Ensino ruim é a maior ameaça, diz socióloga

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A verdadeira ameaça para o futuro da democracia na América Latina, ao contrário do que muitos acreditam, não está na macroeconomia, mas na falta de investimentos na educação. A tese é defendida com números pela socióloga chilena Marta Lagos, diretora-executiva do Latinobarómetro, instituto que há 8 anos realiza pesquisas sobre a democracia nos 17 países da região.

“Os problemas da macroeconomia vêm e vão e nem sempre podem ser manejados pelos governos“, diz. “Já o investimento na educação depende só do governo e seus benefícios são irreversíveis. Quando alguém aprende, não tem mais volta.“ .

Conforme levantamentos do Latinobarómetro em 2003, o índice de mobilidade social na América Latina ainda é muito baixo. Em conseqüência, mantém-se uma perigosa combinação entre os baixos índices educacionais e o descrédito na democracia. .

Segundo Marta, 65% em média dos latino-americanos cujos pais só cursaram o primário não conseguiram ultrapassar o mesmo estágio. “Significa que 6 em cada 10 pessoas do continente só têm a educação básica e seus filhos também não avançarão além dessa etapa.“ .

Em 10 dos 17 países, incluindo o Brasil, apenas 1 entre 10 pessoas ultrapassou a formação dos pais. E mesmo os melhores colocados não apresentam dados animadores. A líder Argentina tem 19%, seguida por Venezuela (16%), Chile e Panamá (ambos com 15%). .

“É nesse universo de pessoas sem mobilidade social que encontramos os maiores críticos do regime democrático“, aponta a diretora do instituto. Pelos dados do Latinobarómetro, a democracia só tem apoio da maioria entre os cidadãos com nível educacional superior (64%) e médio (57%). O governo autoritário tem o apoio de 14% no nível superior e 19% no médio. A opção “tanto faz“ foi escolhida por 16% no superior e 20% no médio. Já nos níveis baixo (primário) e mínimo (primário incompleto ou analfabetos), a maioria é crítica ou indiferente. Entre as pessoas com baixo nível educacional, apenas 48% afirmaram preferir a democracia, 18% defenderam um governo autoritário e 27% disseram que tanto faz. E o quadro ainda é mais preocupante no nível mínimo, onde apenas 40% defenderam a democracia. Para 23% seria melhor um governo autoritário, enquanto 31% mostraram indiferença. 

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