Um grupo de editoras anunciou há alguns dias uma associação para dar início à distribuição de livros digitais no Brasil. Diferentemente das gravadoras, que demoraram para entrar no ramo digital e abriram espaço para piratas, as editoras não querem perder tempo. Estão certas. No entanto, há um duplo dilema no horizonte.
O primeiro é a questão do preço dos livros digitais. Imagine que você compra a cópia física de Leite derramado, do Chico Buarque. O preço é R$ 39. Se você não gostar, dá para vendê-lo talvez por R$ 15 ou R$ 20. Agora imagine que você compra a versão eletrônica do livro, que custa R$ 29. Se você não gostar dele, vai ser praticamente impossível vendê-lo. Não há mercado secundário para livros digitais. O custo de uma cópia adicional de um livro digital é zero. Com isso, o seu preço final também tende a zero. Por essa razão, as editoras vão precisar pensar com cautela como definir os preços dos livros digitais. Se forem altos demais, abre-se espaço para a pirataria. Se baixos demais, põem risco o negócio. É um dilema tão duro quanto ser ou não ser.