Escolas incluem tablet em lista de material

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

Colégios particulares do país passaram a incluir tablets nas suas listas de material escolar.

 

Em alguns casos, esses computadores portáteis com acesso à internet e tela sensível ao toque são vendidos nas próprias escolas. No colégio Sigma, de Brasília, o tablet é obrigatório: os pais dos 1.200 alunos do 1º ano do ensino médio tiveram de comprar os aparelhos, que podem chegar a R$ 2.000. Além disso, desembolsaram mais R$ 1.200 em programas que substituem os livros didáticos -no Sigma, a mensalidade ultrapassa R$ 1.000. Segundo o professor André Fratezzi, do colégio, o material digital “é interativo, tem vídeos, músicas, animação” -a idade da maioria dos estudantes fica entre 14 e 16 anos.

 

Já o Colégio Cristão de Jundiaí, no interior paulista, vende tablets por R$ 1.000. Até agora, a escola diz que cerca de 40% dos pais compraram. A escola MV1 Anderson, do Rio, dá a opção aos  alunos que quiserem substituir as apostilas de papel pelo material virtual.

 

“O tablet é uma sugestão”, diz o coordenador Miguel Bastos. “O material eletrônico tem um custo 30% menor para o aluno”, afirma. Na Dínamis, também carioca, há empréstimo dos aparelhos. “Os tablets são da escola, o aluno usa e devolve ao fim do dia”, afirma o coordenador Raphael Barreto. O colégio São Paulo, de Salvador, comprou iPads, da Apple, e subsidiou metade do valor para os alunos. O preço por pessoa ficou em R$ 825.

 

DIREITO DO CONSUMIDOR – O colégio Antônio Vieira, também na capital baiana, vende os tablets com apostilas por R$ 1.067. E o material didático só funciona naquele tipo de aparelho. Por causa disso, a escola é alvo do Procon. O colégio diz que tenta solucionar o problema. Órgãos de direito do consumidor ouvidos pela Folha não são consensuais sobre a legalidade de incluir os tablets no  material escolar.

 

O Procon do Distrito Federal diz que não há problema, desde que os pais sejam avisados antes da matrícula. O de São Paulo concorda e acrescenta que a escola só pode propor atividades em aula com o tablet se todos tiverem o material, para evitar “diferenciação pedagógica”. Já na Bahia, onde a venda “casada” do aparelho e do material pelo colégio Antônio Vieira está sob questionamentos, o Procon diz que é proibido obrigar os pais a comprar o tablet e que a escola tem de oferecer o material didático de várias maneiras, em apostilas e em meios digitais.

 

“Não vejo por que a escola obrigar [a compra de um] tablet como material didático”, afirma a superintendente do órgão, Cristiana Santos. A maior parte das escolas diz que a aquisição não é obrigatória e que quem não comprar pode acompanhar as atividades no equipamento dos colegas ou imprimir a lição antes.

 

 

Docente precisa saber dominar tecnologia, dizem especialistas
Folha de São Paulo

Especialistas em educação e tecnologia afirmam que o fator mais importante para que o uso do tablet seja bem sucedido em sala de aula é a preparação dos professores.

 

“Todo o trabalho, com tablets, netbook, notebook, sempre vai depender do professor”, diz Maria da Graça Moreira da Silva, coordenadora do curso de graduação de Tecnologia e Mídias Digitais da PUC-SP. Para ela, é possível fazer atividades em sala de aula mesmo que só alguns alunos tenham o aparelho.

 

O professor Gilberto Lacerda dos Santos, especialista em tecnologia  de educação da UnB (Universidade de Brasília), também afirma que os professores precisam estar preparados. “As vantagens não vêm automaticamente, elas dependem da intervenção do professor. Se você não tem professor formado e com competência para desvendar o aparelho, não há impacto pedagógico possível”, diz.

 

O professor acrescenta que, caso isso não ocorra, não vale a pena tirar do docente um meio que ele já domina (papel, caneta e livros didáticos) e dar um que ele não domina, como o tablet.  INTERATIVO – Se o professor estiver bem preparado, diz, o aparelho pode trazer vantagens por ser interativo, ampliar as possibilidades de pesquisa devido à conexão com a internet e permitir que o aluno produza conteúdo. Como desvantagem, ele cita o risco de dispersão dos estudantes, principalmente se usarem a internet e as redes sociais na sala de aula.

