Irônico, Cristovam passa o cargo

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Ex-ministro da Educação, o senador Cristovam Buarque (PT-DF) entregou o cargo ontem ao colega Tarso Genro (PT-RS) e manteve, em tom menor, as críticas que vinha fazendo ao Palácio do Planalto. Amenizando os ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, adotou a ironia para comentar o relacionamento com a Casa Civil, mas não citou uma vez sequer o ministro José Dirceu. Emocionado, prometeu atuar em defesa da Educação mesmo longe da Esplanada. Talvez tenha me faltado paciência, dedicação ou insistência. O fato é que grande parte das propostas que formalizei parava (na Casa Civil) – frisou. Ao menos por ontem, Cristovam Buarque abandonou as acusações veladas contra Lula e as críticas à entrada do PMDB na administração federal. Referindo-se a seus adversários políticos no Distrito Federal, o ex-ministro atribuiu sua exoneração a uma vitória da corrupção. Primeiro a transmitir o cargo, o senador petista comandou uma solenidade concorrida no meio político. Estiveram no auditório do MEC representantes do primeiro escalão, como o secretário-geral da Presidência, Luís Dulci; o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto; o da Articulação Política, Aldo Rebelo; e o Corregedor-Geral da  

República, Waldir Pires. Foco das mágoas e das críticas do ex-ministro, José Dirceu não apareceu nem enviou representante à cerimônia. O auditório também recebeu governadores, senadores e o presidente em exercício do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim.  

No discurso de despedida, Cristovam voltou a reclamar do que considera má vontade da Casa Civil na avaliação das propostas estruturais enviadas ao presidente Lula. Diante de um Tarso Genro visivelmente constrangido, o senador foi irônico, alegando que foi ´incompetente´ na defesa das ações de sua pasta: Não vou dizer que os projetos paravam apenas porque não deram importância na Casa Civil. Pode ter sido fruto de eu não ter tido competência ou dedicação suficiente para fazer fluir. O ex-ministro voltou a defender a descentralização das políticas de educação. Cobrou do presidente Lula demonstrações mais ostensivas de compromisso com mudanças na área social, criticando a preocupação permanente do governo com a estabilidade da economia.  

– O problema é que o governo tem dado tanta ênfase à economia que o social acaba ficando relegado. Numa reunião com os ministros da área social e com o presidente, disse a ele que 

um dos problemas que faziam com que o social aparecesse pouco é o fato de o presidente falar pouco sobre o social. O outro é que não fizemos gestos revolucionários, no máximo fizemos ´coisinhas´ – atacou. Cauteloso, o novo ministro da Educação preferiu não responder aos ataques do antecessor. Tarso Genro assumiu o cargo ontem advertindo que, embora o governo tenha decidido implantar o sistema de cotas para negros nas universidades públicas, este instrumento não resolve o problema e tampouco facilita o acesso à universidade. Sou a favor da política de cotas. Só não concordo em patrocinar uma ilusão de que isso vai resolver o problema. Essa é uma questão que agrega o racial com o social – alertou Genro. O ministro reafirmou que a reforma universitária será conduzida como um processo constituinte e prometeu ouvir todos os setores envolvidos com a educação antes de encaminhar o projeto para mudar as universidades do país. Presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gustavo Petta apoiou a iniciativa do ministro, mas pediu que a reforma não se atenha apenas à universidade pública. Temos de pensar na regulamentação do ensino privado, exigindo critérios mais rígidos para abertura dos novos cursos – analisou Petta. 

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