrupção envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), com o tema proposto para a redação.
A partir da questão “Eles são todos corruptos?”, os participantes tinham que escrever um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema O Indivíduo Frente à Ética Nacional, apresentando uma proposta de ação social que respeite os direitos humanos.
“Achei que veio bem a calhar e óbvio que pensei no Arruda e em todos os envolvidos [nas denúncias investigadas pela Polícia Federal], mas achei melhor não citar nomes [na redação]. Até porque, a corrupção não se limita a esse episódio”, comentou Viana.
Já o estudante Artur Brian Correira Silva de Azevedo comemorou o fato de a prova estar em conformidade com o que havia estudado. Mesmo assim, ele também sugeriu que os organizadores reduzam o tamanho dos textos. “A prova foi boa, mas os enunciados de algumas questões estavam muito complexos e bastante cansativos, tomando bastante tempo.” Flamenguista, Azevedo brincou que o difícil foi evitar a ansiedade pelo fato de seu time estar disputando a final do Campeonato Brasileiro. “O mais importante é o futuro profissional. Claro que o time também é importante e eu estava ansioso para saber quanto estava o jogo, mas quando eu chegar em casa eu vejo. Até porque, sei que o Flamengo vai ganhar.”
Mais de 2,5 milhões de estudantes participam do Enem em todo o país
Assessoria de Imprensa do Inep
Total tranqüilidade. Essa foi a situação vista no segundo e último dia de aplicação de prova do Enem. Não houve registro de nenhum incidente em nenhuma das mais de 9 mil salas onde foram aplicadas as provas.
Neste domingo, os participantes do Enem fizeram as provas de Matemática e suas tecnologias e de Linguagens, códigos e suas tecnologias – cada uma com 45 questões, além da redação.
Para o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, o balanço desta edição do Enem é positivo. Segundo ele, o sucesso na reorganização do exame em 60 dias e a eficiência demonstrada no novo processo demonstram a seriedade com que o Ministério da Educação e o Inep trataram a questão. “A reestruturação do Enem é um avanço, uma oportunidade concreta de sinalizarmos com mudanças no ensino médio, ao mesmo tempo em que se racionaliza os processos seletivos das instituições de ensino superior. Apesar de tudo o que enfrentamos, o Enem se consolida como a grande avaliação do ensino médio brasileiro”, diz.
A média nacional de faltosos ficou em 37,7% no sábado. Só em São Paulo, foi registrado índice de 46,9%. O estado concentra mais de 1 milhão de estudantes e, com a mudança da data de aplicação da prova, instituições importantes como USP, Unicamp, Fundação Getúlio Vargas e PUC ficaram impossibilitadas de utilizar a nota do Enem, por força de seu calendário, o que diminuiu o estímulo dos alunos para fazer a prova.
O índice nacional de abstenção é atribuído, fundamentalmente, à distância de quase cinco meses entre período de inscrições e aplicação da prova e à ocorrência de chuvas em todo o país. “O adiamento do exame deve ter tido impacto nesses índices. Nas edições anteriores, a abstenção tem oscilado entre 25% e 30%, mas nunca o período que separa inscrição e aplicação da prova havia sido tão longo”, pondera Fernandes.
O presidente Reynaldo Fernandes lembra que o número absoluto de participantes é bastante expressivo. “São quase 2,6 milhões de estudantes que fizeram o novo Enem, enquanto que cerca de 1,8 milhão concluem o ensino médio no Brasil todos os anos. Além disso, se somarmos as inscrições dos processos seletivos em todas as instituições federais de ensino superior, não chegamos a 2,2 milhões, mesmo considerando que uma mesma pessoa pode se inscrever em mais de um vestibular”, argumenta.
No domingo, dados preliminares apontam que 2,9% dos inscritos que realizaram a prova no sábado desistiram de fazê-la hoje.