Estado precisa priorizar o Ensino Médio

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“O Ensino Médio é direito de todos e o Estado deve garantir a universalização dessa etapa escolar”. A afirmação foi feita pela pedagoga Eleny Mitrulis, durante o I Encontro Educação para uma Outra São Paulo, que aconteceu na capital paulista.  
 
Segundo a palestrante, desde a década de 1990 o Ensino Médio passou a ser considerado a etapa final da educação básica, e por isso, tornou-se um direito de todos. “A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996 foi um grande avanço, pois a partir dela todo cidadão passou a ter o direito a freqüentar o Ensino Médio, e por isso, o governo tem a obrigação de zelar por vagas para todos”, disse, lembrando que muitas escolas públicas selecionavam os alunos por meio de vestibulinho.  
 
A pedagoga lembrou que houve grande avanço no país quanto à universalização do ensino fundamental. “Nesse momento, a prioridade deve ser a inserção no Ensino Médio”, disse, afirmando que essa etapa possui várias funções específicas que são fundamentais para que um jovem consiga compreender todos os seus direitos como cidadão. “A inserção no mundo do trabalho e na carreira universitária, os direitos cívicos, a cidadania e o papel social são fatores que devem ser trabalhados nessa etapa”, disse.  
 
Mitrulis criticou o fechamento de 24 escolas de Ensino Médio nos últimos anos em São Paulo (SP). “Se as escolas estão sem alunos por evasão, é preciso dar assistência a elas. Não fechá-las”.  
 
Além disso, a localização é um dos fatores determinantes para o baixo número de matrículas em algumas escolas. “Há uma série de fatores envolvidos nisso, a localização é um deles. Por exemplo, quem deve decidir onde serão construídas escolas são os educadores e a comunidade, e não os urbanistas, como muitas vezes acontece”, afirmou. Segundo a palestrante, o Ensino Médio ainda vive um contexto de pouco investimento. “Fecham-se escolas, mas não são abertas outras no lugar”. 
 
A especialista disse que um dos maiores desafios é a formação dos professores. “Capacitação deve ser um dos maiores incentivos para o exercício da docência. Não bastam premiações pontuais para o educador, é preciso que os professores tenham uma formação sólida e sejam cobrados pela realização de um bom trabalho”, defendeu.  
 
“Entretanto, a realidade do investimento é contrária a essa necessidade. As escolas estão investindo cada vez mais em projetos sem fundamentação, realizados por voluntários sem formação específica, sem o conhecimento adequado e desamarrados do projeto pedagógico da escola”, disse. “Isso só aumenta a sensação de que qualquer trabalho feito com os alunos, de qualquer jeito, é suficiente. Por que o professor precisaria investir em formação?”, questionou.  
 
A palestrante propôs ainda um currículo básico para a orientação dos professores que já atuam na rede pública, aberto às especificidades de cada escola, fortalecendo a formação e propondo contato com um mundo de trabalho mais próximo àquela região.  
 
 
 
Crianças devem ser prioridade nas políticas educacionais 
Portal Aprendiz – Karina Costa  
 
“As crianças entre zero e três anos não têm visibilidade na cidade, estão circunscritas aos espaços privados. Fora do ambiente doméstico e familiar não nos preocupamos com elas”, declarou a professora titular em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Fúlvia Rosemberg, durante o I Encontro Educação para uma outra São Paulo, que aconteceu hoje (30/11) na capital.  
 
Segundo ela, nossos ônibus, parques e mesmo as políticas de educação como o Fundo da Educação Básica (FUNDEB), que só se tornou possível por conta de uma grande mobilização política e social, refletem isso. “As políticas educacionais que envolvem as crianças devem ser prioritárias, sobretudo nas regiões mais desprovidas de recursos, como as periferias”, destacou.  
 
Rosemberg acredita que a garantia da educação para essa faixa etária, com vagas em período integral em creches, deve ser a causa que a sociedade deve abraçar. “A qualidade e equidade devem acompanhar tal acesso. Quando essa política é cumprida, automaticamente abrimos caminho para que os pais dessas crianças possam se dedicar aos trabalhos extra-domésticos”, disse.  
 
Para Rosemberg as regiões mais pobres da cidade devem ser as primeiras beneficiadas com tal política. “Os lugares onde há alta taxa de mortalidade infantil e grande incidência de pobreza são os que possuem menos creches. Essas escolas encontram-se em áreas onde há melhores condições de vida, mas onde é menos necessário, que essa parcela da sociedade lutou por isso”.  
 
Ela lembra ainda que as políticas de educação travaram pois, desde o ano de 1970, há uma discussão se as creches deveriam ser construídas próximas às moradias ou ao local de trabalho dos pais, e que ainda não foi concluída. “Mas e as condições de transporte público e as calçadas em São Paulo, por exemplo? Como um pai vai entrar numa condução com um carrinho de bebê se não existe espaço para isso ou andar pelas calçadas onde motos também circulam?,” criticou ela, lembrando que em países como a Suécia, as crianças são prioridade nas políticas sociais. “Os ônibus estão adaptados com degrau rebaixado e espaço para crianças, como as políticas para cadeirantes. Há vagões nos trens que circulam pelo país reservados para famílias com crianças.”  
 
As estratégias para as políticas de educação voltada para as crianças devem envolver qualidade, segundo a especialista. “Para isso, uma das estratégias é trazer mais professores qualificados para as séries iniciais”, defende, lembrando pesquisas que mostram que nem todos os professores que atuam nas creches têm formação superior.  
 

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