O 3º Encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos, promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), reuniu mais de 400 profissionais no Tauá Resort & Convention para debater os desafios e as tendências do setor editorial. Realizado entre os dias 5 e 7 de junho, o evento apresentou uma programação sobre temas como inovação, políticas públicas e novas tecnologias no mercado de livros.
Videl Bar-Kar, vice-presidente de áudio da Bookwire, foi um dos destaques internacionais do encontro. Ele concedeu uma palestra sobre o mercado de audiolivros no Brasil. Bar-Kar destacou o crescimento deste segmento, impulsionado pelo aumento do consumo de podcasts, e a necessidade de investimentos a longo prazo para consolidar o mercado brasileiro de audiolivros.
Outra mesa de destaque contou com Karine Pansa, presidente da International Publishers Association (IPA), e Sevani Matos, presidente da CBL, mediada por Maria Fernanda Rodrigues do jornal O Estado de S. Paulo. Elas discutiram as principais questões editoriais globais, ressaltando a importância de estratégias eficazes de comunicação e a adaptação às novas demandas dos consumidores.
Ângelo Xavier, presidente da Abrelivros, participou da mesa “Desafios do Setor do Livro”. Ele falou sobre os desafios do setor do livro e a importância da inclusão de bibliotecas no Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), destacando a expectativa de que sejam acrescentadas 50 milhões de obras. “É um passo importante, mas precisamos de um programa específico para bibliotecas. Temos muitos programas represados, como o literário, que precisam ser considerados”, afirmou.
Xavier também compartilhou suas expectativas sobre o aumento do número de obras distribuídas, refletindo o compromisso das entidades do livro com a promoção da leitura e da educação no Brasil.
No painel sobre “ESG: Práticas Reais para o Mercado Editorial”, Flávia Bravin, vice-presidente da Abrelivros e sócia da Cogna Educação, falou sobre iniciativas de sustentabilidade nas empresas, como metas para a formação de professores. Flávia destacou a importância de estimular o hábito da leitura dentro da equipe das empresas como uma ação de sustentabilidade. “Cada vez que incentivamos a leitura, estamos promovendo letramento e sustentabilidade. Na Cogna, estabelecemos metas para impactar 150 mil professores em sua formação, o que é benéfico tanto para a educação pública quanto para nós. Metas claras ajudam a direcionar nossos esforços”, explicou.
Adriano Vieira, gerente tributário da Cogna Educação, apresentou as mudanças propostas pela reforma tributária (RT) e seus impactos no setor do livro. Segundo Vieira, a reforma manteve a imunidade tributária dada aos livros. No entanto, a regulamentação em discussão no legislativo através do PLP 68/24 propõe a anulação dos créditos anteriores gerados na cadeia de produção, e essa anulação pode resultar em um aumento significativo nos custos da cadeia do livro. Fernanda Garcia, diretora executiva da CBL, destacou que as entidades do livro estão trabalhando junto ao parlamento para evitar que o preço dos livros subam.
A Lei Cortez, que regulamenta os preços do livro na Argentina, também foi tema de discussão. Guido Cervetti, da Big Sur, explicou como essa legislação ajudou a fortalecer o setor livreiro durante a pandemia, evitando o fechamento de livrarias independentes. Ele ressaltou a necessidade de políticas similares no Brasil para aumentar o número de leitores e bibliotecas públicas.
Os avanços da inteligência artificial (IA) na produção editorial foram discutidos por Camila Cabete, da Árvore, e André Palme, do Skeelo. Ambos enfatizaram que, embora a IA possa economizar tempo e recursos, a criatividade humana continua sendo essencial. Cabete mencionou a importância de aprender a utilizar a IA de forma eficaz, enquanto Palme destacou que a IA não substitui a avaliação crítica humana.
O encontro foi encerrado com uma discussão sobre as novidades da Drupa 2024, a maior feira da indústria gráfica. João Scortecci, presidente do Grupo Editorial Scortecci e da Abigraf, comentou sobre o fortalecimento do livro impresso e as inovações tecnológicas que estão transformando a produção gráfica.
