História mal contada

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Desde 2003, uma Lei Federal tornou obrigatório a inclusão da África no currículo escolar brasileiro. “Mas como ensinar o que não se conhece?”, questiona o pesquisador Anderson Ribeiro de Lima, da Universidade de Brasília, no artigo A História da África nos bancos escolares. Representações e imprecisões na literatura didática, recém-publicado na revista Estudos Afro-Asiáticos e disponível na biblioteca eletrônica SciELO (Bireme/FAPESP).

Segundo o especialista em estudos africanos, mesmo nos materiais didáticos disponíveis fica claro um aspecto pouco positivo para o ensino da história do continente. Ao analisar as obras, o pesquisador de Brasília afirma que as muitas críticas e os poucos elogios não devem ser encarados como algo contra os autores. A intenção é registrar um alerta: “Devemos voltar os nossos olhos para a África”, afirma.  
 
Ao analisar o que se atribuiu como gafe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando em visita ao continente africano em 2003 – Lula disse que não esperava encontrar na África uma cidade tão limpa como Windhoek, a capital da Namíbia, e que não parecia estar num país africano – Lima, antes de criticar o chefe da nação, prefere uma outra abordagem mais contextualizada, que, para ele, também está relacionada com o conteúdo didático disponível no Brasil.  
 
“Para ser mais claro: excluindo um seleto grupo de intelectuais e pesquisadores, uma parcela dos afrodescendentes e pessoas iluminadas pelas noções do relativismo cultural, nós, brasileiros, tratamos a África de forma preconceituosa. Reproduzimos em nossas idéias as notícias que circulam pela mídia, e que revelam um continente marcado pelas misérias, guerras étnicas, instabilidade política, aids, fome e falência econômica. Às imagens e informações que dominam os meios de comunicação, os livros didáticos incorporam a tradição racista e preconceituosa de estudos sobre o Continente e a discriminação à qual são submetidos os afrodescendentes aqui dentro”, disse.  
 
Para o acadêmico, ao mesmo tempo em que existe desconhecimento e preconceito em relação ao tema, que acaba saltando para os livros didáticos e conseqüentemente para os alunos, existe uma outra realidade que emerge de forma clara, principalmente depois da chegada de Lei Federal. “Fica evidente que ensinar a história da África, mesmo não sendo uma tarefa tão simples, é algo imperioso, urgente”, conclui.  
 
Para ler o artigo na íntegra, no SciELO, clique aqui.

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