Fundos da Capital International compram 13,8% do Grupo Abril

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O Grupo Abril divulgou ontem, por meio de um comunicado oficial à imprensa, a entrada de um novo sócio na companhia – os fundos de investimento em empresas de capital privado (“private equity“) da Capital International, Inc, dos EUA. Segundo o Grupo Abril, a negociação permitiu um aumento de capital de R$ 150 milhões. O negócio corresponde a 13,8% do capital da Abril. Desde que foi aprovada e regulamentada, em 2002, a emenda constitucional que passou a permitir a participação de capital estrangeiro, na proporção de até 30%, em empresas de mídia do Brasil, essa é a primeira transação ocorrida.  
 
O Grupo Abril informa ainda em seu comunicado oficial que “os novos recursos possibilitam o fortalecimento econômico e financeiro do grupo. Serão utilizados para recompor o capital de giro e no abatimento da dívida, além de deixar a empresa preparada para eventuais novos investimentos“.  
 
Segundo uma fonte do mercado, o dinheiro será utilizado, em grande parte, para saldar uma dívida contraída pela Abril na compra à francesa Vivendi Universal Publishing de 50% das editoras Ática e Scipione. Esse acordo, assinado no início deste ano entre o Grupo Abril, que ficou com 100% do negócio, e a Vivendi Universal Publishing (antiga Havas e uma divisão da Vivendi Universal), foi de R$ 116 milhões (equivalentes a US$ 40 milhões). A transação, na época, foi assessorada pelo Unibanco.  
 
Em 1999, a Abril e a Vivendi anunciaram a compra do total do capital das editoras Ática e Scipione. O valor da aquisição foi de R$ 100 milhões, tendo cada uma das empresas aportado R$ 50 milhões no novo negócio. No ano passado, chegaram a oferecer esses ativos ao mercado, mas desistiram da venda por não encontrarem um negócio satisfatório para ambas as partes. A intenção era vender a totalidade das ações das editoras Ática e Scipione para um terceiro investidor. Isso não ocorreu, o que levou a Abril a decidir este ano ficar com 100% do negócio.  
 
De acordo com a Abril, a família Civita permanece no comando do grupo, com total controle do seu conteúdo editorial. Informa também que a transação representa o primeiro passo da Abril para uma futura abertura de capital. “O acordo é histórico. A entrada desse recurso se soma a todo o esforço que temos feito para equacionar a nossa dívida nos últimos anos“, afirma Roberto Civita, presidente e editor do Grupo Abril.  
 
“Somos os primeiros a utilizar uma lei que tem como objetivo não apenas a manutenção da independência dos meios de comunicação do Brasil, mas também a construção de uma indústria editorial forte, com empresas sólidas, verdadeiramente comprometidas com a consolidação da democracia e da livre iniciativa no país.“  
 
As negociações entre os grupos começaram há um ano. Em 2003, o Ebitda foi de R$ 343,3 milhões, um aumento de 43,7% em relação aos R$ 238,9 milhões de 2002. Os resultados dizem respeito à holding Abril S.A., constituída em 2001, que controla as participações societárias do Grupo Abril. Os fundos da Capital International, originários da Califórnia (EUA), terão representante no conselho de administração da Abril.  
 

Investidores norte-americanos compram 13,8% do Grupo Abril  
 
ELVIRA LOBATO 
da Folha de S.Paulo, no Rio 
 
O Grupo Abril fechou nesta quarta-feira, em São Paulo, a venda de 13,8% de suas ações para fundos de investimento norte-americanos administrados pela Capital International Inc., que terá dois representantes no conselho de administração do grupo editorial. 
 
Segundo o diretor de relações institucionais da Abril, Sidnei Basile, as ações foram vendidas por R$ 150 milhões. O dinheiro será usado para reduzir o endividamento da Abril, da ordem de R$ 900 milhões, e para prepará-la para eventuais novos investimentos. 
 
O grupo, a exemplo de outras grandes empresas de comunicação brasileiras, endividou-se nos anos 90 ao estender suas atividades para os mercados de TV por assinatura. 
 
Com a desvalorização cambial, em 1999, a Abril passou a enfrentar dificuldades financeiras e fez grande esforço para reduzir seus custos nos últimos três anos. Entre outras iniciativas, vendeu sua participação na empresa de TV paga via satélite DirecTV. 
 
A associação com a Capital International vinha sendo discutida havia um ano entre a família Civita e o grupo norte-americano. A Abril fez uma emissão privada de ações, que foi subscrita integralmente pelo novo sócio. 
 
Trata-se da primeira operação de investimento estrangeiro em uma empresa brasileira de comunicação desde a aprovação, pelo Congresso Nacional, em 2002, da emenda constitucional que permitiu a participação de pessoas jurídicas e de capital externo no setor de mídia: emissoras de rádio, televisão, jornais e revistas. A participação estrangeira pode ser de até 30%. 
 
Na semana passada, as Organizações Globo, da família Marinho, anunciaram a associação com o grupo mexicano Telmex na empresa de TV a cabo Net Serviços, mas a Net não é empresa de comunicação, e sim de telecomunicação, regida pela lei da TV a cabo, que permite participação estrangeira de até 49,9%. 
 
Nota 
 
Em nota divulgada ontem à noite, a Abril afirmou que os recursos aportados pelo sócio estrangeiro vão possibilitar o fortalecimento econômico e financeiro do grupo e que este foi o primeiro passo para a abertura do seu capital. 
 
Roberto Civita, presidente da Abril, qualificou de “histórico“ o acordo com os investidores norte-americanos e disse que a entrada dos recursos se soma ao esforço feito pela empresa para equacionar sua dívida. 
 
Sobre o fato de a Abril ser a primeira empresa de comunicação a se associar a um grupo estrangeiro, Civita disse que o objetivo da legislação é manter a independência dos meios de comunicação e, ao mesmo tempo, permitir a construção de uma indústria editorial forte. 
 
De acordo com Sidnei Basile, a família Civita permanece responsável pelo conteúdo de suas publicações. 
 
O Grupo Abril publica mais de 200 títulos, entre os quais sete das dez revistas de maior circulação no Brasil, como “Veja“, “Playboy“ e “National Geographic“. 
 
Grupos 
 
Fundado em 1950, o grupo emprega cerca de 6.000 pessoas e, além da publicação de revistas, atua nas áreas de edição de livros didáticos, conteúdo e serviços on-line, internet, TV segmentada e por assinatura. 
 
A holding do Grupo Abril é formada pelas seguintes empresas: Editora Abril S.A. (e suas subsidiárias Dinap e Datalistas), editoras Ática e Scipione, Abril Marcas, Abril Comunicações e subsidiárias (TVA), MTV Brasil e Usina do Som Brasil. 
 
A Capital International Inc. é um dos maiores gestores de fundos de investimentos dos Estados Unidos e administra cerca de US$ 294 bilhões em ativos. Pertence ao Capital Group, que possui aproximadamente US$ 500 bilhões em ativos no total. 
 
As aplicações do grupo se estendem por mercados emergentes e países desenvolvidos. 
 
 
 
 

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