Livros didáticos falhos – SBPC propõe adoção de conteúdos regionais

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ennio Candotti, enviou carta aberta ao ministro da Educação, Tarso Genro, na qual denuncia a precariedade pedagógica de livros didáticos, por desconhecerem o caráter regional da realidade dos alunos, inadequação que estaria na raiz da má qualidade do ensino de ciências. Na carta, ele apresenta sugestões sobre como melhorar a sua qualidade.  
 
Segundo informa o boletim da SBPC, tal conclusão é resultado de encontros promovidos pela SBPC no ano passado, em diferentes estados, com professores do ensino médio e estudantes universitários, nos quais se recolheram sugestões para o aperfeiçoamento do ensino fundamental e médio.  
 
De acordo com Candotti, o conteúdo de tais livros não reflete o caráter regional do contexto existencial dos alunos, componente fundamental do ambiente em que se dá o processo do aprendizado. Livros didáticos providos de conteúdos descontextualizados não atenderiam ao propósito do ensino de despertar os alunos para a diversidade dos contextos sociais e ambientais em que transcorre a sua existência.  
 
A mensagem de Candotti recebeu apoio das secretárias de Educação e de Ciência e Tecnologia do estado do Amazonas, respectivamente, Vera Lucia Marques Edward e Marilene Corrêa, segundo informa o boletim da SBPC.  
 
“Na região Norte são raros os exemplos mencionados nesses livros que correspondam à rica biodiversidade e sociodiversidade que lá encontramos“, escreve Candotti em sua carta. E acrescenta: “Os livros de disciplinas que tratam da biodiversidade, dos ambientes e da história deveriam procurar nos documentos locais, das regiões onde são utilizados, os exemplos necessários para ilustrá-los“.  
 
Despido do propósito de criticar apenas, o presidente da SBPC suge melhorias na política nacional de livros didáticos, lembrando ao MEC, por exemplo, a necessidade de estimular nos autores a produção de textos com exemplos e características regionais. Candotti não desconhece o argumento utilizado com freqüência de que a solução proposta poderia encarecer os livros e prejudicar programas de distribuição a todos os alunos das redes públicas.  
 
“Verificamos – diz o texto da carta – que, de fato, as compras do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) têm sido orientadas por critérios de qualidade e preço, este último associado a fatores de escala. Ponderamos, no entanto, que os fatores de escala pesam até determinadas tiragens, permanecendo constantes para números maiores. Assim, por exemplo, os custos unitários em uma tiragem de um milhão de exemplares não diferem dos custos unitários da tiragem de 200 mil exemplares. Podem-se, portanto, produzir cinco livros diferentes sem custos adicionais relevantes. Observamos ainda que um programa voltado à produção de livros, regionalmente diferenciados, estimulada por um programa específico do FNDE, poderia contribuir de modo significativo para a formação de novos autores e promover um maior envolvimento dos pesquisadores, estudantes e laboratórios das universidades, e da comunidade local de professores na solução das complexas questões do ensino fundamental e médio, particularmente nas áreas de ciências“.  
 
Informa-se no MEC que o ministro Tarso Genro recebeu a proposta com simpatia e criou uma comissão especial para examinar o assunto.  

Menu de acessibilidade