Escolas privadas de SP terão fundamental de 9 anos em 2007

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Apesar de a rede pública de ensino em São Paulo só vir a dotar o sistema de nove anos para o ensino fundamental em 2008, cerca de 90% das escolas particulares do Estado devem entrar no novo esquema já no ano que vem.  
 
A estimativa é do Sindicato dos Estabelecimentos do Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp), que fez pesquisa informal com boa parte das 6.030 escolas de ensino fundamental. “Para a escola particular é mais simples porque ela já atende essas crianças de 6 anos. O 1º ano passa a funcionar com o mesmo conteúdo que já era dado na pré-escola“, diz o presidente do Sieeesp, José Augusto de Mattos Loureiro. 
 
As mudanças têm ocorrido na estrutura das escolas. O Colégio Radial, na zona sul de São Paulo, oferecia apenas o ensino fundamental e agora se prepara para receber as crianças de 6 anos. “Montamos cantinhos de leitura, brinquedoteca e adaptamos os banheiros“, diz a diretora Marta Millego de Castro.  
 
A Prima Escola Montessori já tinha o ensino infantil, mas vai transferir os alunos de 6 anos para o 1º ano do fundamental. Segundo a diretora Maria Angelina Francischini, um novo projeto pedagógico foi pensado durante este ano, antes de fazer a mudança. “Haverá ainda a preocupação com a motricidade“, exemplifica. 
 
A nova lei prejudica escolas que oferecem apenas o ensino infantil, já que perderão os alunos de 6 anos. Em Jaú, a Escola Girassol resolveu aceitar a proposta de um colégio maior e fechou uma parceria. Os alunos de 6 anos serão enviados para um colégio de ensino fundamental, que fica a um quarteirão da Girassol, e serão coordenados pela antiga escola.  
 
“Fizemos o projeto pedagógico e uma professora nossa dará as aulas do 1º ano. Assim, as crianças não perdem a continuidade“, explica a diretora da Girassol, Maria de Fátima Pupo. A escola deve também receber parte do valor das mensalidades desses alunos. 
 
 
 
Um terço dos alunos já tem 9 anos de aula no ensino fundamental
O Estado de São Paulo – Renata Cafardo  
 
 
Já são 10,6 milhões de estudantes no País a estudar no novo modelo, cujo prazo para implantação total é 2010.
 
 
Quase um terço dos alunos de 6 a 14 anos do País já estuda em escolas com o ensino fundamental de nove anos de duração. Em vez de 1ª a 8ª séries, eles cursam do 1º ao 9º ano – a nomenclatura também mudou. São 10,6 milhões de estudantes, segundo os primeiros resultados do Censo Escolar 2006. O aumento em um ano no fundamental foi aprovado em fevereiro e o número de alunos em escolas que já aderiram à nova lei cresceu 31,5%, o que representa cerca de 2 milhões de crianças. 
 
Algumas redes já haviam mudado voluntariamente antes da norma. Mas todas as escolas particulares e públicas brasileiras terão de criar uma série a mais no ensino fundamental até o fim de 2010. Hoje, são cerca de 50 mil escolas. O objetivo da lei, que ainda confunde muitos pais de alunos, é principalmente o de incluir crianças pobres de 6 anos que estão fora da escola. Elas passam a cursar o novo 1º ano. Isso porque apenas o ensino fundamental é considerado obrigatório pela Constituição – ou seja, as redes não podem deixar de oferecê-lo a todas as crianças dessa faixa etária. Atualmente, segundo o IBGE, 28% das crianças de 4 a 6 anos estão fora da escola. 
 
Para o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Francisco Chagas, o crescimento do fundamental de nove anos foi ’significativo’. ’A mudança não é automática, as escolas precisam preparar um projeto pedagógico e o espaço. Não é só transferir o conteúdo que era dado aos 7 anos para as de 6 anos’, diz. As escolas e as redes têm autonomia para elaborar seus currículos para o 1º ano, mas o MEC tem promovido discussões e publicado documentos sobre o assunto. 
 
Os pais ainda têm dúvidas. ’Prefiro que ele tenha mais tempo para brincar do que fique quatro horas com o bumbum na cadeira’, diz Soraia Valdez Moreno, mãe de Gustavo, que acabou de completar 6 anos. Ela preferiu manter o filho no ensino infantil em 2007 do que transferi-lo para o fundamental numa escola maior. Em 2008, no entanto, ele irá direto para o 2º ano. 
 
Segundo educadores, se a escola infantil é de qualidade, não há problemas em manter a criança lá. A educadora da Universidade de São Paulo (USP) Silvia Colello explica que o novo 1º ano terá mesmo de incorporar características do ensino infantil. ’Atividades lúdicas, de arte e de recreação precisam continuar. Assim como a experiência do mundo letrado, como ouvir histórias, escrever cartinhas’, explica. 
 
Ela enfatiza a importância de adaptar salas de aula e parte da escola para receber essas crianças menores. ’A escola infantil é sempre mais alegre, mais afetiva, mais flexível. Colocar a criança de 6 anos no espaço do fundamental, cheio de regras e horários, é uma perda.’ 
 
A engenheira Kumiko Kissimoto diz que aprova a fase de ’mais responsabilidade’ em que a filha Sara, de 5 anos, entrará em 2007. ’Acho bom que ela tenha mais conteúdo’, diz. A menina começará o novo 1º ano com 6 anos e diz que já se sente ’mais velha’. 
 
O sentimento é comum a outras crianças que já cursam o fundamental. Ao criar um novo ano, todas ’pulam’ uma série, mas só na nomenclatura. Os conteúdos do 2º ao 9º ano devem continuar os mesmos que eram dados de 1ª à 8ª série. 
 
CRESCIMENTO 
 
A adesão das escolas particulares à lei neste ano foi grande; cresceu 366% o número de alunos. Mas o total atual de 613 mil representa, ainda, só 17% dos estudantes de 6 a 14 anos em particulares. 
 
Na rede pública, o crescimento foi de 27,4%; são 10 milhões de alunos nesse novo sistema. É mais expressivo que as particulares porque representa 30% do total de alunos. O maior aumento foi na região Centro-Oeste; o menor, na Sudeste. Uma das razões é que a rede estadual de São Paulo e a rede municipal paulistana não aderiram ainda à lei. A implementação está prevista para 2008. 
 
O ensino fundamental de nove anos já é prática comum em outros países da América Latina e nos Estados Unidos. 

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