Haddad está sob observação do Planalto

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Após semanas de problemas no Enem e no Sisu, a presidente Dilma Rousseff convocou o ministro Fernando Haddad. Na tarde de 21 de janeiro, ele foi ao Palácio do Planalto apresentar à presidente o que estava sendo feito para minimizar os transtornos.

 

“Ela me pediu que fizesse uma apresentação das necessidades do MEC para reforçar o acesso ao ensino superior. Apresentamos um conjunto de demandas”, disse.

 

Dilma dedicou grande parte da sexta-feira para acompanhar o desenrolar dos problemas no sistema, assim como as pendências em relação à decisão da Justiça de prorrogar as inscrições. Apesar de estar convencida de que a maior parte dos problemas tem causas técnicas e de defender o Enem, a presidente estava preocupada com o fato de um volume enorme de estudantes estar sendo prejudicado. Haddad fez um relato completo e informou a presidente das demissões que havia promovido. Avisou também que estava cancelando as férias que começaria a gozar neste fim de semana, o que foi considerado “prudente” e “de bom senso”.

 

Haddad disse que suas demandas foram bem recebidas pelo Planalto. Ele disse à presidente que tem problemas na contratação de pessoal técnico com competência para cuidar do sistema, já que os cargos, de salários baixos, não atraem pessoal com experiência. “Precisaríamos ter não contratados permanentes, mas para atuar em situações específicas. Não há nem um modelo jurídico para esse tipo de contrato”, explicou.

 

Outra questão levada a Dilma é a transformação do Cespe, o departamento da Universidade de Brasília que faz o Enem, em uma autarquia ou empresa estatal desvinculada da UnB para atender as demandas do governo federal. Mas a forma como as coisas se passaram e a persistência nos problemas do Enem deixaram Dilma contrariada. Ela quer que essas pendências sejam resolvidas definitivamente para que os alunos não enfrentem novos percalços nos próximos exames. Bancado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu sua permanência, Haddad ficou em uma situação delicada com a nova chefe. A avaliação é de que ele está sob observação.

 

 

 

Dilma não disfarça insatisfação com sucessão de erros no Sisu e situação do ministro da Educação ainda não é confortável
Gerson Camarotti – O Globo 23/01/2011

 

Depois de uma semana de intenso desgaste por causa das falhas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o ministro da Educação, Fernando Haddad, saiu da “frigideira” do Palácio do Planalto, mas sua situação política ainda não é confortável no núcleo do governo. Segundo fontes do Planalto, o ministro continua na coluna de débitos da presidente Dilma Rousseff.

 

No momento há o reconhecimento que, mesmo com problemas na gestão, ele cumpriu integralmente as determinações de Dilma ao demitir o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Joaquim José Soares Neto, após a sequência de falhas na divulgação das notas do Enem 2010 e no sistema que seleciona alunos para instituições de ensino superior. E também adiou as férias por ordem da presidente. Mas 

ainda na sexta-feira, depois de sua audiência com Dilma no Planalto, o ministro voltou a escorregar. Não agradou à presidente e a seus auxiliares o fato de Haddad ter dito, na entrevista coletiva que deu no mesmo dia à noite, que gostaria de passar o aniversário com a família, no dia 25 de janeiro: “Tenho família, como vocês”.

 

Nas palavras de um colega de governo, foi uma declaração desnecessária para um servidor público com o grau de responsabilidade de Haddad, principalmente num contexto de uma crise na sua área. A presidente Dilma já não disfarça, nas conversas com aliados, no Planalto, que está extremamente incomodada com as sucessivas falhas na área de Haddad. Ela já chegou a questionar internamente por que o Ministério da Educação não recorre ao mesmo modelo desenvolvido pela Receita Federal para a declaração anual de  Imposto de Renda pela internet.

 

A expectativa no Planalto é que Haddad passe a acertar muito a partir de agora. Até porque qualquer novo erro o deixará numa situação de fragilidade política. Dilma e o próprio Haddad nunca tiveram proximidade durante o governo Lula. Foi por pressão do próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que Haddad foi mantido no cargo na gestão de Dilma. Ainda na transição, com a crise do Enem, houve uma forte pressão da bancada do PT na Câmara pela substituição de Haddad. Os deputados petistas aproveitaram as falhas no Enem para tentar desestabilizar o ministro da Educação. Alegavam que ele não tinha uma boa relação com a bancada. Mas Dilma acabou atendendo ao pedido do presidente Lula.

 

 

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