Entenda por que o governo quer ampliar o ensino fundamental

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O governo federal estuda a ampliação do ensino fundamental em mais um ano, para adequar-se ao modelo vigente nos países do Mercosul (Mercado Comum do Sul). Caso a medida seja adotada, as famílias poderão colocar seus filhos um ano antes nas escolas. Vários países do mundo já praticam o sistema de ensino fundamental com nove anos de estudos. Em alguns deles o sistema fundamental é como o brasileiro, de oito anos, mas o ensino médio, entretanto, é maior, de quatro anos. Veja, a seguir, algumas experiência pelo mundo:  
 
Estados Unidos – O ensino fundamental nos Estados Unidos recebe o nome de “Elementary School“ e dura oito anos, como no Brasil. A diferença é que lá, as crianças começam a ser alfabetizados aos seis anos de idade, enquanto aqui ainda começam aos sete. A “elementary school“ inclui ainda a “middle school“, que é quase o que se costumava chamar no Brasil de Ginásio, indo da 6ª à 8ª séries. O ensino médio dura quatro anos, mas começa mais cedo. Os jovens entram no segundo grau, o “high school“, com 14 anos. Mas a primeira série do segundo-grau norte-americano é chamada de nona série e equivale à oitava brasileira, em termos de conteúdo. A educação da primeira série à 12ª, último ano do “high school“, é obrigatória e gratuita.  
 
Argentina – No vizinho brasileiro, as províncias, como são chamados os estados argentinos, praticam sistemas distintos. Em algumas, o ensino fundamental dura sete anos e o ensino médio cinco. É o caso de Buenos Aires. Em outras, pratica-se o sistema de três ciclos de estudo, cada um com duração de três anos, totalizando nove anos de primeiro grau. Em outras províncias, ainda, o ensino fundamental é de oito anos, e o médio de quatro. Para os argentinos, não importa muito o número de anos, mas os conteúdos aprendidos, que devem ser os mesmos em todo o país. Também em todas as províncias as crianças começam a estudar aos seis anos de idade. Para entrar na universidade, não é preciso fazer vestibular, mas todos têm que prestar um curso preparatório de nivelamento.  
 
França – A educação é por ciclos. O primeiro ciclo dura dois anos, e começa quando a criança tem apenas dois ou três anos de idade. Aos quatro, os alunos entram para o segundo ciclo, ou curso preparatório, que vai até os sete anos. Dos sete aos onze, os jovens franceses fazem o curso elementar, que é o mesmo em relação às quatro primeiras séries do ensino fundamental brasileiro. Dos 12 aos 14 entram para o segundo ciclo do ensino fundamental, que é chamado de “college“. No sistema brasileiro seria o mesmo que ginásio, indo da 5ª à 8ª série. Assim como no Brasil, o ensino médio, ou liceu, dura três anos, e para entrar na universidade, os estudantes têm que fazer um exame, o “baccalaureat“, parecido com o vestibular. A diferença é que os estudantes só fazem um único baccalaureat para todas as universidades do país. 
 


Ampliação do ensino fundamental respeitará limites da criança
MEC, Flavia Nery

O principal desafio do Ministério da Educação em relação à ampliação do ensino fundamental para nove anos é a adequação dos currículos e atividades pedagógicas. A preocupação dos educadores é com a inclusão adequada e tranqüila das crianças de seis anos no ensino fundamental. O assunto é discutido no Encontro Nacional Ensino Fundamental de Nove Anos, que termina hoje, 19, às 18h, no Hotel Grand Bittar, em Brasília.

O encontro tem o objetivo de debater avanços e dificuldades no processo de ampliação do ensino fundamental já implantado em 26,5 mil escolas. “O evento conclui etapa de debates com estados e municípios sobre a ampliação desenvolvida a partir de sete encontros regionais”, diz Jeanete Beauchamp, diretora do Departamento de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental da Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC).

Como a implementação de políticas de educação básica é de responsabilidade de estados e municípios, o MEC pretende elaborar uma proposta de mudança e apresentá-la às secretarias estaduais e municipais. A ampliação está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) e no Plano Nacional de Educação.

Especialista em educação infantil, Maria Isabel Leite, da Universidade do Extremo Sul Catarinense, falou sobre as necessidades e o comportamento do professor que atua com crianças. Segundo ela, quatro eixos fundamentam a educação nesta faixa etária: ludicidade, autonomia, autoria e múltiplas linguagens. “É preciso dialogar com elas para conhecê-las”, disse. O respeito às diversidades e a não imposição de idéias pelo professor são importantes. “A criança não tem que ver o que o professor quer, ela deve ter visão própria”, ensina. Para ela, é preciso desconstruir a idéia de criança-padrão, receptora passiva e alguém que não sabe nada.

Blumenau – O secretário adjunto da Secretaria Municipal de Educação de Blumenau (SC), Jaime Bachmann, falou sobre Tempo e Espaço do Ensino Fundamental. Segundo ele, a ampliação deste nível de ensino deve ser feita por mudanças não só no conteúdo, mas no tempo e espaço oferecido aos alunos. “É importante trabalhar o perfil do educador de acordo com a idade dos alunos”, diz. Desde 1998, Blumenau aumentou o ensino obrigatório para nove anos. Hoje, os três ciclos de formação que compõem a educação fundamental do município atendem a 24 mil estudantes.

Participam do encontro representantes de secretarias municipais de educação e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), além de universidades da Rede de Formação Continuada de Professores da Educação Básica.

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