Anúncio de compra da maior editora de livros do País deve ser feito hoje. De acordo com fontes do mercado editorial, o Grupo Abril teria fechado, na última sexta-feira, contrato de compra do controle acionário integral das editoras Ática e Scipione, das quais detinha até então 50% das ações. O negócio teria sido fechado com a Vivendi Universal Publishing, subsidiária da Vivendi Universal, que desde 1999 dividia com o grupo brasileiro o controle da maior editora de livros do País, adquirida em parceria na época por US$ 100 milhões. Consultados, executivos da Editora Abril não quiseram confirmar mas não desmentiram a informação.
O Grupo Abril e a Vivendi (na época com a sua subsidiária de nome Havas) anunciaram no final de agosto de 1999 a compra do total do capital acionário das editoras Ática e Scipione, que juntas já lideravam com mais de 30% de participação nas vendas no mercado de livros didáticos no Brasil. Com a transação, a Abril retornou ao segmento de livros didáticos, em que atuou nos anos 70. Outro dado da época é que a antiga Havas havia se associado ao grupo brasileiro por meio de sua subsidiária espanhola, a Anaya.
“No ano passado, fomos ao mercado com esses ativos, mas não encontramos uma proposta atraente“, diz um executivo do Grupo Abril, sem revelar valores. “Portanto, retiramos os ativos, sem que houvesse uma transação.“ A intenção tanto da Vivendi quanto do Grupo Abril, informa, era vender a totalidade das ações das editoras Ática e Scipione – com balanço divulgado por meio de uma joint venture chamada Vivendi Abril – para um terceiro investidor.
Apesar do interesse em não participar mais do negócio, o executivo afirma que essa joint venture fecha seu balanço com números positivos. Dados das editoras Ática e Scipione informam que o faturamento em 2002 – último dado, pois o balanço de 2003 ainda não foi publicado – foi de R$ 244 milhões. Em 1999, quando selaram a sociedade, os novos controladores das editoras explicaram que pretendiam manter intactas as culturas, unidades operacionais, produtos e marcas das empresas compradas.
A meta era ainda adicionar know-how operacional para reforçar a condição de liderança que ambas – que eram controladas por um mesmo grupo – detém nesse segmento. Em nota, comunicaram também que Ática e Scipione seriam administradas por um conselho em que ambas as compradoras estariam representadas. No entanto, o diretor superintendente seria definido pelo Grupo Abril, responsável pelo dia-a-dia das editoras adquiridas.
As negociações para a aquisição de 1999 começaram um ano antes, quando o grupo francês manteve os primeiros contatos com as famílias Fernandes Dias e Narvaes, ex-controladoras de Ática e Scipione. As editoras ainda se ressentiam do sangramento financeiro provocado pela mal sucedida experiência do Ática Shopping Cultural, inaugurado em São Paulo. Endividado e sem resultados positivos no primeiro ano de atividade no varejo, o grupo optou pela venda do shopping à francesa Fnac (o valor negócio foi estimado em R$ 30 milhões).