Livros estimulam a criatividade e a inovação desde a primeira infância

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Há cerca de duas décadas, o relatório “Reading at Risk”, do Fundo Nacional Para as Artes (National Endowment for the Arts ou NEA) – uma agência independente do governo federal dos Estados Unidos – já apontava que o declínio na leitura de literatura estaria associado a uma diminuição no desempenho acadêmico. Alunos que não leem regularmente têm mais probabilidade de ter notas baixas e menor participação em atividades extracurriculares educacionais.

No Brasil, o último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa 2022), que avalia o conhecimento e as habilidades dos estudantes na faixa etária dos 15 anos em matemática, leitura e ciências, mostrou que os estudantes do Brasil obtiveram pontuação inferior à média da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) nas três matérias. Cerca de 50% dos estudantes no Brasil atingiram o Nível 2 ou superior em leitura, enquanto a média dos países que integram a OCDE é 74%. Apenas 2% dos estudantes brasileiros obtiveram pontuação no Nível 5 ou superior em leitura (média da OCDE é de 7%).

A literatura sempre foi além do entretenimento e desempenha um papel fundamental na sociedade por ser um instrumento poderoso de debate e reflexão, com o potencial de transformar indivíduos e, consequentemente, a sociedade como um todo. Em um país que apenas metade da população é leitora, de acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil de 2019, o papel da literatura como formadora de cidadãos tem que ser fortemente incentivado.

O mundo da literatura provoca novas ideias e perspectivas, o que enriquece o vocabulário, a cultura e o entendimento sobre o mundo. Ele é a porta de entrada para o desenvolvimento do senso crítico e da criatividade.

Os livros, sejam físicos, digitais ou histórias contadas em áudios imersivos, têm a capacidade única de provocar mudanças profundas nos leitores. De transformar. Ao mergulhar em suas histórias, os leitores são provocados a questionar suas próprias crenças e valores, desenvolvendo empatia e compreensão pelo outro, pelo mundo. Esta transformação é essencial para a formação de cidadãos críticos e conscientes, capazes de distinguir o certo do errado e de ouvir diferentes opiniões.

Memórias

Ainda mais nobre que tudo isso, a literatura é essencial na formação de uma criança. Desde cedo, os livros e suas histórias abrem as portas para elas receberem novas palavras, novos estímulos à imaginação e à criatividade. Além de enriquecer o vocabulário e aprimorar as habilidades linguísticas, a exposição a esse universo desempenha um papel crucial no desenvolvimento emocional e social das crianças. Ao conhecerem diferentes histórias e personagens, elas aprendem a reconhecer e compreender emoções, desenvolvem empatia e são expostas a diversas culturas e perspectivas.

É claro, pelas pesquisas apresentadas, que a leitura regular melhora a concentração e a disciplina. Essas habilidades são indispensáveis para o sucesso acadêmico, mas existe um impacto maior e tão duradouro quanto o que se aprende na escola: momentos de leitura compartilhada com mães, pais ou cuidadores fortalecem os vínculos afetivos e criam momentos que marcam a infância.

Portanto, aquela história contada, lida em um momento de concentração ou compartilhada com a família não só tem o papel de entreter. Os livros, personagens e lições apresentadas preparam as crianças para os desafios da vida, estimulando o pensamento crítico e a capacidade de resolver problemas. É um componente fundamental que contribui para o desenvolvimento intelectual, a empatia e resiliência.

Neste contexto, cabe às editoras o desafio de conectar autores e leitores de todas as idades, oferecendo uma curadoria de qualidade com diferentes histórias e pontos de vistas. Sem maiores pretensões e sem impedir que uma história aconteça mesmo sob a luz do incômodo.

Transformações que nos tornam pessoas melhores, mais cultas, com mentes mais criativas deveriam ser a aspiração de uma sociedade inteira. Ser exemplo de leitor para uma criança, criar um ambiente convidativo à leitura, ler em voz alta, visitar livrarias, bibliotecas, tocar nos livros, acessar livros online. O debate sobre a importância da leitura está além dos portões da escola, deve envolver toda família, e ser um motivo de diálogo, não de polarizações.

A literatura precisa ser colaborativa para formação do senso crítico dos leitores. Ela é a base para a educação integral, promovendo a reflexão, o debate e a transformação. Ao unir esforços, entre editoras, escolas, mães, pais e demais envolvidos neste tema, podemos construir uma sociedade mais crítica, consciente, justa e menos desigual.

 

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