Entrega do Prêmio Vivaleitura

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

O projeto de uma professora do interior do Maranhão que leva obras de literatura às comunidades rurais no lombo de um jegue foi um dos ganhadores do Prêmio Vivaleitura 2006. Além do Projeto ’Jegue-Livro’, de Alto Alegre do Pindaré (MA), também venceram ’Cordel: rimas que encantam’, de São Gonçalo do Amarante (CE), e ’Liberdade pela escrita’, de Porto Alegre, cada um na respectiva categoria: Bibliotecas Públicas, Privadas e Comunitárias; Escolas Públicas e Privadas; e Pessoas físicas, universidades e instituições.  
 
Os vencedores foram anunciados na noite da última segunda-feira (13 de novembro), pelo ministro interino da Cultura, Juca Ferreira, e pelo secretário executivo-adjunto do Ministério da Educação, André Lázaro, em solenidade no Memorial Juscelino Kubitschek, em Brasília.  
 
O ministro interino da Cultura, Juca Ferreira, entregou a premiação para ’Jegue-Livro’. Os outros dois vencedores receberam os cheques das mãos do secretário executivo-adjunto do MEC, André Lázaro, representando o ministro Fernando Haddad, e do presidente da Fundação Santillana, Emiliano Martinez. 
 
O Prêmio é “um reconhecimento importante e necessário a três belíssimos projetos, mas que, na verdade, deveriam ver multiplicados por pelo menos mil para poder abarcar os mais de três mil trabalhos inscritos este ano“, afirmou o ministro interino da Cultura durante a solenidade.  
 
Os projetos apresentados no Prêmio Vivaleitura felizmente tentam modificar a realidade brasileira de apenas 1,8 livros lidos per capita/ano, bem abaixo dos países desenvolvidos, e a da elevada taxa de analfabetismo funcional. “O Brasil revelado pelo Prêmio Vivaleitura é um Brasil que criativamente elabora suas próprias alternativas, seja colocando livros no lombo de um jegue, seja narrando-os no rádio, como no interior do Ceará, ou adentrando os muros de um presídio em Porto Alegre“, destacou Juca Ferreira. 
 
O secretário executivo do MinC ressaltou, ainda, que o Estado brasileiro vem olhando com mais atenção para este importante setor da cultura. Desde 2004, principalmente por meio do MinC e MEC e em articulação estreita com a sociedade civil, desenvolve-se o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), do qual o Prêmio Vivaleitura faz parte. O PNLL foi instituído como política de Estado e objetiva assegurar o acesso ao livro e à leitura a todos os brasileiros e a formar uma sociedade de leitores. 
 
“Para nós, do Ministério da Cultura, a leitura e o livro, assim como a cultura como um todo, precisam ser vistos não apenas em uma só dimensão, mas em três: em sua dimensão de direito e cidadania, em sua dimensão simbólica e em sua dimensão econômica. Nenhuma delas é anterior ou mais importante que outra, mas complementares e sistêmicas, numa visão de conjunto sobre a leitura e o livro“, finaliza.  
 
Leia o discurso.
 
 
Vencedores 
 
– Projeto Jegue-Livro (categoria Bibliotecas Públicas, Privadas e Comunitárias)
 
Coordenada por Elza Maria Santos do Nascimento, a ação é realizada pela prefeitura desde 2005. O projeto utiliza jegues para carregar exemplares do acervo da Casa do Professor e colocá-los à disposição de moradores de cinco povoados de Alto Alegre do Pindaré, no interior do Maranhão. 
 
A idéia surgiu dentro do Programa Escola que Vale, parceria do município com a Fundação Vale do Rio Doce e com o Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac). Elza Maria pretende levar o projeto a outras comunidades onde o livro ainda não faz parte do dia-a-dia das pessoas.  
 
– Cordel: rimas que encantam (categoria: Escolas Públicas e Privadas) 
 
Francisca das Chagas Menezes Sousa é professora da 8ª série de uma escola rural em São Gonçalo do Amarante, no interior do Ceará. Como sabia do gosto de seus alunos pela embolada – que são textos declamados rapidamente sobre notas repetidas -, ela resolveu fazer uma experiência com o cordel.  
 
Em suas aulas, o cordel virou referência para trabalhos de leitura e escrita, propiciando aos alunos uma diversidade de situações didáticas: atuam como protagonistas e não apenas como executores de tarefas; aprenderam a ler em voz alta; tomaram contato com a história de seus antepassados; mergulharam a fundo nas tradições do lugar em que vivem; aprenderam a trabalhar com as rimas e a métrica. Os alunos também acabaram inventando o Cordel Ambulante, em que se deslocam pela comunidade para ler literatura de cordel para os moradores. 
 
