De 1980 a 2003, a participação da rede de escolas particulares no ensino médio brasileiro caiu de 46,5% para apenas 12,4%, segundo dados do Censo Escolar divulgados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). O número de estudantes que freqüentam escolas particulares caiu de 1,3 milhão em 1980 para 1,1 milhão no ano passado. O que ocorreu, no entanto, foi uma enorme expansão da rede pública de ensino médio nesses 23 anos. Em 1980, as escolas públicas atendiam a 1,5 milhão de estudantes. Em 2003, foram 7,9 milhões – incremento de mais de 425%.
Para o presidente do Inep, Eliezer Pacheco, mesmo assim, ainda há espaço para mais expansão. “Hoje, apenas 33% dos jovens de 15 a 17 anos estão matriculados no ensino médio. O restante ou está fora da escola ou está atrasado. Ou seja, tanto a rede pública ainda será fortemente demandada como a rede privada também deve ter ampliação.“ Se não houve ampliação da rede particular de ensino médio, segundo Pacheco, foi por uma questão financeira.
Para Roberto Prado, diretor-executivo do Sieeesp (sindicato das escolas particulares de São Paulo), a diminuição no poder aquisitivo da classe média tem provocado migrações dentro da rede privada -de escolas mais caras para outras mais baratas- e, em último caso, para a rede pública, gerando uma crise no setor particular e vagas ociosas.
Se, por um lado, a participação e o número de alunos da rede privada caíram, o número de escolas privadas de ensino médio aumentou: 73%, contra um aumento de 325% no setor público. Só no Estado de São Paulo, o incremento da rede privada de ensino médio foi de 145%.