O professor fala, não há quem não dedique atenção máxima. “A solidão é perigosa“, diz o geógrafo da Universidade de São Paulo (USP) Aziz Ab Saber às detentas da Penitenciária Feminina do Butantã. Os olhos, alguns em lágrimas, concordam. Como remédio, Saber oferece 1.500 livros, arrecadados em postos de doação pela cidade. A campanha, idealizada por ele, já distribuiu mais de 8 mil exemplares e permitiu a instalação de 16 bibliotecas comunitárias.
Na semana passada, foi a vez da penitenciária, que abriga cerca de 600 mulheres. As caixas de papelão trazem Jean Paul Sartre, José de Alencar, Eça de Queiroz. Um exemplar da Constituição causa curiosidade. “Será que a gente vai poder levar para ler na cela?“, questiona Zini Viana, de 46 anos. As doações, segundo a diretora da penitenciária, Gizelda Morato Costa, poderão ser consultadas na biblioteca ou levadas para as celas. Até então, a televisão era uma das poucas diversões. Muitos dos livros levados para lá foram arrecadados em Moema, na papelaria de Helio Makoto Sato. Chamado no ano passado a participar da campanha, colocou faixas pelo bairro e se surpreendeu com a resposta. “Com um mês, já não tinha mais onde guardar livros.“
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