Jorge Yunes: Ainda falta muito!

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Eleito para um novo mandato à frente da poderosa Associação Brasileira de Editores de Livros (Abrelivros), que reúne as editoras do segmento de didáticos, o editor Jorge Yunes faz um balanço positivo da primeira edição do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL).  


 

Enumera os avanços, elogia a maior articulação entre os ministérios da Educação e da Cultura que passou a existir, mas faz um alerta: “Ainda falta muito”. Primeiro presidente do Instituto Pró-Livro, o qual comandou até o início do ano, quando garantiu a realização do maior estudo sobre o comportamento leitor da população brasileira (a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil), Jorge dá uma dica ao governo: o MEC pode mostrar o caminho das pedras para que o Ministério da Cultura passe a investir mais em programas de compras de livros e apoio às bibliotecas públicas. O MinC, diz, em entrevista exclusiva à Brasil Que Lê, deve investir mais nas políticas do livro.

 

O Brasil está prestes a completar a primeira edição trienal (2006/2009) do seu primeiro Plano Nacional do Livro e Leitura. Isso foi bom para o País ou não chegou a ser suficiente?
A criação do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) foi, sem dúvida, muito positiva para o Brasil. Claro, ainda falta muito e é preciso avançar, mas a implantação do programa por si só já se trata de um marco para o País. O PNLL foi concebido após uma ampla consulta à sociedade civil, que envolveu principalmente as entidades do livro, as universidades e o governo, e até hoje mantém essa discussão aberta, o que possibilita a ampla manifestação de todas as partes interessadas na questão.
Além disso, seu formato garante a continuidade das ações e a possibilidade de articulação entre o Ministério da Cultura e o Ministério da Educação. Essa articulação que o PNLL permite, inclusive, é reconhecida na América Latina, pois todos veem que o programa colocou a leitura e o livro – escolar e de literatura – em destaque na mídia e nas discussões governamentais. O PNLL tem, hoje, também o papel de valorizar e divulgar todas as ações do setor livreiro.
Outro ponto importante diz respeito às metas do PNLL. Com todas traçadas e bem definidas com o lançamento do programa, abre-se a possibilidade de ser feita uma ampla avaliação das ações e dos resultados obtidos por ele até aqui. Com isso, fica mais fácil detectar e aprimorar as questões que ainda necessitem de ajustes.
 
O que o País avançou na atual década e, particularmente, nos últimos anos?
O Brasil demonstra avanços claros como o aumento da escolaridade, a universalização da educação e o crescimento relativo do índice de leitura. Ainda existem muitos desafios sim, como o enfrentamento do analfabetismo funcional e o investimento na qualidade da educação. Porém, hoje podemos dizer que o livro escolar já tem espaço garantido no governo. O MEC passou a comprar mais livros e, principalmente, aumentou sua preocupação e seus investimentos com uma maior capacitação dos professores para que esses sejam cada vez mais disseminadores do hábito da leitura. E isso é importante, pois a maioria dos professores atualmente não são leitores.
 
O que ainda está por ser feito na área do livro e leitura?
O que precisa ser feito é dar continuidade ao PNLL, cumprir as metas definidas inicialmente, e, principalmente, implantar os Planos Estaduais e Municipais de Leitura. Ou seja, torná-los, cada vez mais, programas do Estado e não do governo. Além disso, existe uma relação do desenvolvimento do hábito de leitura com o desempenho escolar. A melhoria da educação traria consequências positivas ao aumento do índice de leitura, assim como o crescimento da procura pela leitura influenciaria positivamente a educação. Por isso, seria interessante uma aproximação ainda maior entre o MinC e o MEC para que haja uma unificação de suas políticas voltadas ao livro. Por outro lado, o MEC é um exemplo em termos de gestão da operacionalização dos recursos e poderia ser uma referência a ser seguida pelo MinC, a quem caberia disponibilizar mais verbas para o livro e a leitura.
 
Que papel a Abrelivros, como um dos atores sociais de relevância na questão do livro e da leitura no País, enxerga para si?
A Abrelivros une as editoras escolares e, pela proximidade que tem com o MEC, faz a interlocução com o governo para contribuir com e aperfeiçoar os programas oficiais de aquisição de livros. Nós temos o know-how do trabalho em sala de aula e, com isso, podemos colaborar com as políticas públicas voltadas à melhoria do acesso ao livro, da qualidade do livro didático e da formação do educador, fortalecendo, em consequência, a cadeia produtiva do livro, e, buscando, como objetivo final, a melhoria nos padrões da educação brasileira. Por isso, temos como princípio estar atentos ao que acontece nas redes e sistemas de ensino em todo o País, e, principalmente, mostrar ao governo a importância do desenvolvimento do hábito de leitura nas escolas e da capacitação dos professores para torná-los leitores e mediadores de leitura.

 

 

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