Linguistas defendem que aulas de inglês não são valorizadas no Brasil

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Em seminário de Linguística Aplicada, professores afirmam que ensino do idioma em cursinhos interfere no aprendizado.


 

O aprendizado do inglês no Brasil passa quase sempre pelos cursinhos especializados. A crença de que as escolas regulares – com destaque para as públicas – não podem cumprir esse papel, foi criticada pelos professores que participaram nesta quinta-feira do Seminário de Linguística Aplicada na Universidade de Brasília. Para a linguista Ana Maria Barcelos, da Universidade Federal de Viçosa, esta e outras crenças têm a capacidade de afetar o processo de ensino e aprendizagem. A pesquisadora explicou que existe entre professores e alunos uma ideia negativa sobre o ensino de línguas em escolas públicas, em especial o inglês.

 

“O mais interessante é que os alunos de escolas públicas têm bastante interesse de aprender inglês”, conta. Os alunos de escolas particulares também não estão livres desse preconceito: a maioria prefere procurar cursinhos fora para a consolidação do idioma. A pesquisadora considera que essa
 posição é cômoda e que deveria haver uma pressão maior da sociedade pela melhoria do ensino de línguas. “A sociedade deveria cobrar uma maior qualidade das aulas, afinal é um recurso que eles já têm”, defende.

 

A pesquisadora defende o aumento da carga horária de inglês nas salas de aula. Segundo ela a disciplina é vista nas escolas com desdém. Para ela, não existe uma preocupação real pela formação do aluno nesse contexto. “O início das discussões em seminários como esse já é um ponto positivo, mas seria necessário um movimento mais político para mudar essa situação”, afirma. CRENÇAS – A pesquisa sobre as crenças no campo da linguística faz parte do estudo da Linguística

 

Aplicada, que é a ciência do uso da língua no seu contexto real de uso. “Nesse sentido entra a questão do ensino e aprendizagem que é muito importante no nosso país”, explica a linguista Mariney Conceição,
 coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da UnB e organizadora do seminário.

 

A pesquisa em crenças tem menos de 20 anos no Brasil. “Em compensação é um campo que cresce bastante, já existem mais de 100 dissertações sobre o assunto, afirma Barcelos. O seminário contou ainda com a participação de Ana Maria Zilles, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, do Rio Grande do Sul. Zilles exibiu o documentário “O Livro de Walachai”, de Rejane Zilles, sobre comunidade bilíngue de origem alemã. A pesquisadora criticou a falta de atenção dada pelo estado aos idiomas falados por essas comunidades. “Apesar de ser um traço cultural marcante, elas não são alfabetizadas na língua alemã”. Zilles defende que deveria haver uma discussão maior sobre a inclusão do ensino dessas línguas nas escolas dessas populações.
 

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