– Liberdade pela escrita (categoria: Pessoas Físicas, Universidades e Instituições) 
 
Neiva Maria Tebaldi Gomes realiza, no Presídio Feminino Madre Pelletier, em Porto Alegre, o seu projeto, que consiste em promover encontros semanais de aproximadamente duas horas, nos quais se lêem diferentes gêneros de textos, sobretudo os de caráter literário. Com a inicitiva, busca-se amenizar a vida reclusa das presidiárias e também estreitar seus vínculos com os filhos com base no estímulo ao hábito de ler e contar histórias.  
 
’Liberdade pela escrita’ faz parte do programa de extensão universitária de uma instituição privada gaúcha, a UniRitter. Realizado há doze anos, a cada ano o projeto é desenvolvido numa ala do presídio. 
 
 
Êxito 
 
Em sua primeira edição, o Vivaleitura recebeu 3.031 projetos de todo o país. A categoria bibliotecas recebeu 161 trabalhos; escolas, 1.351; e pessoas e instituições, 1.519. O comitê VivaLeitura, composto por promotores do evento e parceiros, selecionou 15 finalistas, cinco por categoria, e, por fim, elegeu um de cada categoria para receber R$ 25 mil cada um.  
 
O Prêmio Vivaleitura foi dotado com R$ 75 mil para ser dividido em três categorias (instituições, bibliotecas e pessoas privadas). Tem como propósito democratizar o acesso à leitura de crianças, jovens e adultos; fomentar a leitura e a formação do cidadão; valorizar o livro e a leitura; e apoiar a criação e a produção literárias.  
 
A iniciativa é dos Ministérios da Cultura (MinC) e da Educação (MEC), além da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OIE), e conta com o patrocínio da Fundação Santillana, da Espanha. 
 
Leia mais no site: www.premiovivaleitura.com.br
 
 
 
 
Nordestinas e gaúchas vencem prêmio sobre leitura 
Portal do MEC – Ionice Lorenzoni 
 
São do Ceará, Maranhão e Rio Grande do Sul as vencedoras do Prêmio VivaLeitura que, em sua primeira edição, teve 3.031 concorrentes. O anúncio foi feito na noite da segunda-feira, 13, em Brasília, pelos ministérios da Educação e da Cultura e pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). O prêmio, de R$ 25 mil a cada uma, teve patrocínio da Fundação Santillana, da Espanha. 
 
A professora Francisca das Chagas Menezes Sousa, de São Gonçalo do Amarante (CE), vencedora na categoria Escolas, escolheu a forma poética do cordel, uma expressão oral, para iniciar seus alunos da 8ª série do ensino fundamental no mundo da leitura e escrita. Estudando a literatura de cordel, eles aprenderam a trabalhar com rimas e métrica. Ao aceitar o desafio, diz, os alunos se tornaram protagonistas do aprendizado e não só executores de tarefas. O gosto da turma pelo cordel foi tão grande que eles organizaram uma “noitada cordelista” na escola e criaram o Cordel Ambulante, que se desloca pela comunidade rural do Amarante e lê cordel para os moradores. 
 
Para o secretário executivo adjunto do MEC, André Lázaro, que representou o ministro Fernando Haddad na entrega do prêmio, o esforço dos professores e de pessoas da comunidade que se inscreveram mostra o potencial do povo brasileiro para vencer desafios. Lázaro disse que governo nenhum será capaz de, sozinho, levar educação de qualidade a todos os brasileiros, mas que isso é possível com envolvimento da sociedade. 
 
Alternativa – Já o ministro interino da Cultura, Juca Ferreira, disse que o Brasil só tem duas mil livrarias e que os índices de leitura registrados no País são inferiores aos da Europa Central e Nórdica na última década do século 19. Para vencer o problema, afirma, o Brasil precisa elaborar sua alternativa de leitura. O Prêmio VivaLeitura e o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), lançado em agosto passado, começam a abrir caminho, disse. 
 
Neiva Maria Tebaldi Gomes, professora em Porto Alegre, escolheu o presídio feminino Madre Pelletier para desenvolver práticas de leitura. Há 12 anos, ela conduz o projeto Liberdade pela Escrita, com rodas semanais de leitura com as detentas. Como o Madre Pelletier é o único presídio com creche (as crianças podem ficar com as mães até os três anos de idade), a leitura cria chances de reflexão e formação de valores humanos, além de aproximá-las dos filhos. Neiva venceu na categoria Pessoas. 
 
O projeto Jegue-Livro, desenvolvido em Alto Alegre do Pindaré (MA), é produto do talento da formadora de professores Alda Beraldo e do empenho da professora Elza Maria Santos do Nascimento. Em 2005, elas criaram o Jegue-Livro, que leva obras de literatura às localidades rurais do Pindaré. O sucesso da empreitada é grande, diz Elza, porque tem apoio da comunidade, ao emprestar os jegues, e das escolas e alunos, ao assumirem a tarefa de ler para as comunidades. Elza recebeu o prêmio na categoria Bibliotecas.  
 

Menu de acessibilidade