Impacto de novos livros nas vendas de varejistas caiu nos últimos anos; em 2023, eles representaram 7%

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Dos 386 mil ISBNs vendidos no Brasil em 2023 e contabilizados pelo Nielsen BookScan, 7% (25 mil) foram lançamentos do mesmo ano. Os números foram apresentados pela empresa durante a programação do Espaço Papo de Mercado MVB, na 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. De acordo com a Nielsen, o que muda neste ano é o impacto dos lançamentos, que representam 12% do volume e 15,2% do faturamento. No total, foram 55 milhões de exemplares vendidos ao longo de 2023 pelas livrarias e lojas contabilizadas no relatório.

“O percentual dos ISBNs lançados ao longo dos anos apresenta regularidade”, comenta a analista sênior da Nielsen BookData Brasil, Jacira Cunha, ao PublishNews. “A mudança se dá no peso desses lançamentos para o mercado. Eles perdem importância tanto em volume quanto em valor. Em meados da última década, o peso desses dois fatores era de quase 30%. Em 2023, o grau de importância é de 12% em volume e 15% em faturamento. Importante lembrar que, durante este período, o mercado enfrentou a crise das duas grandes redes de livrarias e pandemia. Além disso, observamos o aumento da participação dos canais online, o que indica uma mudança do comportamento do consumidor”, completou.

Ao analisar os livros mais vendidos, o estudo verifica que apenas cinco lançamentos de 2023 ficaram entre os 100 mais vendidos do ano.

A pedido do PN, o diretor comercial e de marketing da Rocco, Bruno Zolotar, também analisou os números.

“Essa pesquisa confirma algo que já tínhamos detectado. Desde o final de 2018 tenho percebido que o número de lançamentos presentes nas listas dos mais vendidos estão caindo, principalmente na análise de meses acumulados no ano. Na minha visão, isso aconteceu por alguns motivos. A partir dos problemas na Saraiva e na Cultura, no final de 2018, o mercado perdeu vitrines importantes para lançamentos em lugares de muito fluxo, como lojas em shoppings. Ao mesmo tempo, o e-commerce começou a ganhar mais força, culminando com o período da pandemia, quando o maior peso do varejo migrou das lojas físicas para os sites, mudando a forma como as pessoas descobrem as novidades”, analisa.

“Enquanto os lançamentos eram bem expostos, colocados na frente das lojas físicas, o algoritmo dos sites tende a dar mais visibilidade aos mais vendidos, retroalimentando a venda de livros consolidados. Houve uma recuperação do número de lojas físicas nos últimos anos, mas a dinâmica de visibilidade dos lançamentos mudou. Ao mesmo tempo, o boom do TikTok, a partir de 2019, fez com que novas gerações descobrissem por conta própria e indicassem livros mais antigos, colocando nas listas títulos lançados em outros anos. E há ainda um terceiro ponto, que é a nossa crise de atenção. Com a quantidade de redes sociais, plataformas de streaming e outras distrações que temos hoje, ficou mais trabalhoso e caro para as editoras capturar a atenção do leitor para novos títulos. Por outro lado, essa preponderância das vendas do acervo, cria oportunidades para novas edições ou edições especiais de livros que sempre venderam bem”, conclui Zolotar.

Best-sellers e cauda longa

A análise também levou em conta dados sobre os best-sellers (livros que figuram entre os Top 1.000 títulos mais vendidos, no ranking por volume), e a cauda longa (obras que estão fora do Top 1.000 mais vendidos, excluindo os lançamentos).

Best-sellers correspondem à venda, em 2023, de 18,7 milhões exemplares (33% do total), faturando R$ 761 milhões. Entre os 15 títulos mais vendidos, dois são de autores brasileiros: Café com Deus pai (Vida), de Junior Rostirola, e Tudo é rio (Record), de Carla Madeira.

Já a cauda longa é o grande pilar do mercado, concentrando a maior parte do resultado, segundo o estudo. Foram 31 milhões exemplares vendidos (56%), faturando R$ 1,5 bilhão.
Abaixo do Top 1.000, também são dois brasileiros entre os 15 mais vendidos, e ambos estão no gênero Não Ficção Especialista.

Metodologia

O objetivo do BookScan é monitorar a venda de livros, sempre procurando a compra real feita pelo consumidor. Os dados são coletados diretamente do “caixa” das livrarias, e-commerce e varejistas colaboradores. Não são cobertas as vendas das editoras para outros canais, como a venda direta ao consumidor, aos distribuidores atacadistas, ao governo, às bibliotecas, marketplace, etc.

Apresentações

A Nielsen segue participando da Bienal do Livro com as “Pílulas Nielsen BookData”, realizadas sempre no espaço Papo de Mercado MVB. Nesta quinta-feira (12), às 15h, é apresentado o painel “Produção nacional e suas adaptações para o audiovisual”, com números sobre autores nacionais, ficção e Trade, e performance da produção de livros adaptados para o audiovisual.

Na sexta (13), também às 15h, a empresa apresenta o painel “Quadrinhos e HQ, como performam e quais os principais destaques?”, com números de performance do segmento de Quadrinhos e HQs, destacando a participação nacional. Sábado (14), Jacira Cunha e Mariana Bueno participam da mesa “Como interpretar os números sobre o mercado digital?”, às 16h, com análises dos resultados do livro digital.

No último dia da Bienal, domingo (15), a apresentação será ao meio-dia, com Mariana Bueno e Ismael Borges: “Pílulas Nielsen BookData: O livro, o leitor e o consumo de livros”.

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