 

Os especialistas ressaltam que o tablet é uma tecnologia nova e que ainda é cedo para saber qual será o impacto do uso do aparelho nas escolas

 

Programa de laptop na rede pública tem falhas, diz estudo
Folha de São Paulo – Antonio Gois

 

Estudo feito pela UFRJ para o governo federal mostra que o programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em 2010 em seis municípios, esbarrou em problemas de coordenação, capacitação de professores e adequação de infraestrutura.

 

O programa piloto do MEC forneceu 150 mil laptops de baixo custo a professores e alunos de cerca de 300 escolas públicas. Às cidades, o governo federal prometeu infraestrutura para acesso à internet e capacitação de gestores e professores. Uma das conclusões do estudo foi que a infraestrutura de rede foi inadequada. Em cinco  cidades, os avaliadores identificaram que os sinais de internet eram fracos e instáveis tanto nas escolas quanto nas casas e locais públicos.

 

FIM DO ENTUSIASMO – Segundo a pesquisa, os professores se mostravam entusiasmados no início, mas, um ano depois, 70% relataram não ter contado com apoio para resolver problemas técnicos e 42% disseram usar raramente ou nunca os laptops em tarefas pedagógicas para os alunos.

 

Em algumas cidades, os equipamentos que davam defeito ficaram guardados por falta de  técnicos que soubessem consertá-los. Além disso, um quinto dos docentes ainda não havia recebido capacitação, e as escolas não tinham incorporado o programa em seus projetos pedagógicos. Um dos pontos positivos foi que os alunos passaram a ter mais domínio de informática.

 

O programa foi mais eficiente para alunos de escolas que permitiram levar o laptop para casa. Foram avaliadas Barra dos Coqueiros (SE), Santa Cecília do Pavão (PR), São João da Ponta (PA), Terenos (MS) e Tiradentes (MG). Os autores do estudo não deram entrevista.

 

 

Pernambuco vai distribuir tablets a alunos do 2º e 3º anos

Folha de São Paulo – Fábio Guibu

 

A Secretaria de Educação de Pernambuco vai distribuir tablets aos 170 mil estudantes do 2º e 3º anos do ensino médio das escolas estaduais.

 

A licitação, no valor de R$ 170 milhões, foi concluída na ultima quinta-feira, 02, e a entrega dos aparelhos será feita em março, disse o secretário estadual da Educação, Anderson Gomes. Segundo ele, os recursos são do Estado, e a decisão de investir nos equipamentos foi tomada porque o governo optou por “olhar para o futuro”.

 

“Trata-se de uma mudança de paradigma. Vamos colocar nosso ensino no século 21”, disse. Dados divulgados em abril de 2011 pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de  Pernambuco revelaram que 96,3% das 163 escolas públicas consultadas pela entidade se queixavam de problemas estruturais, como falta de professores nas salas de aula e de segurança. O secretário disse que novos professores foram contratados e que, desde 2007, “praticamente todas as escolas do Estado foram recuperadas”.

 

“Naturalmente, vamos encontrar problemas pontuais, mas existem programas de manutenção, de construção de escolas e é preciso investir mais na qualidade.” Os aparelhos doados permanecerão com os estudantes após a conclusão do ensino médio, o que  obrigará o Estado a adquirir novos aparelhos todos os anos.

 

Os tablets terão teclado físico, tela touch screen, memória de 4 GB e sistema operacional Windows. Parte do material pedagógico será inserido nos aparelhos.

 

De acordo com o secretário, 88% das 1.100 escolas estaduais pernambucanas têm acesso à internet com velocidade de 2 GB, e 40% delas possuem rede sem fio. Desde 2008, os 26 mil professores da rede estadual recebem créditos para a compra de notebooks. Os docentes do ensino médio, segundo Gomes, serão treinados para trabalhar com os tablets. 

Menu de acessibilidade