Ensino remoto no país melhora em 2021, mas ainda está longe do ideal, mostra estudo

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A qualidade do ensino remoto melhorou em 2021, mas ainda está longe do ideal, na avaliação do estudo “Covid-19: Políticas Públicas e as Respostas da Sociedade” da Rede de Pesquisa Solidária. A nota média das redes estaduais passou de 2,7 em 2020 para 5,1 neste ano. Porém, os programas, em geral, seguem distantes da nota 10, a máxima.

— O que aconteceu no ano passado foi muito preocupante. Agora, podemos falar que o nível melhorou e estamos em um estágio moderado — afirma a cientista política Lorena Barberia, da Universidade de São Paulo, coordenadora do grupo.

Os pesquisadores desenvolveram em 2020 um Índice de Ensino a Distância (IEAD). Esta nota leva em consideração quatro fatores: acesso à educação remota (equipamentos digitais, dados de internet e apostilas impressas); formas de transmissão de conhecimento (TV, rádio, internet, etc); formas de acompanhamento de professores e da secretaria; e etapas de ensino cobertas.

— É importante entender que estamos analisando os planos, e não a implementação. Queremos mapear a intenção da política (aplicada). Primeiro entendemos o que está implementando para depois ver se há problemas na entrega — explica Barberia.

Ainda segundo o estudo, os estados com maior PIB per capita tiveram um melhor desempenho nos programas de ensino remoto em 2020. Essa dimensão está mais relacionada, por exemplo, do que fatores como a qualidade prévia do sistema educacional, de acordo com os pesquisadores.

— Houve uma mudança muito lenta na educação quando a pandemia surgiu. A impressão que dá é de que não esperavam um fechamento tão prolongado — diz a especialista.

De acordo com Luiz Cantarelli, também membro da Rede de Pesquisa Solidária, a média das redes estaduais para construir seus planos de ensino remoto foi de um mês e meio após o início da pandemia e das municipais da capital foi de dois meses e meio, chegando a cinco meses em alguns casos.

— A principal fragilidade dos planos de 2020 era no acesso, que melhorou bastante neste ano. Muitos estados passaram a garantir acesso a dados e equipamentos digitais e também a aplicativos com internet subsidiada — explica Cantarelli.

Em 2021, após um período de aprendizado para estados e municípios de aprendizado, a riqueza medida pelo PIB per capita deixou de ser a variável-chave para compreender o desempenho dos programas, e o comportamento orçamentário tomou a dianteira. Ou seja, quem priorizou a educação, melhorou.

Para Barberia, o governo federal foi diretamente responsável pela resposta lenta. Tanto o Ministério da Educação, pela falta de diretrizes nacionais para o ensino remoto, quanto o da Economia. Segundo ela, os estados foram desobrigados em 2020 de pagar os juros da dívida à União. No entanto, faltou que esses recursos fossem direcionados.

— Quando olhamos como essa fatia de recurso foi gasta, vemos que a educação não foi prioridade. O Ministério da Economia é que deveria ter coordenado como cada um deveria ter usado esse dinheiro — avalia Barberia.

Brasil se aproxima, pela primeira vez desde o início da pandemia, de uma reabertura maciça das escolas públicas. A partir de agosto, apenas uma rede estadual e três municipais entre as capitais manterão aulas apenas à distância, segundo levantamento do Vozes da Educação. O mês, que marca a abertura do segundo semestre letivo em 2021, é o começo de um longo processo de recuperação de aprendizagem após mais de 13 meses de escolas fechadas.

Enquanto as redes privadas de 11 estados funcionam desde o começo de 2021 no sistema híbrido (parte das aulas à distância, parte na escola), entre as redes estaduais apenas São Paulo e Santa Catarina viveram essa realidade.

Atualmente, sete estados têm escolas abertas na rede pública e, a partir de agosto, outros 17 retornarão. Já entre as capitais, são 12 redes municipais funcionando no sistema híbrido e mais 11 que abrirão em agosto.

No entanto, o cenário que se avizinha prevê um cenário híbrido —em que parte das aulas são feitas na escola e a outra em casa — na maior parte do país, o que mantém a necessidade de um ensino remoto de qualidade.

— E essa volta ainda não é obrigatória. Uma parcela significativa das famílias ainda não apoia a reabertura das aulas e deverá manter seus apenas no ensino a distância — afirma Cantarelli.

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